NO CAZENGA: MORADORES DA BCA VIVEM PIORES MOMENTOS DA VIDA EM TEMPO CHUVOSO
Há mais de 15 anos que os moradores da bacia de retenção da BCA, (famoso buraco) bairro Dr. António Agostinho Neto, município do Cazenga clamam por socorro, devido as constantes inundações fruto das águas das chuvas que sentam naquela zona sem lugar para escoamento, e pedem a intervenção urgente da administração municipal dirigida por Nádia Evelise Martins de Sousa Neto.
ANNA COSTA
Casas, ruas e becos inundados, algas, sapos, mosquitos e demais bichos, é o retrato da bacia de retenção da BCA que se aumenta sempre que cai as chuvas.
Os moradores, agastados com a situação vivenciada todos os anos em época chuvosa, contam que várias vezes já procuraram por ajuda, mas nem com isso são aliviadas daquilo que consideram ser “um grande sofrimento”.
Numa ronda feita pelo Jornal Hora H na zona, foi notório a inexistência de espaço seco para se pisar, para ter acesso à casa dos entrevistados, ainda assim, persistentes e com vontade de constatar in louco como aquele povo vive, a nossa equipa de reportagem não mediu esforço para mergulhar na mesma água, embora fossem aconselhados a lavarem as pernas com água morna e sal após feita a ronda no bairro.
Segundo os moradores, apesar de ser uma realidade que se vive há mais de 15 anos, o problema foi se agravando com a colocação do novo caminho de ferro e a construção do moro que divide a linha férrea das residências.
Na zona é notória a presença de algumas crianças a fazerem das águas paradas o local para banhos e demais diversões, outras, segundo contaram os encarregados, são enviadas a casas de familiares próximos para passar o dia e ao cair da noite, são transportadas as costas para dormirem de modo a não terem contacto com as águas.
Algumas famílias, fazem as refeições e dormem ao relento por não terem por onde ir, aguardando, esperançosamente, até a água secar, o que é pouco provável, ou a administração municipal, despertar e colocar uma máquina para diminuir o nível das águas.
Outras famílias, dormem sobre as águas, dentro das suas casas, elevando apenas as camas ou colchões com blocos e grades de gasosa ou cervejas
Os entrevistados, contaram ao Jornal Hora H que, apenas uma vez que a administração local colocou uma motobomba para retirar a água, mas que em tão pouco tempo retirou-as e até ao momento, já se passaram mais de 4 meses, que não se faz nada para resolver a situação.
Uma das entrevistadas, contou a este Jornal que desde que a filha ficou doente, sempre que vai ao controlo o resultado das análises não muda, “nunca deu negativo”, devido aos mosquitos que estão presente em todas as horas do dia.
Outros reclamam das feridas nos pés devido ao constante contacto com as águas paradas das chuvas, misturadas com o lixo e águas das fossas.
Cansados de solicitarem a administração e não obterem respostas satisfatórias, os moradores clamam ao Presidente da República para velar pela situação que estão a viver.
O Jornal Hora H, contactou a administradora municipal do Cazenga, Nádia Neto, que informou estarem neste momento a fazerem a sucção das águas com uma motobomba com maior capacidade em relação à primeira que lá esteve de modo a dar uma resposta satisfatória aos residentes.
“ Colocamos uma motobomba de grande porte para fazer a sucção das águas durante 3 ou 4 dias e baixar os níveis, as intervenções mais permanentes das bacias está a cargo do Ministério das Obras Públicas, mas enquanto isso, a administração não pode ficar de braços cruzados”, respondeu à administradora Municipal do Cazenga ao Jornal Hora H.
Nádia neto, explicou que a máquina de grande porte, não é um meio permanente da administração Municipal, depende da UTGSL (Unidade Técnica de Gestão e Saneamento de Luanda) e está mesma máquina actua na sucção das águas de toda a província.
“ Ontem recebemos esta motobomba e hoje (sexta-feira, 5.) está a trabalhar na sucção das águas, vai ficar aqui por alguns dias, dependendo da necessidade e depois será levada noutros pontos que também precisam e assim sucessivamente e este será o processo enquanto decorrerem as chuvas”, disse.