ACÇÕES DO GOVERNO SÃO INCAPAZES DE RESOLVER PROBLEMAS DOS CIDADÃOS, DIZ NOVO PRESIDENTE DO CIDADANIA

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O antigo ministro das Finanças e agora presidente do partido Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de Angola, Júlio Bessa, disse, no discurso de tomada de posse, no sábado, 8, que as acções do governo não têm sido capazes de resolver os problemas dos cidadãos por se priorizar despesas que permitem apenas o enriquecimento de alguns.

REDACÇÃO JORNAL HORA H

O também antigo governador do Cuando Cubango, no período de 2019 a 2022, referiu, ainda, que o governo não tem sido transparente na sua execução porque priorizam, igualmente, adjudicações directas às empresas em que os governantes têm interesse e, por isso, não tem havido escrutínio.

“Com isso, não temos o capital humano necessário, as infraestruturas são inexistentes, inoperantes, deficientes ou ineficazes; há muito burocratismo na administração pública e a corrupção é elevada”, disse.

Júlio Bessa afirmou que este cenário só é possível porque em Angola não é, de facto, um Estado de Direito, tão pouco democrático, pois, diz ele, que os direitos civis e políticos não estão inteiramente garantidos, os poderes não estão efectivamente separados, não funcionam mecanismos de freios e contra-pesos e não há plena liberdade económica.

Por isso, do ponto de vista político-institucional, garantiu que o seu partido vai trabalhar para a adequação da Constituição da República no sentido de assegurar a plena separação de poderes, o funcionamento dos mecanismos de freios e contra-pesos, o exercício pleno dos direitos civis e políticos pelo cidadão e da liberdade económica.

“Do ponto de vista das políticas públicas do nosso futuro programa, o foco emergencial será a eliminação da fome e da miséria, enquanto o foco permanente será o do combate à pobreza e o aumento progressivo da prosperidade dos cidadãos, a alcançar com crescimento económico robusto e sustentado, suportado por medidas: no domínio do capital humano, da equidade, da saúde e assistência médica e medicamentosa, da educação, ensino e capacitação profissional, da habitação, da mobilidade e do acesso ao emprego e aos meios económicos”, falou Júlio Bessa, descortinando quais políticas o seu partido privilegiaria, caso fosse governo nas próximas eleições.

O político referiu que o partido CIDADANIA pretende lutar por tudo o que possa dar dignidade ao cidadão, projectando, assim, para os próximos 15 a 20 anos medidas e acções que ajudam a cuidar do saneamento, a aproveitar e usar a água abundante dos rios do país, fazer chegar a energia eléctrica até ao último cidadão do país.

Na ocasião, Bessa recordou, ainda, aos membros do seu antigo partido (MPLA) que, aceitando ou não, Jonas Savimbi, Holden Roberto e Agostinho Neto, são os três pais e heróis da independência angolana e não simplesmente o Agostinho Neto como MPLA tenta fazer crer.

O ex-ministro das Finanças sublinhou que já está na hora de trazer a família do ex-Presidente José Eduardo dos Santos para Angola, por uma questão de consideração e gratidão. “Em África, quando a família não enterra o seu defunto, não se enterrou. Portanto, José Eduardo, para os nossos mais velhos religiosos, ainda não está enterrado. Precisamos perdoar a família”.

Júlio Bessa foi eleito o presidente do partido Iniciativa de Cidadania para o Desenvolvimento de Angola durante a I Convenção Nacional Ordinária realizada no sábado, 8 de Março, em Luanda, onde foi, igualmente, eleito como vice-presidente o ex-director geral da ELISAL, Afonso de Antas Miguel. Ambos já renunciaram a militância do MPLA.

Recorda-se que, em Setembro de 2021, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tinha aberto um inquérito para apurar a autenticidade de uma dívida de 439,5 mil milhões de kwanzas em que envolvia Júlio Bessa, como o então governador do Cuando Cubango, reclamada pela empresa Angoskima Lda. pelo fornecimento de bens diversos ao governo da província entre 1992 e 1997, dívida que terá sido validada pelo governo local.

Uma situação que, certamente, lhe custou o afastamento na liderança do província e da tentativa de concorrer como primeiro secretário do MPLA no extinto Cuando Cubango.

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