Os habitantes de Xá-Muteba denunciaram uma crescente sensação de insegurança no município desde que o comandante Nhanga assumiu o cargo. De acordo com os moradores, a cidade tem sido controlada pela administradora local e pelo próprio comandante, com a população sem acesso a protecção e apoios adequados.

ANNA COSTA

Segundo uma denúncia pública dirigida ao Ministério do Interior, Comando Geral, IGAE e Governo Provincial da Lunda Norte, os sobas da regedoria de Ngonga Ngola, que alegam não serem ouvidos pelas autoridades locais, planejam realizar uma marcha até o Dundo, sem roupas, em protesto contra a situação.

Segundo eles, “ o comandante Nhanga tem demonstrado atitudes autoritárias e desrespeitosas” desde que assumiu a função interinamente, na ausência da ex-administradora. O líder local teria, segundo os manifestantes, “provado o mel” e agora desconsidera as autoridades judiciais, agindo com total desdém.

Nhanga, segundo as acusações, confia no apoio de figuras influentes, como o ministro do Interior, o comandante-geral da Polícia Nacional e outros altos quadros do partido.

Além disso, há questionamentos sobre a autoridade do comandante municipal em questões que deveriam ser decididas por órgãos judiciais. Ele é acusado de tomar decisões sobre conflitos territoriais, definindo quem pode operar no município, inclusive no sector de segurança privada.

“Senhor ministro do interior, afinal o desarmamento das empresas de segurança serve para enfraquecer a reacção das mesmas e com isso o comandante Nhanga usar os meios técnicos e humanos da polícia nacional e fazer os seus negócios? O comandante municipal tem a competência para decidir situações acima dos órgãos de justiça?” questiona a denúncia.

 De acordo com a denúncia, em diversas localidades de Xá – Muteba e áreas vizinhas, ele é que está a promover o garimpo. Põe as suas tropas em conflito com as empresas de segurança, prende arbitrariamente “ e depois já sabem, uma zona desguarnecida é festa para o garimpo”, disse a fonte.

As instituições responsáveis, como o SINSE, a IGAE e a Inspecção da Polícia, já têm conhecimento das denúncias, mas a sensação entre os moradores é de que a situação continua sem solução. “ Se o comandante Nhanga realmente detém tanto poder, acumulando as funções de polícia, procuradoria e tribunal, sua posição parece estar, para muitos, bem protegida”, disse a fonte.