PROCESSO CONTRA HIGINO CARNEIRO PODE VISAR TRAVAR A SUA ASCENSÃO POLÍTICA, ALERTA JURISTA

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O processo judicial que levou o general Higino Carneiro a ser ouvido nesta terça-feira e quarta (09 e 10.12) pela Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) poderá estar a ser usado como instrumento para limitar a sua ascensão política e impedir a sua candidatura à liderança do MPLA. A avaliação é do jurista angolano Serrote Simão, entrevistado pela DW, que considera “suspeito” o momento em que o caso avança, numa altura em que Carneiro manifesta ambições de chegar à Presidência da República.

ANNA COSTA

Apesar de o general responder por alegados crimes de peculato e burla qualificada cometidos quando governou o Cuando Cubango e Luanda, Serrote Simão admite que factores políticos podem estar a influenciar o processo. Para o jurista, a audição que estava marcada para o dia 13, antecipada para ontem, enquadra-se no procedimento normal de interrogatório, mas levanta dúvidas sobre o seu “timing”.

“Os factos não são recentes e alguns podem até estar abrangidos pela Lei da Amnistia de 2022”, afirmou, e sugeriu que a abertura do processo nesta fase pode ser interpretada como tentativa de afastar Carneiro da corrida interna no MPLA. “A forma de impedir o general de concorrer ao cadeirão máximo é justamente uma possível condenação”, acrescentou.

Segundo o jurista, o caso tem “pendor político” e o seu desfecho pode influenciar directamente a preparação das eleições de 2027, onde Carneiro poderia ser uma das figuras centrais caso avançasse como cabeça de lista. Enquanto isso, o general continua a afirmar que confia na justiça angolana, num ambiente cada vez mais marcado por leituras políticas do processo.

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