“GUERRA NA ICCA”: PASTORES JÁ ESTÃO A SER OUVIDOS NO SIC E BISPO ABRAÃO ACUSA ANTUNES HUAMBO DE TENTAR ENCERRAR SUA IGREJA
O Bispo Abraão, da Igreja de Comunhão Cristã em Angola (ICCA), acusa o Reverendo Antunes Huambo, líder máximo da instituição, de estar a tentar encerrar a congregação que dirige no Kwanza Norte. O conflito, que já chegou às autoridades judiciais, ganha novos contornos após o bispo afirmar ter sido surpreendido com uma notificação que determina que a sua igreja deixasse de usar o logotipo da ICCA, sob pena de desmembramento do ministério ou desaparecimento definitivo do membro
ANNA COSTA
Em entrevista exclusiva ao Jornal Hora H, Abraão disse que a medida faz parte de uma perseguição iniciada antes mesmo de apresentar denúncias de irregularidades dentro da ICCA e disse não se preocupar com intimidações, mas que vai continuar a resolver tudo pela via da justiça.
Segundo o bispo, o Reverendo Huambo e o vice-presidente da área espiritual já foram ouvidos no processo n.º 8189/025-02, instaurado após as acusações mútuas de desvio de fundos e má gestão dentro da igreja. Abraão garante que o objectivo do seu opositor (Antunes Huambo) é que ele “vá para a cadeia ou desapareça definitivamente”.
O líder religioso explicou que, mesmo após ter aceitado orientações de fiéis para buscar uma via de negociação, as perseguições continuaram. “Fui surpreendido com uma notificação para deixar de usar o logotipo da ICCA, mas o inspector central desmentiu a informação e reconheceu-me como líder do ministério”, disse.
Abraão acrescentou que tentou o contacto com outros dirigentes eclesiásticos, como os reverendos Muque e Mário Tito, sem sucesso, e decidiu retomar o processo judicial junto do SIC-Luanda.
“Não busco litígio. Apenas defendo a congregação e quero que a obra de Deus siga em paz”, declarou e reforçou que continuará aberto ao diálogo.
O bispo lamentou também o comportamento de alguns pastores que, segundo ele, o condenaram sem conhecer os factos, depois de ouvirem as primeiras denúncias feitas a este órgão de Comunicação Social.
“Uns decidiram não diz nada, mas outros me julgaram e nem se quer queriam ver onde está a verdade, mas a mentira não prevalece por muito tempo. A justiça revelará toda a verdade”, disse.
No final, apelou aos membros do Conselho de Conservação Eclesiástica da ICCA para que promovam um encontro de reconciliação, pois no seu entender, caso as coisas continuem no mesmo ritmo, a situação pode se agravar e todos saírem a perder.
“Precisamos evitar que este problema se agrave. A obra de Deus é amor, e o nosso foco deve ser salvar almas, não dividir a igreja”, concluiu.
Partindo do princípio do contraditório, o Jornal Hora H contactou nesta quarta-feira, 29, o Director de Comunicação da referida Igreja, António Kaquenda, que apesar de ter confirmado que alguns pastores foram ouvidos pelo SIC, informou que a igreja não irá responder sobre o assunto e que “ o Jornal Hora H pode dar tratamento da informação conforme quiser”. Mostrou-se aberto para qualquer outra situação, porém reiterou o não pronunciamento sobre o caso.



