BASTONÁRIA DEFENDE MAIOR FISCALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO MÉDICO VETERINÁRIO PARA GARANTIR SAÚDE PÚBLICA E SEGURANÇA ALIMENTAR
A bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários de Angola (OMVA), Carla Fernandes, defendeu, neste sábado, 01. 11, em Luanda, a necessidade urgente de reforçar o controlo sanitário, a legislação e a valorização do papel do médico veterinário no país, como forma de garantir a saúde pública e a segurança alimentar.
ANNA COSTA
A responsável falava à margem da 2.ª Conferência sobre Saúde Pública, promovida pela NaturAngola, um evento que, segundo disse, tem sido uma oportunidade importante de diálogo entre profissionais e futuros profissionais da área.
“É um espaço onde se discutem conceitos e boas práticas, o que faz toda a diferença para o futuro da medicina veterinária no país,” afirmou
No seu balanço, Carla Fernandes destacou que Angola é um país “muito jovem”, onde alguns aspectos essenciais da saúde animal ainda carecem de maior atenção, especialmente no que diz respeito à raiva, doença que continua a representar um risco para humanos e animais.
“A falta de controle da raiva animal deve-se, muitas vezes, à ausência de acções multidisciplinares e de campanhas regulares de vacinação. É preciso que haja uma maior articulação entre médicos veterinários, médicos humanos e instituições públicas”, referiu.

A bastonária alertou também para a falta de legislação clara e a escassa aplicação de normas existentes, o que dificulta o controlo das doenças e a responsabilização de falsos profissionais. “Temos assistido a casos de falsos veterinários que colocam em risco a vida dos animais e, consequentemente, das pessoas. Por isso, apelo aos proprietários a certificarem-se de que o profissional é inscrito na Ordem dos Médicos Veterinários”, advertiu.
Segundo Carla Fernandes, apenas profissionais inscritos na OMVA estão habilitados a exercer a medicina veterinária em Angola.
“Os donos dos animais devem exigir sempre a caderneta de vacinação e confirmar a assinatura e o número da cédula profissional. Evitem levar os animais a tendas ou locais de atendimento duvidosos, porque muitas vezes o que se aplica como vacina não o é de facto”, reforçou.
A dirigente recordou que a vacinação contra a raiva é obrigatória e anual, devendo ser feita apenas por veterinários reconhecidos.
“Custa cerca de 5 mil kwanzas, uma vez por ano, mas salva vidas. Quando um cão não vacinado morde uma pessoa, o tratamento humano é caro e complexo. Prevenir é mais seguro e mais económico”, frisou.
Carla Fernandes abordou ainda o papel essencial do veterinário na segurança alimentar e lembrou que “todos os dias os angolanos consomem proteína animal” e que “é fundamental garantir boas práticas na produção, transporte e comercialização desses produtos”. Para isso, defendeu que deveria haver um veterinário em todos os mercados formais e informais.
“Precisamos de mais contratação de profissionais habilitados para assegurar o controlo sanitário e reduzir as doenças de origem animal, que continuam a estar na base de muitas patologias em Angola”, salientou.
A bastonária lamentou, por outro lado, o desemprego elevado entre os médicos veterinários, apesar das carências existentes na fiscalização e saúde pública. “Somos poucos, mas temos muitos profissionais formados que continuam sem colocação. É um contrassenso num país onde ainda há tanto por fazer nesta área”, concluiu.
A OMVA tem trabalhado em parceria com o Serviço de Investigação Criminal (SIC) e outras entidades públicas para combater a falsificação de documentos e garantir que apenas profissionais devidamente credenciados exerçam a medicina veterinária.
“Quem ganha com isso é o país, são os angolanos. Porque saúde animal é também saúde pública”, disse.



