O SORRISO QUE ESCONDE A DOR: O SUICÍDIO NA JUVENTUDE E O SILÊNCIO DA SOCIEDADE
Recentemente, um jovem tirou a própria vida e deixou uma carta de despedida com uma frase marcante: Este não é o país que sonhei. Essas palavras ecoam a frustração de muitos jovens que, diante das dificuldades sociais, emocionais e estruturais, sentem-se perdidos e sem esperança. Essa tragédia revela o quanto o estado do país tem adoecido a juventude emocionalmente.
Vivemos tempos em que o sorriso se tornou uma máscara comum. Entre os quatro temperamentos humanos, o sanguíneo conhecido por ser extrovertido, animado e cheio de vida costuma sofrer calado. Por aparentar força e positividade, raramente é levado a sério quando está emocionalmente sobrecarregado. Diferente do melancólico, que é introspectivo, analítico e tende a refletir profundamente antes de agir, o sanguíneo pode chegar ao limite sem demonstrar sinais visíveis.
Por isso, muitas vezes, quando ocorre um suicídio, ouvimos: “Mas ele era tão alegre!” Essa é a armadilha. A sociedade se esquece de olhar além do óbvio. Em vez de observar quem chora, deveríamos também prestar atenção em quem sempre sorri.Nos filmes, é comum retratar o melancólico como o mais propenso ao suicídio, por sua personalidade sensível e silenciosa. Porém, na vida real, o mais vulnerável pode ser aquele que parece mais forte. O sanguíneo carrega o peso de manter a alegria, mesmo quando está quebrado por dentro.
A verdade é que vivemos em uma sociedade adoecida. Falta de emprego, ambiente familiar tóxico, dificuldades no acesso ao ensino, frustrações constantes e pressão para dar certo alimentam transtornos emocionais profundos. Esses fatores, somados ao silêncio, resultam em um aumento alarmante de suicídios principalmente entre os jovens.
É urgente falar sobre isso.
As escolas devem abordar mais profundamente os temperamentos, inteligência emocional e saúde mental. Precisamos parar de tratar doenças emocionais como fraqueza. A mídia deve usar sua influência não apenas para noticiar, mas para educar e alertar. O objetivo deve ser ajudar, orientar e salvar vidas.
A dor emocional pode ser tão ou mais grave que uma doença física. E, se não for tratada com seriedade, pode levar ao fim.
Falar sobre suicídio não é estimular, é prevenir. E mais do que tudo, é um ato de amor e responsabilidade social.



