DECISÃO DO PRA-JA DE CONCORRER SOZINHO EM 2027 GERA REACÇÕES E CRÍTICAS NAS REDES SOCIAIS

A recente declaração do presidente do PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, de que o seu partido irá concorrer de forma independente nas eleições gerais de 2027, sem a Frente Patriótica Unida (FPU), provocou uma onda de reacções nas redes sociais, marcadas por críticas, preocupações e apelos à união da oposição.
ANNA COSTA
Entre os comentários mais destacados, Laurindo Mande, Director Nacional para os Assuntos Académicos da JURA, braço juvenil da UNITA alertou para os riscos da fragmentação política.
“É um erro irmos às eleições divididos. É preciso sentar e cumprir os acordos, sob pena do MPLA permanecer no poder”, escreveu na sua conta pessoal.
Outros internautas apontam para uma estratégia bem executada por parte do partido no poder.
“O MPLA aprendeu com a derrota eleitoral de 2022 e investiu fortemente na máxima de dividir para melhor reinar. E o elo fraco foi Chivukuvuku”, acusou um utilizador.
O histórico de alianças também foi tema de debate. Um comentarista relembrou: “Se a UNITA e o Bloco em 2022 não acolhessem o tal PRA-JÁ, com os chumbos do seu aliado de hoje, o MPLA, onde estaria?”, questionando a coerência política do líder do PRA-JA.
Há, no entanto, quem veja limitações estruturais mais profundas no processo eleitoral angolano. “Mesmo unidos, não há como inverter o quadro, tendo em conta o tipo de eleições que se realizam. Quem organiza também é competidor e nenhum outro concorrente tem acesso à sala da contagem dos votos”, escreveu um utilizador, sugerindo que sem reformas profundas, o jogo continuará desigual.
Outros apelam por vigilância e estratégia: “Devemos ter muito cuidado, porque o MPLA tem muitos partidos satélite. Na hora H, vão estragar tudo. O melhor é a UNITA estar alinhada com o Bloco e uma parte credível da sociedade civil”.
Apesar das críticas, surgem também propostas para um novo arranjo político. “Ainda é necessário promover um diálogo profundo e honesto”, apelou um internauta.
Outro levantou a questão dos símbolos partidários: “Mas a UNITA abdicar dos seus símbolos para se fazer uma coligação de facto custa tanto assim?”
A postura da UNITA também foi posta em causa, com acusações de não cumprir com os compromissos.
“Tiveram acordo de 20% e a UNITA, tão ambiciosa como é, apenas honrou 6%. Fazem uma coligação de verdade para eliminar as cores partidárias e eleger um presidente em congresso… Ninguém pode unir-se com a UNITA, porque a UNITA é lobo com pele de ovelha”, criticou um utilizador.
O cenário político rumo a 2027 começa, assim, a desenhar-se com tensões, divisões e um debate aceso sobre as estratégias da oposição, num contexto em que a unidade é cada vez mais reivindicada por sectores da sociedade civil e militância partidária.