PESAGEM DE FERROS TEM SERVIDO DE FONTE DE ALIMENTAÇÃO DE FAMÍLIAS ANGOLANAS

Cresce um pouco por todo o país, o número de pessoas que se dedicam à recolha de ferros, alumínio, cobre e outros materiais em lixeiras a céu aberto para serem vendidos em casas de pesagem. A prática tem causado a perde de vários bens públicos e vidas humanas, tendo o último caso ocorrida na terça-feira, 20, culminando com a morte de 3 crianças e o ferimento de sete vítimas da explosão de um engenho encontrado supostamente numa lixeira no município de Cacuaco em Luanda

ANNA COSTA

O facto aconteceu quando dez crianças, com idades compreendidas entre os dois e os dez anos, encontraram, numa lixeira próxima do bairro, um objecto metálico, com intuito de levarem para pesar, movidos pela curiosidade, o levaram para casa e decidiram manuseá-lo, provocando uma intensa explosão, que despertou a atenção de todos os vizinhos.

A explosão causou lesões graves aos membros superiores e inferiores dos menores, tendo três delas perdido a vida no terreno. 

Em Luanda, os municípios de Viana, Cazenga e as zonas do Palanca e Capolo são apontados como as zonas que lideram o mercado de pesagem, sendo as crianças e adolescentes os que mais exercem a actividade.

O crescimento das casas de pesagem de material ferroso, alumínio e cobre, tem sido também apontado por vários cidadãos como a mola impulsionadora dos casos de vandalização de bens públicos.

Segundo o gestor de uma das casas, entre 20 e 30 catadores de lixo aparecem no local, por dia, com quantidades de material ferroso que varia de 5 a 50 quilos. Os materiais mais procurados são os ferros de engomar, carros estragados, cabos de cobre de postos de iluminação pública, máquinas de lavar, fogões e outros equipamentos.

Todo o material arrecadado, explicou, é armazenado no local até atingir uma quantidade considerável e posteriormente transportado, em camiões, para as fábricas de grande porte.

Em Maio deste ano, o Governo da Província de Luanda, deu início da campanha de Inspecção as chamadas casas de peso e material ferroso, entre os objectivos está a necessidade da legalização destas casas para que funcionem de forma organizada.

O director do Gabinete Provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado afirmou que as empresas que não reunissem condições seriam suspensas.

Porém porta-voz do Programa de Protecção de Bens Públicos informou que mais de oitenta por cento das casas de pesagem de material ferroso existentes em Luanda são ilegais.

A maior parte destas casas tem como proprietários cidadãos estrangeiros, nomeadamente de países do Oeste africano, como malianos, nigerianos, senegaleses, ghanenses, guineenses e mauritanianos, indicou. “Deles esperamos que respeitem as leis vigentes no nosso país, para que possam levar a bom porto os seus negócios, e continuem a criar postos de trabalho”, exortou

Recordar que as comissões especializadas da Assembleia Nacional aprovaram, esta segunda-feira, o relatório parece conjunto da Proposta de Lei, que prevê a responsabilização criminal a quem atentar contra a segurança dos bens e serviços públicos, tais como equipamentos eléctricos, electrónicos, de comunicação, hídricos ou de saneamento.

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