Ascensão ao Poder: João Lourenço, também conhecido como JLO, ascendeu ao poder em 2017, assumindo a presidência de Angola e a liderança do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Desde então, o seu percurso político tem sido marcado por várias fases distintas. No início do seu mandato, JLO viveu os melhores momentos da sua carreira política, ganhando o apelido de “exonerador” devido às suas ações decisivas para afastar figuras influentes do regime anterior. Este período foi caracterizado por uma tentativa de distanciamento das bases tradicionais do MPLA, numa clara demonstração de autonomia e vontade de reformar o partido e o país.
As Fases de João Lourenço no MPLA como Presidente
O “Exonerador”
No primeiro ano de mandato, JLO adotou uma postura de firmeza, promovendo mudanças significativas nas estruturas governamentais e partidárias. Este foi o momento em que João Lourenço ganhou o respeito e a confiança de muitos angolanos que ansiavam por mudança e transparência. No entanto, esta fase de exonerador também trouxe desafios internos, pois criou tensões com a velha guarda do MPLA, que se sentiu ameaçada pelas suas ações.
Moderação e Luta Contra a Corrupção
A segunda fase do mandato de JLO foi marcada por uma moderação nas suas ações, especialmente na luta contra a corrupção. Apesar das promessas iniciais, a campanha anticorrupção não alcançou os resultados esperados. Os obstáculos eram numerosos e JLO encontrou-se numa encruzilhada difícil. A falta de sucesso nesta área crucial levou a um recuo nas suas iniciativas, resultando numa crescente desconfiança por parte da base antiga do MPLA e da população em geral.
Desafios Internos
O fracasso percebido na luta contra a corrupção deteriorou a imagem de JLO, tanto internamente no partido como externamente entre os cidadãos. Esta perda de confiança complicou ainda mais a sua posição, forçando-o a reconsiderar e reformular as suas estratégias.
A Terceira Fase: Sobrevivência Política
Desde as últimas eleições (2022), JLO entrou na terceira fase do seu mandato, que tem sido caracterizada por uma luta pela sobrevivência política. Abandonando visões mais amplas de governo, JLO focou-se em ações de sobrevivência e na exploração de opções para o pós-presidência.
Conflitos e Acusações
Nos últimos meses, as discordâncias internas sobre o próximo congresso do MPLA, que terá como foco eleições livres para encontrar o futuro presidente do partido, tornaram-se a missão principal de JLO. As acusações feitas contra veteranos do MPLA, como Dino Matross, Higino Carneiro e Nando, evidenciam a luta desesperada de JLO para assegurar um destino seguro após a presidência.
Opções Estratégicas
Entre as opções consideradas por JLO, destaca-se a revisão da constituição interna do MPLA para permitir a sua continuidade na liderança do partido. Em outras palavras, ele planeja sair da presidência do país e aparecer como presidente do MPLA, mantendo assim uma influência indireta mas significativa sobre o governo. Outra estratégia possível é propor alterações profundas na constituição do país, criando um tumulto nacional que possa justificar o prolongamento das eleições. Finalmente, há a opção de incentivar um desgaste social na população, instaurando uma instabilidade social generalizada que possa ser usada como pretexto para alterar o calendário eleitoral.
Conclusão
João Lourenço enfrenta um momento crítico na sua carreira política. O seu mandato, inicialmente promissor, foi marcado por desafios e reviravoltas que o levaram a uma luta constante pela sobrevivência. As suas ações nos próximos meses serão decisivas não apenas para o seu futuro, mas também para o futuro do MPLA e de Angola. A capacidade de JLO de navegar por estas águas turbulentas determinará se ele poderá consolidar o seu legado ou se se encontrará relegado às margens da história política angolana.