O deputado da UNITA e Secretário-Geral da JURA, braço juvenil do partido, Nelito da Costa Ekuikui, fez duras declarações durante uma entrevista concedida na quarta-feira, 30 de Abril, na TV Hora H, onde questionou o real poder do MPLA e defendeu uma urgente reestruturação das instituições do Estado angolano.

ANNA COSTA

Nelito Ekuikui afirmou que há uma “percepção falsa” de que o partido no poder detém força política incontestável, quando, na sua visão, o MPLA é “o elo mais fraco” dentro da conjuntura nacional. “Nós, no final do dia, legitimamos este falso poder do MPLA. Damos muito poder ao MPLA, um poder que ele não tem”, declarou o dirigente juvenil.

Para o parlamentar, é necessário que a oposição e a sociedade civil desafiem essa percepção e imponham uma nova agenda nacional. “O MPLA não pode estar, e nem deve estar, acima da Constituição. Eu não aceito que alguém me diga isso”, reforçou.

Ekuikui acusou o MPLA de instrumentalizar as instituições do Estado para promover interesses partidários, defendendo que o foco da luta política já não deve ser o partido em si, mas as instituições que, segundo ele, foram “partidarizadas”. “O nosso adversário hoje já não é o MPLA, são as instituições”, sublinhou.

O deputado defende que entidades como o Tribunal Constitucional e a Comissão Nacional Eleitoral devem ser compostas por pessoas com “autoridade moral, integridade e incorruptibilidade”, capazes de interpretar e defender o verdadeiro interesse do povo angolano.

“A única forma de termos um país com rumo para o desenvolvimento é garantir que as instituições estejam ao serviço do povo e não de partidos”, concluiu.

As afirmações surgem num momento em que o debate sobre a independência e a reforma das instituições públicas em Angola volta a ganhar força, especialmente entre partidos da oposição e movimentos da sociedade civil.

As declarações de Nelito Ekuikui foram feitas no programa de grande entrevista da TV HORA H, denominado, Especial Hora H, com a duração de 1hora e 30 minutos, realizado quinzenalmente e visa dar voz e rosto às várias personalidades angolanas.