FRACO DESENVOLVIMENTO DA PROVÍNCIA DE MALANJE OBRIGA À POPULAÇÃO “EMPURRAR O COMBOIO COM OS DENTES”

A melhoria do bem-estar dos cidadãos, a redução das desigualdades e da pobreza, a promoção do nível de desenvolvimento humano são condições essenciais para o progresso económico e social que não são visíveis na província de Malanje.

ANA MENDES

Os investimentos públicos em infraestruturas não estão, cada vez mais, concentrados nos projectos estruturantes com a natureza de bens públicos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e para a diversificação da economia.

O conflito armado e as suas consequências directas e indirectas continuam a ser apontados como as causas principais para o elevado índice de pobreza que caracteriza a população angolana.

Uma desculpa que os habitantes locais já não consideram, uma vez que já passaram 22 anos de paz efectiva, que deveriam ser franco desenvolvimento.

As dificuldades sociais continuam a afectar as famílias dos principais centros urbanos e das comunidades rurais da província angolana de Malanje.

“O Governo local, face as suas fracas políticas de desenvolvimento, hoje obriga-nos a empurrar o comboio com os dentes, como dizia o falecido líder da UNITA, Jonas Savimbi”, é assim que os malanjinos já aflitos dizem.

As autoridades religiosas e tradicionais de Malanje estão preocupadas com a falta de escolas e vias de acesso na província. A população está já a abandonar o interior à procura de melhores condições nas cidades.

A província de Malanje, parece não estar ainda na rota do crescimento, como outras províncias do País. 

“Malanje é rica em diamantes, tem terras férteis e detém uma das maiores barragens hidrelétricas de África, para além de belezas naturais como a palanca negra gigante, espécie única no mundo, neste momento é um decepção”, lamenta o munícipe, Jorge Kianga Gonga.

Segundo este cidadão, a exiguidade de hospitais e fraca capacidade de distribuição de energia eléctrica estão entre os problemas com que as populações dos municípios do interior da província de Malanje se deparam.

“São várias as dificuldades, relacionadas com o fornecimento de energia eléctrica, e vias de comunicação.

Nós vimos que a própria província tem duas barragens, e nessas duas barragens geralmente a própria província devia estabelecer energias para os municípios, os bairros as comunas todas províncias inteiras devia ter energia”, referiu o sociólogo Armando Guedes Mambo.

Face as dificuldades que a província atravessa, a população pede a exoneração em bloco do Governo local, que pouco ou nada faz sobre o desenvolvimento da região.

“Sinceramente o Governo provincial de Malanje tem que demitir – se em bloco, várias reuniões não resolvem em nada”, acrescenta o saneamento básico tem de ser uma das prioridades porquê a cidade está muito suja, as empresas de recolha de lixo não se faz sentir em alguns bairros nomeadamente Ritondo, Canambwa,Maxinde, enfim.

Actualmente, com a chegada das chuvas, milhares de pessoas estarão retidas, porque as vias que dão acesso aos municípios estarão completamente intransitáveis devido às chuvas.

Entretanto, com as entradas e saídas bloqueadas, diversos produtos que só são adquiridos na sede provincial começam a escassear e os preços subiram em flecha.

Além disso, grandes quantidades de alimentos estão a apodrecer, porque não podem ser escoados, e isso traz grandes prejuízos aos camponeses.

De acordo com os habitantes “urge e se impõe quanto mais rapidamente possível o governo provincial se situe com o governo central a arranjar as vias rodoviárias que ligam Malanje aos municípios, fundamentalmente ao município de Kambundi-Katembo”.

Para o ancião, Domingos Zua, a missão de um político é criar oportunidades e não dificuldades ao povo.

“Não podemos continuar a transmitir a pobreza de geração em geração como se fosse uma doença hereditária. A maior parte da população da província é pobre”, lamentou salientando que o político que não quer compreender a frustração deste povo não é digno do cargo que ocupa.

“Agora é o Governo com este sofrimento as mandar empurrar o comboio com os dentes”, lembra fazendo referência ao falecido líder da UNITA, Jonas Savimbi.

O governador de Malanje, Marcos Nhunga, reconhece que o País alcançou avanços em vários domínios da vida sócio-económica, com particular realce para o desenvolvimento da agricultura.

O responsável máximo da província, que falava durante o acto central dos 49 anos da Independência, manifestou satisfação pelo facto de Malanje ter sido eleita para albergar a cerimónia central.

A nível da província, disse, foram definidos os sectores da Agro-pecuária, realçando os cuidados primários de saúde e as principais acções no quadro do combate à fome e à pobreza.

“Vamos tudo fazer para que mais famílias dediquem ao cultivo daquilo que consumimos todos os dias”, reforçou o governante.

O governador destacou, sobre os ganhos da Independência, a aprovação dos 400 quilómetros de asfaltagem de estradas intermunicipais, considerando uma mais-valia para a província a acessibilidade, energia e água, bem como as infra-estruturas de base, que vão permitir relançar o desenvolvimento local.

A província de Malanje,  situada no planalto norte de Angola,  tem uma extensão   de 97.602 Km2 e uma população de cerca de 986.363 habitantes, segundo censo de 2014.

É constituída por 14 municípios, nomeadamente  Cacuso, Cahombo, Calandula, Cambundi-Catembo, Cangandala, Kiwaba Nzoji, Kunda-Dya-Baze, Luquembo, Malanje, Marimba, Massango, Mucari, Quela e Quirima.

Malanje é limitada a norte pela província do Uíge e pela República Democrática do Congo, a sul pela província do Bié, a leste pelas  províncias da Lunda Norte e Lunda Sul, a oeste pelas províncias do Cuanza Norte e Cuanza Sul, respectivamente.

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