A ESTUPIDEZ DA PEDRA NO UÍGE: POPULAÇÃO DO BEMBE SEM ENERGIA, ÁGUA, BANCOS E ASFALTO DESDE QUE DEUS CRIOU A TERRA

4ff72709-f753-493e-b870-34ad78fbc2f7

Os habitantes do município do Bembe, na província do Uíge, denunciam a falta de água canalizada, energia eléctrica, além da inexistência de uma agência bancária, o que obriga os funcionários públicos a deslocarem-se todos os meses até à cidade do Uíge para receberem os seus salários. As viagens são feitas por estradas em más condições, o que representa um risco à segurança e à dignidade dos cidadãos.

ANNA COSTA

A denúncia foi formalizada numa carta aberta, à qual o Jornal Hora H teve acesso, enviada pelo cidadão Pedro Paka, activista e defensor dos direitos humanos, ao administrador municipal do Bembe. O documento expressa profunda indignação com o estado de abandono da região e questiona a utilidade de recentes obras anunciadas pelo governo local.

Pedro Paka critica especialmente a cerimónia de consignação da empreitada para a terraplanagem de apenas 14 quilómetros da picada entre Makoko e o rio Nzadi e classifica a iniciativa como “simbólica” e um reflexo da “má gestão e da inversão completa de prioridades”. Para o autor, tratar a terraplanagem de uma estrada terciária como progresso, após quase 50 anos de independência, é “escandaloso”.

“Não podemos continuar a aceitar obras de fachada, contratos obscuros e anúncios vazios enquanto necessidades básicas são ignoradas”, afirma o activista.

Na carta, Paka exige a divulgação imediata do contrato da obra Makoko–Nzadi, com valores e cláusulas de fiscalização;

Uma explicação pública sobre os critérios usados para priorizar essa obra; A inclusão da estrada Bembe–Songo no plano de asfaltamento com cronograma transparente;

 Um plano de emergência para resolver os problemas de água, energia e acesso a serviços bancários; A criação de um espaço permanente de escuta e consulta popular.

 “A paciência está a esgotar-se. O povo do Bembe está cansado de viver como se fosse invisível”, conclui Pedro Paka, e faz uma alerta  para o agravamento do descontentamento social se as reivindicações continuarem a ser ignoradas.

Você não pode copiar o conteúdo desta página