DEPUTADO LUMINGO DEFENDE DISTINÇÃO DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO COMO MELHOR ORGANIZADOR DE EVENTOS DO ANO
O deputado Lourenço Lumingo da bancada parlamentar do maior parte na oposição (UNITA) afirmou, recentemente na Assembleia Nacional, que o Presidente da República João Lourenço “merecia ser reconhecido não pela boa governação, mas como o melhor organizador de eventos musicais e desportivos de 2025”, ultrapassando nomes como Riquinho e Beto Kangamba. A declaração irónica foram feitas no momento de sua intervenção enquanto criticava as prioridades do Executivo em meio à crise económica e social que o país enfrenta
REDACÇÃO JORNAL HORA H
Para Lourenço Lumingo, o Governo tem privilegiado festividades e grandes espectáculos enquanto os angolanos lidam com dificuldades diárias. Entre os exemplos citados, destacou-se o jogo amistoso entre Angola e Argentina, com a presença de Lionel Messi, cujo custo terá rondado os 12 milhões de euros, um gasto que o deputado considera “desproporcional” face à realidade do país.
O deputado denunciou ainda falhas graves na execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) para o segundo semestre de 2025 e classificou o documento como reflexo de um Executivo “sem ideias, sem rumo e dependente do petróleo”. Segundo ele, Angola vive um ciclo de endividamento constante, “onde se gasta muito, investe-se pouco e arrecada-se ainda menos”.
A situação da TAAG foi outro ponto de forte contestação. Lumingo afirmou que passageiros têm sido obrigados a permanecer nos aeroportos por dias, e enfrentarem atrasos, cancelamentos e falta de assistência. Acrescentou que funcionários da companhia aérea estariam a controlar as reservas até Janeiro, operando esquemas de venda de bilhetes em parceria com agências de viagens.
O deputado criticou também o investimento de milhões de kwanzas nas celebrações dos 50 anos de independência, incluindo a vinda de convidados estrangeiros, o que, segundo ele, apenas tenta “maquilhar” a realidade que o país vive. Defendeu que o Executivo deve parar de atribuir culpas a terceiros, como Portugal ou figuras como André Ventura, e assumir que os problemas são resultado de decisões internas.
Lumingo mencionou igualmente a situação de Cabinda, onde, apesar de novas infraestruturas, os serviços se mantêm “precários e desumanos”, o que evidencia, segundo ele, o abandono da província pelo Governo central.
A intervenção terminou com um questionamento. “Que Angola queremos ser após 50 anos de independência?” A declaração dividiu opiniões no plenário, mas o deputado reiterou a sua posição: “O povo merece respeito, não distrações. Isto não é ódio, é verdade.”



