AGENTES DA POLÍCIA NACIONAL ACUSADOS DE TORTURAREM E ALVEJAR SEGURANÇAS DA EMPRESA KONDA MARTA
Três seguranças responsáveis pela proteção do espaço da empresa Konda Marta, no município do Camama, em Luanda, foram brutalmente agredidos e baleados por elementos da Polícia Nacional, segundo denúncias da direcção da empresa. O ataque ocorreu na noite de quinta-feira 30 de Outubro, e, apesar da violência, as vítimas sobreviveram aos ferimentos.
ANNA COSTA
De acordo com José Eduardo, porta-voz da área de comunicação e imprensa da Konda Marta, os seguranças foram surpreendidos por viaturas da patrulha policial, tendo sido espancados com bastões, pontapés e alvejados com armas de fogo.
Um dos seguranças foi atingido na zona lombar, acima das nádegas, e a bala permanece no corpo e aguarda intervenção médica.

Outro apresenta ferimentos profundos e inflamação no braço, resultado das agressões e de um disparo que, felizmente, não chegou a penetrar o corpo.
“Eles vieram para matar, não para fazer patrulha. Vieram mascarados, armados e com carros da patrulha. Os seguranças tiveram que lutar para sobreviverem”, relatou José Eduardo, visivelmente indignado.
Segundo a direcção da empresa, os seguranças conseguiram identificar e foram capturados sete dos catorze agentes envolvidos, que foram entregues às autoridades competentes.
Sabe-queb uma queixa formal foi apresentada à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o comandante da esquadra do Chinguari, no Talatona Sebastião Fernandes, apontado como mentor da acção.
“O comandante Sebastião tem-se comportado como dono dos terrenos. Já colocaram pessoas dentro dos condomínios que ele próprio supervisiona. Este ataque é mais uma prova de que as nossas denúncias são verdadeiras”, afirmou José Eduardo, directora e acrescentou que o espaço em disputa “está a ser vendido ilegalmente por valores que chegam a 65 milhões de kwanzas por casa”.

A vice-directora da empresa, Joana Magita, reafirmou que a equipa da Konda Marta tem sido perseguida e intimidada sempre que denuncia o caso, mas garante que a empresa não se deixará calar.
“Um dia o comandante Sebastião Fernandes vai responder pela justiça, tal como o ex-comandante de Talatona, Joaquim do Rosário, que já foi condenado. Foram eles que promoveram esta guerra pelas terras da Konda Marta”, declarou.
O presidente do conselho de administração (PCA) da empresa, Daniel Afonso Neto, reforçou que o comandante Sebastião Fernandes esteve directamente envolvido na invasão dos terrenos, e acusou-o de manter ligações com figuras politicamente expostas envolvidas na disputa o das terras.
“O Sebastião começou a promover a ocupação ilegal quando era chefe da fiscalização. Depois foi nomeado subchefe e, em 2022, passou a integrar o DIP do Xinguari. É impossível movimentar tropas especiais sem a autorização do comando-geral. Isto prova que há envolvimento do Francisco Ribas neste caso”, afirmou o PCA.
O dirigente acrescentou que há provas documentadas e testemunhais que associam o comandante à venda irregular de parcelas de terreno, e apelou à intervenção do Comando-Geral da Polícia Nacional e do Serviço de Investigação Criminal (SIC)
“Não temos medo. Estamos a lutar pelo povo e pela legalidade. Que as autoridades façam o seu trabalho e responsabilizem quem está por trás disto”, concluiu Daniel Neto.
As fontes indicam que os seguranças permanecem internados sob vigilância médica enquanto o caso segue sob investigação da PGR e do SIC.
A disputa pelas terras da Konda Marta arrasta-se há vários anos e envolve interesses privados e políticos. No local já foram construídos condomínios de luxo, que, segundo a direcção da empresa, ocupam terrenos pertencentes legalmente à Konda Marta.
A empresa afirma possuir toda a documentação que comprova a sua propriedade, mas denuncia uma rede de corrupção e tráfico de influência que tem impedido a resolução do conflito.



