ANO LECTIVO 2025/2026 ARRANCA COM MESMOS PROBLEMAS HABITUAIS

c34adc35-af85-4730-af47-a8cf72c17261

O presidente do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, alertou para a falta de equipamentos, más condições nas escolas e dificuldades no acesso às matrículas que estão a marcar o arranque do ano lectivo 2025/2026 no país.

NDOMBI ZADIMENGA

Em declarações à Lusa, Francisco Teixeira lamentou que o ano lectivo 2025/2026 se inicie com os mesmos “problemas básicos” de há mais de cinco anos, acusando o Governo de não estar “preocupado com isso”.

Francisco Teixeira referiu que visitou recentemente escolas das províncias de Malanje, Benguela e Huambo, onde continuam a verificar-se falta de carteiras, quadros, casas de banho operacionais, água, entre outros problemas, afirmando que “não houve qualquer mudança” comparativamente aos anos anteriores.

Segundo o líder do MEA, a situação é a mesma para Luanda, a capital angolana, com escolas que “fazem chorar”.

Além da falta de condições, o número um do MEA destacou as dificuldades de matrícula, já que existem escolas com apenas 30 vagas. Assim, mais de nove milhões de crianças continuam fora do sistema de ensino.

A par das más condições das infraestruturas, Francisco Teixeira apontou igualmente a falta de materiais didáticos e da merenda escolar, lamentando que, perante este quadro, a prioridade seja o ensino de língua nacional, quando existe também um défice de 78 mil novos professores para as disciplinas antigas.

O ano lectivo 2025/2026 do ensino geral angolano foi oficialmente lançado esta segunda-feira, 01, tendo como novidade a introdução curricular progressiva, por um período de cinco anos, de línguas nacionais para as quinta e sexta classe, nomeadamente o Umbundu, Kimbundu, Kikongo, Tchokwe, Nganguela e outras.

Para Francisco Teixeira, a aposta nas línguas nacionais “é brincadeira do ministério, do Governo, e só vão continuar a distrair os distraídos”.

“Nós temos estudantes a chegar ao ensino médio sem nunca ter tido um professor de língua portuguesa, estudantes a chegarem à nona classe sem nunca pegarem num livro de matemática, de português, nunca tiveram livros, os professores têm de transcrever todo o texto no quadro para os miúdos copiarem, porque não têm livros”, realçou.

De acordo com o presidente do MEA, permanece também o problema da venda de material didático, que por lei é gratuito até à sexta classe.

“É com tristeza que nós temos de aceitar o arranque do ano lectivo nessas condições. Todos aqueles que hoje estão a fazer o arranque do ano lectivo, a falar, não têm filhos nas escolas públicas, não têm noção do que é que está a acontecer nas escolas públicas”, referiu.

“Pergunta-lhes se repararam os quartos de banho? Numa escola com três mil estudantes, das quais a maioria são meninas, como é que as casas de banho estão fechadas, como é que as casas de banho não têm água corrente, se as meninas carecem de algum cuidado especial?”, questionou.

Segundo o dirigente do movimento estudantil, apenas 12% das escolas têm água corrente e 80% delas têm as casas de banho fechadas, pelo que o estado da educação em Angola não é “a que os angolanos sonharam”.

“É a educação possível, não é a que queremos, não é a que sonhamos, estamos longe”, observou.

Você não pode copiar o conteúdo desta página