ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS DISPOSTAS AJUDAR A PGR A REVELAR NOMES DE GENERAIS E COMISSÁRIOS DA POLÍCIA NACIONAL ENVOLVIDOS NO CONTRABANDO DE COMBUSTÍVEIS
Mais de 15 organizações não governamentais nacionais, vão ajudar a Procuradoria-Geral da República (PGR), a identificar nomes de generais, comissários e outras figuras influentes, denunciadas pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado, que estão envolvidas no contrabando de combustível na província do Zaíre.
FRANCISCO MWANA ÚTA
Uma fonte destas organizações não-governamentais, disse a este jornal, que já possuem nomes de alguns generais e comissários da Polícia Nacional, esperando apenas o trabalho que esta a ser feito na província do Zaire, para identificar as autoridades governamentais e tradicionais locais, envolvidas neste contrabando.
“A nível dos generais e comissários da polícia, nós já temos nomes das pessoas envolvidas. Agora, estamos a espera do trabalho que está a ser feito na província do Zaire para identificarmos os membros do Governo local e autoridades tradicionais envolvidos no negócio”, acrescentou a fonte.
“O ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, fez a denúncia e não avançou nomes. Por isso, tratando-se de uma situação que arruina a nossa economia, nós vamos ajudar identificar as pessoas”, acrescentou.
Recentemente, o governador da província do Zaire fez a denúncia na presença do Presidente da República, João Lourenço, que se deslocou em serviço àquela província no dia 28 de Agosto, sobre o contrabando de combustíveis.
Adriano Mendes de Carvalho solicitou, na ocasião, o apoio do Presidente da República para se pôr cobro ao contrabando de combustível feito naquela província do Norte do país, cujo destino principal do produto é a República Democrática do Congo.
O governador disse que o contrabando de combustível está a dificultar o desenvolvimento económico e social da região e a afugentar os potenciais investidores. “Rogamos o seu melhor apoio e atenção, porque não haverá desenvolvimento, se continuarmos nesta senda de contrabando”, acentuou, na altura, Adriano Mendes de Carvalho.
Na região Norte, entre as províncias do Zaire e de Cabinda, passa cerca de 80 por cento do contrabando de combustível, segundo o ministro de Estado, revelando que o volume recolhido, oficialmente pelas forças da ordem na província do Zaire, ronda entre 600 e 700 mil litros de combustível por mês.
Questionado se os contrabandistas e traficantes têm a protecção de altas patentes das forças de defesa e segurança, Francisco Furtado disse estarem identificados alguns casos do envolvimento de governantes, antigos governantes, oficiais generais, comissários, oficiais de outros níveis, autoridades tradicionais, autoridades administrativas municipais e provinciais.
O ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República anunciou que os contrabandistas de combustíveis vão receber o mesmo tratamento dado aos indivíduos envolvidos no garimpo de diamantes, em que mais de 80 pessoas foram notificadas, entre os quais efectivos das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional, que estão a ser julgados pelos tribunais, depois de perderem os cargos e postos.
A alta do preço do combustível em países que fazem fronteira com Angola tem alimentado o contrabando, sobretudo para a República Democrática do Congo, onde o preço da gasolina e do gasóleo chega a estar cinco a seis vezes mais alto, comparativamente ao preço praticado em Angola.