EXECUTIVO ANGOLANO “IGNORA” ONGS QUE EXIGEM DECLARAÇÃO URGENTE DE UM ESTADO DE EMERGÊNCIA PARA RETIRAR MILHARES DE ANGOLANOS QUE ALIMENTAM-SE NOS CONTENTORES DE LIXO
O Executivo angolano não quer saber dos apelos das organizações não-governamentais nacionais, que exigem que face à fome e à miséria que assola milhões de angolanos, se declare um Estado de Emergência.
FRANCISCO MWANA ÚTA
O Executivo angolano diz que no mês de Julho deste ano, já apresentou nas Nações Unidas bons indicadores do combate a pobreza e fome. Os números do Governo indicam que mais de um milhão de famílias já beneficiaram do programa de Fortalecimento e Transferências Sociais Monetárias.
Os dados foram apresentados pelo Secretário de Estado para o Planeamento, Luís Epalanga, no fórum político de alto nível do Conselho Económico Social das Nações Unidas que decorre em Nova Iorque nos Estados Unidos da América.
Os partidos políticos da oposição e a sociedade civil defendem que o Executivo declare “urgentemente” um estado de emergência no País, devido à fome e à miséria que leva milhares de angolanos à procura de comida nos contentores, sobretudo nas principais cidades.
Os políticos e membros da sociedade civil entendem que, esse é o “caminho certo” para o País ter acesso à ajuda da comunidade internacional.
“As mentes de milhares de angolanos em vários lares já não funcionam devidamente devido à fome”, disse o vice-presidente da segunda comissão especializada da Assembleia Nacional, pela UNITA, Joaquim Nafoia, frisando que o País está no fundo do posso.
“Para a UNITA, é urgente que o Executivo decrete o estado de emergência, para que a comunidade internacional dê um apoio”, acrescentou.
De acordo com o deputado, é “muito grave”, o que acontece no País, quando um camião carregado de bens alimentares avaria, é alvo de assalto por parte de cidadãos.
“O aumento exponencial da fome e à miséria no País obriga as pessoas agirem desta maneira, o que é muito triste”, referiu Joaquim Nafoia sublinhando que as políticas de diversificação da economia no País não são eficientes.
O secretário-geral do PRS, Rui Malopa, entende que o Governo angolano não pode continua a resistir aos sucessivos apelos da sociedade para declarar o estado de emergência no País, devido à fome e à pobreza.
“Reconhecemos os passos que o Executivo tem vindo a dar no sector da agricultura no País, mas a situação continua a piorar. Por isso, um estado de emergência decretado pelo Executivo, ajudaria aliviar à fome no País”, acrescentou.
Na sua opinião, a seca e a fome continuam a castigar a população do sul de Angola, onde o preço alto dos alimentos está agora a dificultar ainda mais o acesso a comida.
“Não é digno termos os contentores de lixo como principais fontes de sustento. O Executivo têm que contornar esta situação”, concluiu.
O presidente da Associação Mãos Livres (AML), Guilherme Neves, disse que o Executivo não presta atenção aos apelos das organizações não-governamentais, que insistem numa declaração de estado de emergência sobre à fome e à miséria no País.
“O combate à fome e à pobreza passa pela adopção de políticas públicas consistentes e duradouras, que estimulem a produção interna. Quando há dificuldades há dificuldades para concretizar esses objectivos, o Executivo deve recorrer à comunidade internacional ajudar ajudar”, disse.
Comerciantes de várias cidades do País, estão preocupados com assaltos dos seus camiões que transportam bens alimentares pelas ruas e estradas.
“Caminhões lotados de produtos diversos em andamento, são assaltados. Mesmo com os disparos do segurança o povo não se intimida”, disse ao Novo Jornal, Ibrahim Conte, proprietário de um armazém de bens alimentares no Golf II.