GOVERNADOR ADRIANO MENDES DE CARVALHO APRESENTA AO PR O ESTADO REAL DO ZAIRE

“Contrabando de combustível dificulta desenvolvimento económico do Zaire”

O contrabando de combustível é um “cancro” que está a dificultar o desenvolvimento económico e social da região e a afugentar os potenciais investidores, afirmou quarta-feira, em Mbanza Kongo, o governador provincial do Zaire, Adriano Mendes Carvalho.

Ao intervir na reunião orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, no quadro da visita de algumas horas à província, o governante pediu o apoio do Chefe de Estado para se pôr termo ao contrabando de combustível.

“Rogamos o seu melhor apoio e atenção, para se pôr cobro ao ‘cancro’ da província, que é o contrabando de combustível. Não podemos continuar assim. Não haverá desenvolvimento, se continuarmos nesta senda de contrabando, porque ninguém virá ao Zaire com esta situação. O indivíduo chega e espera por três ou quatro horas numa fila para poder reabastecer a viatura e, apesar da espera, depois é informado que o combustível acabou”, disse.

O governador do Zaire confessou, ainda, que dói saber que a província recebe vários camiões de combustível, todos os dias, mas, passado hora e meia, o produto acaba. Em face disso, espera poder contar com o apoio do Presidente da República e dos órgãos competentes para se acabar com esta situação, que considerou “grande desgraça” para a região.

Adriano Mendes de Carvalho sugeriu, para estancar o mal, que sejam adquiridos rapidamente ‘scanners’, não apenas para combater o contrabando de combustível, mas também para fiscalizar tudo quanto transita pelas estradas da província, para além de balanças e portagens que, também, precisam de ser instaladas.

“Os scanners são fundamentais, porque em tempos tivemos aqui uma situação caricata, relacionada ao tráfico de pessoas, em que uma suposta mãe estava a levar algumas crianças para a RDC”, informou.

Apesar de todas as adversidades apresentadas ao Chefe de Estado, o governador Adriano Mendes de Carvalho reafirmou o engajamento e compromisso do Governo Provincial para com o desenvolvimento da região, nos diferentes domínios da vida social, cultural, política e económica, através de implementação de diferentes programas que concorrem para o bem-estar e felicidade das populações locais.

Sublinhou que, apesar dos males do contrabando de combustível, a situação sócio-económica da província do Zaire é estável e de grandes expectativas de um futuro risonho, em função dos projectos estruturantes em curso e os previstos para o desenvolvimento da região, no quinquénio 2022-2027.

Destacou as grandes valências para a região os projectos nos sectores dos Petróleos, Gás Natural, Agricultura, assim como a construção de uma fábrica de fertilizantes no Soyo, com a capacidade para 1.300.000 toneladas de Ureia Granulada, que vai gerar cerca de 4.700 postos de trabalho directos e indirectos, considerados uma mola impulsionadora para a economia local.

INVESTIMENTOS PRIVADOS NO SECTOR AGRÍCOLA

Adriano Mendes de Carvalho disse que a província do Zaire, que dispõe de cerca de um milhão e duzentos hectares de terras aráveis, aguarda por investimento privado para poder produzir localmente vários produtos agrícolas, tendo em vista o mercado da República Democrática do Congo (RDC).

Perante o potencial agrícola disponível, o governador argumentou que se pode produzir uma vasta gama de produtos do campo e vender ao país vizinho, um mercado com 100 milhões de consumidores.

“A província do Zaire é, na sua essência, bastante rural, onde mais de 60 por cento da população realiza a agricultura de subsistência, no entanto se reconhece o potencial para alavancar o desenvolvimento. Temos um milhão e duzentos hectares de terras aráveis, dos quais apenas cinco por cento estão a ser utilizados, havendo aqui uma oportunidade para o investimento privado”, avançou.

Para alavancar o sector Agrícola, assegurou, está em curso a construção de um Instituto Médio Agrário na comuna de Sumba (Soyo), de iniciativa privada, com valências para o centro de formação profissional.

Tendo em conta as potencialidades agrícolas da província, Adriano Mendes de Carvalho disse não ser normal que a grande produção de ananás se estrague, havendo um Pólo Industrial no município do Tomboco, que pode ser aproveitado, defendendo a sua recuperação

Quanto ao sector das Pescas, sublinhou que a pesca artesanal absorve cerca de cinco por cento ao longo da costa marítima da província, com uma extensão de 256 quilómetros, associada à foz do rio Zaire e demais rios existentes, com uma abundância de peixe.

Adriano Mendes de Carvalho espera, também, produzir sal na província, para evitar que se adquira o produto de outras paragens do país e se comercialize na RDC, através do Posto Fronteiriço do Luvo, havendo potencialidades na região.

SERVIÇOS BÁSICOS LIMITADOS                               

A população da província, segundo o governador, aguarda por medidas urgentes de curto prazo para ver solucionadas as suas principais preocupações, uma vez que persiste o acesso limitado aos serviços básicos nos domínios da água potável, energia eléctrica, vias de comunicação, educação, saúde, transportes, saneamento básico e desporto, não obstante existirem alguns projectos concretos realizados nos anos precedentes.

Os municípios do Soyo, Nóqui e Tomboco, bem como a comuna da Musserra (Nzeto), acrescentou, enfrentam problemas graves de abastecimento de água potável, situação que preocupa e de que maneira os seus habitantes. “A situação de abastecimento de água potável do município do Nóqui é crítica e, se não tivermos água potável, com este surto da varíola dos macacos que está por aí na RDC, temos de ter muito cuidado, porque estamos a falar de uma zona fronteiriça”, alertou.

Para a comuna da Musserra, o governador defendeu uma solução definitiva, ao invés de se optar por dessalinização, uma vez que existem rios próximos para se resolver o problema.

No domínio do saneamento básico, Adriano Mendes de Carvalho solicitou o apoio do Presidente da República para a aquisição de alguns camiões para a recolha de resíduos sólidos nos municípios de Mbanza Kongo, Soyo e Nzeto, bem como a construção de aterros para o seu tratamento.

No tocante à energia eléctrica, explicou que o processo decorre bem a nível da região, uma vez que todas as sedes municipais, incluindo algumas comunas, estão iluminadas.

ZAIRE VAI GANHAR ESTÁDIO PARA DEZ MIL ESPECTADORES

Um estádio de futebol, com capacidade para até dez mil espectadores, vai ser construído na cidade de Mbanza Kongo e as verbas necessárias deverão constar no próximo Orçamento Geral do Estado (OGE’2025).

O projecto faz parte dos resultados saídos da reunião orientada pelo Presidente da República, João Lourenço, em Mbanza Kongo, com o Governo da Província do Zaire.

No mesmo encontro ficou decidido que a província receba outra infra-estrutura essencial para a promoção do desporto, um Pavilhão Multiusos, a ser edificado na cidade do Soyo. As verbas correspondentes devem, igualmente, constar no OGE’2025.

Uma nova ligação rodoviária Soyo/Mbanza Kongo, obedecendo a um traçado que encurte a distância entre as duas cidades, foi também considerada, tendo em conta a sua importância estratégica.

Sistemas de abastecimento de água para o Soyo e Musserra fazem também parte das infra-estruturas definidas na reunião como necessárias e que devem ser concretizadas.

No cumprimento da jornada de trabalho, após a reunião, o Presidente da República visitou as obras de construção do Hospital Geral do Zaire.

SOBRE O ZAIRE

Habitada desde o período paleolítico, a província do Zaire é plana e banhada por rios que tornam especialmente fértil as suas terras e facilitam a comunicação.

Com terras e um clima favoráveis à cultura de produtos tropicais e à criação animal, águas ricas em pescado, madeiras de qualidade e belos e surpreendentes cenários à espera de encantar os turistas, o Zaire depende, sobretudo, da exploração de petróleo, o principal recurso da região.

Com a eleição do Centro Histórico da Cidade de Mbanza Kongo a Património da Humanidade, pela UNESCO, a província conta agora com um novo pólo de atracção para potenciar o turismo.

O Zaire é uma das dez províncias angolanas com fronteiras internacionais (República Democrática do Congo). Estende-se por 40.130 quilómetros quadrados e uma popuklação de cerca de 500 mil habitantes. A província tem seis municípios, designadamente Mbanza Kongo, Cuimba, Nóqui, Nzeto, Soyo e Tomboco. A capital do Zaire é a cidade de Mbanza Kongo, que foi em tempos a capital do poderoso Reino do Kongo. 

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