OS TRAIDORES DA REVOLUÇÃO E O PREÇO DA UNIDADE – HITLER SAMUSUKU

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Na história dos grandes movimentos revolucionários, os traidores sempre tiveram um papel decisivo – não pela sua força ou estratégia, mas pelo estrago que causam na confiança e na unidade. Joseph Stálin, com seu pragmatismo cruel, dizia que não se faz revolução sem fuzilamentos, e Fidel Castro sintetizou isso no famoso “paredão”.

Jonas Savimbi, por sua vez, apelava aos “maninhos” para não atrapalharem a marcha. Mas o que fazer quando as traições vêm de dentro, quando os “maninhos” se transformam em aliados dos adversários?

O caso de José Pedro Katchiungo, ex-dirigente da UNITA, é emblemático. Candidato derrotado no XIII Congresso Ordinário do partido, onde obteve apenas dez votos – um resultado humilhante para qualquer liderança –, Katchiungo não aceitou a derrota como um passo no amadurecimento democrático interno. Em vez disso, optou por atacar Adalberto Costa Júnior, líder legitimado pela maioria, recorrendo ao Tribunal Constitucional para inviabilizar as decisões do partido.

A história o julgará como mais um dos que se deixaram seduzir pelo canto das sereias do poder alheio. Há relatos de que ele se aproximou de estruturas de defesa e segurança do regime, um movimento que muitos interpretam como traição não apenas à UNITA, mas à causa do povo angolano. Num momento em que o país luta pela alternância política e pela construção de uma Angola melhor, Katchiungo escolheu a rota da desestabilização.

Se o “paredão” não é mais uma opção – e ainda bem que não é –, a UNITA demonstrou maturidade ao suspender o militante, de forma estatutária, preservando os valores de disciplina e união. Porém, o retorno de Katchiungo, agora com exigências e ares de inocência, levanta uma questão: até que ponto se deve confiar novamente em quem traiu?

A UNITA, enquanto partido, enfrenta um dilema semelhante ao de muitos movimentos políticos históricos: como lidar com os seus “filhos pródigos”? Para a militância, a resposta parece clara. Antes de pensar em voltar aos cargos que ocupava, Katchiungo deveria reconhecer seus erros publicamente, demonstrar arrependimento genuíno e trabalhar pela reconstrução da confiança. Só assim, talvez, pudesse mostrar que ainda tem algo a oferecer à luta colectiva.

Adalberto Costa Júnior, líder que simboliza a esperança de muitos angolanos, tem um desafio imenso pela frente. Em tempos de luta pela alternância e pela construção de uma Angola democrática, é preciso identificar e neutralizar as ameaças internas que sabotam o progresso. José Pedro Katchiungo não é o primeiro nem será o último a trair os ideais revolucionários, mas a história nos ensina que revoluções não se fazem sem disciplina e coragem.

Traidores da revolução não apenas enfraquecem o movimento, mas também alimentam a opressão. Para que o povo angolano alcance o sonho de liberdade e justiça, é necessário que os líderes da UNITA sejam firmes, defendendo os ideais do partido contra aqueles que preferem servir a interesses próprios ou alheios. Como dizia Savimbi, “os maninhos devem caminhar juntos”. Quem escolhe o lado oposto que arque com as consequências.

Por Hitler Samussuku.

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