ENCERRAMENTO INESPERADO DO COLÉGIO PARA DAR LUGAR A HOSPEDARIA REVOLTA ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO NO CALEMBA 2

Encarregados de educação do Colégio Espaço Vitória, localizado no bairro Calemba 2, manifestam-se indignados com a decisão do proprietário da instituição de encerrar o estabelecimento de ensino para o transformar em hospedaria, numa altura em que faltavam apenas três semanas para o arranque do novo ano lectivo.
ANNA COSTA
Segundo relatos dos encarregados, o colégio convocou uma reunião no passado dia 9 do corrente mês, na qual comunicou aos pais e encarregados de educação que não haveria mais inscrições nem confirmações para o novo ano lectivo. No entanto, a informação de que o espaço seria adaptado para funcionar como hospedaria só foi confirmada posteriormente, já com obras em curso no recinto escolar.
“Fomos surpreendidos com obras de adaptação, sem qualquer aviso prévio. É um desrespeito com os alunos e com os pais que já estavam a preparar o regresso às aulas”, afirmou José Rodrigues, encarregado de educação de dois alunos da instituição.
A decisão está a gerar grande preocupação entre os encarregados, que agora enfrentam o desafio de encontrar novas vagas para os seus filhos em outras escolas da zona, num contexto em que muitas já se encontram lotadas.

O psicopedagogo Alcilio Manuel, ao comentar o caso, na rádio pública angolana, afirmou que, mesmo sem contrato escrito, existe um compromisso ético e social entre o proprietário da instituição e a comunidade.
“Este contrato entende-se que não precisa ser escrito como tal, mas é uma responsabilidade colectiva que o proprietário assume com a sociedade. Ao decidir encerrar a escola, ele deveria ter comunicado com antecedência e dado tempo suficiente para os encarregados encontrarem alternativas para os seus filhos”, defendeu.
O especialista alerta ainda para a frequência com que situações semelhantes ocorrem no país, principalmente com obras e encerramentos inesperados em vésperas do início do ano lectivo, o que coloca em risco o direito à educação de muitas crianças.
“Infelizmente, essa tem sido uma prática reiterada em Angola. Se o objectivo fosse fazer obras de benfeitoria, havia outros momentos apropriados. Sendo uma denúncia pública, espera-se que as entidades fiscalizadoras já estejam a apurar o caso.
O Ministério da Educação e o departamento do Ensino Privado terão certamente uma palavra a dizer, considerando o elevado número de crianças ainda fora do sistema de ensino”, concluiu Alcilio Manuel.