“COMO É QUE BIDEN DEFENDE A DEMOCRACIA NA UCRÂNIA E APOIA UM DITADOR EM ANGOLA” – FPU
Os líderes da Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma que congrega UNITA, Bloco Democrático e projecto político PRA-JA Servir Angola, apresentaram nesta quarta-feira, 10, em conferência de imprensa, uma “comunicação sobre o real estado da nação”, onde afirmaram que a ambição do MPLA de manter o poder está “a destruir a nação” e a “desesperar” os angolanos.
REDACÇÃO JORNAL HORA H
Perante uma plateia que congregava membros do corpo diplomático, representantes de outros partidos e elementos da sociedade civil e de organizações religiosas, Adalberto Costa Júnior leu uma declaração sobre a degradação do país, sublinhando que a crise que se vive em Angola tornou o quotidiano da maioria dos angolanos “um autêntico calvário” e apelaram à mobilização popular para “cobrar” promessas eleitorais e anunciaram acções de luta com a sociedade civil.
Adalberto Júnior considerou que, apesar da falta de legitimidade das eleições que deram a vitória ao MPLA, ο executivo é obrigado a “cumprir escrupulosamente o programa que apresentou aos leitores”.
O político afirmou que se justifica uma conjugação de esforços entre a FPU e o povo para “concretizar a alternância em 2027”.
“E preciso sair da zona de conforto”, realçou, afirmando que há uma “necessidade de mobilização para salvar Angola deste caminho de imobilismo” e que as lideranças da FPU vão sair para a rua em protesto ainda esta semana.
Sobre a declaração, disse que se trata também de um acto cívico e de sensibilização, acrescentando que o documento vai ser entregue às instituições “em busca do diálogo institucional”.
No diagnóstico sobre a degradação de Angola, Adalberto Costa Júnior criticou o desempenho do executivo, apontando o aumento da pobreza, o “estado caótico” da saúde e a educação “decadente”, mas também políticas económicas que resultaram numa elevada inflação e desvalorização da moeda, que se reflectiram na drástica redução do poder de compra, aliada ao “despesismo desenfreado” e falta de transparência na contratação pública.
“Aqui é só ditadura e propaganda”, criticou, lamentando as “manobras dilatórias” para adiar a institucionalização de autarquias e apelando a reformas políticas, à revisão da Constituição para permitir a eleição directa do Presidente da República e à despartidarização da comunicação social e dos sistemas judicial e eleitoral.
“Devemos lutar pela institucionalização das autarquias, impedindo que o regime se furte ao cumprimento deste compromisso”, continuou o presidente da UNITA, sublinhando que todos têm a obrigação de cobrar do executivo promessas como a da criação de 500 mil empregos ou da construção das linhas férreas Malanje/Lunda Norte, Lunda Norte/Lunda Sul e Lunda Sul/Moxico.
ABEL CHIVUKUVUKU CONSIDERA FPU OXIGÉNIO PARA A POLÍTICA NACIONAL
Abel Chivukuvuku, coordenador adjunto da FPU e líder do projecto politico PRA-JA Servir Angola, que tenta formalizar como partido político desde Agosto de 2019, destacou que a FPU surgiu como “oxigénio para a política nacional” e tem representado um desafio extraordinário para o regime autocrático que governa o país, ο qual tem tentado inviabilizar a sua existência, inclusive fazendo circular notícias fabricadas.
Com o aproximar de eleições em 2027, “tudo vão tentar, mas não vão conseguir”, avisou o dirigente.
FILOMENO VIEIRA LOPES DEFENDE LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS
O presidente do Bloco Democrático e coordenador adjunto da FPU, Filomeno Vieira Lopes, reforçou o objectivo de criar uma “agenda consensual” com a sociedade civil, que inclui pontos como a luta pelas autarquias e pela libertação dos presos políticos, salientando que a manifestação é também um processo de pressão democrática.
“Esta luta tem de ser feita, temos de mudar”, exortou, lamentando as fraudes eleitorais “sistemáticas”.
“Nós estamos num estado autocrático com viés securitário extremamente elevado, é preciso conjugação de esforços”, insistiu.
FRANCISCO VIANA DIZ QUE BIDEN APOIA A DEMOCRACIA, MAS APOIO JLO COMO “DITADOR”
Francisco Viana, membro da sociedade civil e também coordenador-adjunto da FPU, salientou que as autarquias são “um direito do povo angolano” e é preciso lutar por ela, através da mobilização da sociedade civil.
Deixou um recado aos diplomatas presentes, lamentando que a sociedade ocidental, que apoia a Ucrânia, em África não apoie a democracia.
“Como é que Biden defende a democracia na Ucrânia e apoia um ditador em Angola”, questionou, pedindo que comecem a olhar para o povo angolano, “que está cansado”, sob pena de surgimento de “instabilidade” no país.
As críticas visaram também os “desvios” de verbas do Orçamento Geral do Estado, sob a forma de créditos adicionais, que serviram para sustentar as campanhas políticas do partido do poder e para a “compra de consciência de jornalistas” e dos meios de comunicação social públicos ou ligados ao regime.
Focou as “acções de intolerância política que proliferam”, cujos autores saem sempre impunes, citando ataques contra deputados da UNITA e vandalização de sedes do Bloco Democrático, destacando a “subversão do Estado democrático e de direito”, com agentes de polícia e serviços de segurança do Estado sujeitos a “ordens superiores” contrárias à Constituição e à lei.