O jovem, Moisés Panzo, pessoa com deficiência visual, denunciou hoje, o que considerou ser um “atropelo” contra os direitos da pessoa com deficiência, praticado pelo governo angolano, sobretudo na circulação e utilização da rede de transportes públicos. Disse que por conta disso foi forçado a interromper o ano lectivo, devido a impossibilidade de locomoção, numa altura em que se verificou o aumento dos preços dos transportes

ANNA COSTA

 O jovem de 36 anos, disse, em entrevista ao Jornal Hora H, que essa classe encontra-se com dificuldades para dar continuidade aos estudos por conta da dificuldade no acesso ao transporte.

“Alguns colegas e eu tivemos de interromper o ano lectivo. Infelizmente, os nossos governantes não se preocupam com a nossa classe mesmo sabendo que é um grupo vulnerável”, disse ao Jornal Hora H

Moisés, conta que, toda a vez, precisa se locomover com um acompanhante que o deixa no seu destino e numa determinada hora, regressa para pegá-lo. Para o Jovem os gastos têm sido muito altos, somados mensalmente. O que considerou extremamente complicado.

“É uma situação que por vezes me tem tirado o sono. Não só a mim, mas aos outros colegas também que estão a abandonar as salas de aulas, porque o táxi mesmo apertou”.

No seu entender, o governo, uma vez que estava programado a subida dos transportes, teria de arranjar alternativas para salvaguardar a classe, de modo que as pessoas com deficiências estivessem isentas de taxas de transportes, quer público como privados “ou que concedesse alguns autocarros que fazem a recolha deste grupo ou que se encontrasse outras alternativas”.

Face às dificuldades de locomoção, o jovem que disse ter um enorme sonho de concluir os seus estudos, disse ainda que já contactou várias instituições, mas lamenta ao facto de nenhuma delas dar alguma resposta.

“ Já escrevi para o Ministério dos Transportes, Acção Social, para as administrações, mas infelizmente nenhuma deu resposta”.

Moisés Panzo, apela ao Governo que faça cumprir a lei do acesso aos meios de transportes para as pessoas com deficiência aprovada em 2016.

Sem esgotar todas as possibilidades, solicita aos empresários e outros, de modo a ajudarem com um meio motorizado a fim de continuar com os estudos e deixou uma mensagem de reflexão aos governantes.

“É importante que os governantes percebam que cada um que aí está é candidato a uma deficiência”.