EX-DIRECTOR DA COBALT ANGOLA DENUNCIA SOBREFACTURAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO TERMINAL OCEÂNICO DA BARRA DO DANDE

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O especialista em petróleo e ex-director da Cobalt Angola, António Vieira, denunciou, através da Rádio Essencial, a existência de uma sobrefacturação na construção do Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD), o maior centro de armazenamento de combustíveis do país, um dia após a inauguração do Presidente da República João Lourenço.

REDACÇÃO JORNAL HORA H

A infraestrutura, que teve o início em 2012 sob a presidência de José Eduardo dos Santos, sofreu uma sobrefacturação, saindo de 250 milhões de dólares para 700 milhões USD, quando foi retomada em 2018, já na época do actual Presidente, segundo as declarações do especialista.

“O conceito e a ideia de Terminal Oceânico subiu, em princípio, com a Isabel dos Santos, antes dela passar para Sonangol. Nessa altura, o processo deveria custar entre 200 a 250 milhões. Como o preço aumenta para 700 milhões? É qualquer coisa que eu não compreendo. Portanto, é uma despesa que surge muito acima do valor real, em que dão impressão que houve partes que se beneficiaram das oportunidades. Nada justifica esse valor, é exagerado. Está fora de qualquer nível de aceitação”, disse António Vieira.

O ex-director da Cobalt Angola manifestou a preocupação do governo entregar às rédeas de um terminal de tal calibre às mãos privadas, que em vez de ser atribuído à Sonangol, foi encaminhado para Enagol, uma empresa que até ele próprio desconhece a origem e os verdadeiros donos dela. Por isso, defende, que o TOBD deveria estar sob o controlo da Casa de Segurança da Presidência da República.

“A pergunta que eu faço neste momento, é que em princípio este era um projecto que deveria estar atribuído à Sonangol, por ser a distribuidora, mas na ficha está registado como uma nova empresa Enagol (Energias de Angola), quem é Enagol? Quem são os donos da Enagol? Pertence ao governo angolano? São perguntas que se faz e que se deveriam ser expostas ao público, mas não se fala nada sobre isso”, inquietou-se.

“É um projecto nacional, trata-se da defesa dos interesses nacionais. Eu não vejo razão nenhuma para estar na mão de uma empresa privada. Imagine dono da empresa acorda maldisposto, fecha às torneiras, o país fica fechado. Para mim, não faz sentido. Isso deveria estar nas mãos de uma empresa estatal. Tem que haver um controlo da parte do Estado. Por se tratar de reservas do Estado, deveria estar nas mãos da Casa de Segurança da Presidência da República”.

Refira-se que, o Terminal Oceânico da Barra do Dande foi inaugurado no dia 10 de Fevereiro do corrente ano, na província do Bengo, pelo Presente da República João Lourenço. Conta com uma capacidade de armazenamento de 580 mil metros cúbicos de gasolina e gasóleo e 102 mil metros cúbicos de gás.

Segundo as informações da presidência da República, esta infra-estrutura estratégica irá albergar, numa primeira fase, 29 tanques de armazenamento no terminal com uma ponte-cais de mil e 700 metros para receber navios de grande porte.

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