CONFLITO NA CORTE REAL QUINGURI KIA-KONDE LEVA CASSANGE PONGO REIVINDICAR SEU DIREITO DE REI

O conflito na Corte Real Quinguri Kia-Konde, marcado pela usurpação do mais alto cargo da tribo Imbangalas, que já perdura desde 2006, na província da Lunda-Norte, no município do Xá-Muteba, tem levado Cassange Pongo a reivindicar os seus direitos diante dos órgãos do Estado e das empresas de comunicação social do país, como o verdadeiro legítimo dono do trono daquela corte.
REDACÇÃO JORNAL HORA H
A reinvindicação foi feita pelo próprio Cassange Pongo à equipa do Jornal Hora H, nesta quarta-feira, 5, onde adiantou que a usurpação foi efectivada pelo filho do antigo rei, Alex Aspirante Cambamba Kulaxingo.
O poder naquele reino é matriarcal, passado de tio para sobrinho e não de pai para filho, logo, com a morte do anterior rei, os poderes ou o título de rei, localmente designado por “Kulaxingo” deveriam ser transferido ao Cassange Pongo, na qualidade de sobrinho mais velho e quem, quando o antigo rei estava em vida, o acompanhava em todos eventos, dando sinais de preparação ao reinado.
Nas instâncias, Cassange Pongo afirmou que a ocupação forçada de Alex Cambamba ao cadeirão máximo da tribo deve-se a interesses económicos, uma vez que muitas empresas de exploração de diamantes recorrem ao rei do reino para a autorização das suas atividades, ficando, portanto, o rei, no caso Alex, com alguns benesses financeiros. Destas empresas, a que ganhou destaque foi o Projecto Mineiro Milando, pertencente ao empresário Adolfo Pinto Muteba, quem também tem sido uma espécie de guardião ao Alex.
“O Projecto Milano, do próprio empresário Adolfo Muteba, é a que tem trazido o maior problema, vamos dizer, um braço de protecção do próprio Alex, do ponto de vista financeiro”, sublinhou.
“Não vamos aqui querer dar curvas, ele faz isso por causa do diamante. Porque ele alia-se a certos empresários que vão lá na zona, ocupam terras, sem o consentimento prévio, sem passar pelos procedimentos legislativos que o próprio Ministério dos Recursos Humanos e o Estado estabelecem para se adquirir um título de exploração. Não respeitam os donos do terreno, no caso, os Sobas, muito menos os donos das terras que praticam a sua agricultura, de onde provém o sustento. Ninguém pode ser visto em qualquer sítio com uma enxada ou outra coisa, vão pensar que esteja ali a querer cavar diamante. Então, os seguranças dessas empresas espancam pessoas. Ainda assim, tanto o governo provincial como o local, mesmo a par dessas ocorrências, nada fazem e dizem, bem como na televisão e na rádio”, disse.
Reforçou, por isso, que Alex Aspirante Cambamba, que acrescentou o sobrenome Kulaxingo, para realçar o estatuto de rei, só aparece no reino por questões de interesse pessoal. O reinado de Alex é caracterizado por mortes, injustiças, apropriação de terras, corrupção e outros. Todavia, a população busca tirar a satisfação diante do Cassange Pongo, porque acredita que ele seja o verdadeiro rei e, por isso, se explicar por tudo que acontece na comunidade.
O implicado referiu também que já recorreram ao governo provincial, na altura liderado por Ernesto Muangala, contudo, sem êxitos, pois, o “usurpador de cargo” já tinha conquistado a simpatia do então governador.
Nesta altura, Cassange Pongo, diante de mais dois elementos da Corte Real Quinguri Kia-Kondo, através do Jornal Hora H, reforça ao reino e ao país que só existe um Kulaxingo, tratando dele próprio, e não do Alex Aspirante Cambamba, como se faz crer diante das câmeras.