ÍNDICE DE POBRES EM ANGOLA PODE AUMENTAR PARA 19 MILHÕES ATÉ 2027

O Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) considera “inimaginável” que, passados 20 anos, num país onde a pobreza afecta 48% da sua população o equivalente a 19,6 milhões de pessoas, se tenham verificado “tão poucas transforma acções nas estruturas económicas e nos sistemas sociais”.

Para o CEIC, este balanço não é positivo, uma vez que, após o fim da guerra civil, o país não conseguiu diversificar a sua economia e transformar o fraco crescimento económico em bem-estar da população.

Segundo o director do CEIC, Alves da Rocha, que falava durante a apresentação do referido estudo, quando o centro iniciou a pesquisa, pretendia apurar “o que é que se passou este tempo todo” na economia nacional, sobretudo nos sectores financeiros, da agricultura e produtivo.

“Não estávamos a pensar que Angola poderia ser uma segunda China, que fez reformas nos últimos 60 anos e conseguiu tirar da pobreza 700 milhões de cidadãos em 20 anos. Não estávamos à espera de encontrar isso, porque não temos a cultura da China, a disciplina e a sua mentalidade vira da para o crescimento económico”, afirmou o economista Alves da Rocha.

O CEIC estima que a taxa de pobreza monetária de Angola possa estar, com os efeitos da recessão económica e da deficiente distribuição do rendimento no país, entre os 45% e os 46%.

“Assim, o balanço destas duas décadas, após o fim da guerra civil, é claro: fizemos essa análise de 20 anos de todos os programas que o governo implementou e as conclusões que estamos a tirar é que as políticas foram mal delineadas ou não foram suficientes”, pontuou Alves da Rocha.

“Com 20 anos de ‘planos, programas, planinhos e programinhas’, muitas foram as políticas desenvolvidas nas sucessivas legislaturas, mas que, ainda assim, não conseguiram impedir que quase metade da população enfrentasse níveis de pobreza preocupantes”, assinalou.

O mesmo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (UCAN) estimou que a pobreza monetária atingiu uma taxa que ronde os 49,8% até 2023, ou seja, que a população pobre seja de quase 17 milhões de pessoas, num ano em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que a população no País cresça acima dos 34 milhões de habitantes.

O Relatório Social de Angola 2019/2020 do CEIC apontou que a pobreza no País vai Agravar-se até 2025 e que ainda vai durar “muito tempo” com perdas sociais anexadas relevantes e inviabilizadoras do vencimento do seu ciclo vicioso.

“Não será apenas na criação de novos postos líquidos de trabalho que se encontrarão vias de ultrapassagem deste fenómeno, que anualmente cria série de descontentes e despersonalizados para quem a única via de sobrevivência é a indigência”, lêse no documento apresenta do naqueles dois anos.

Segundo o CEIC, a taxa de pobreza no País tem vindo a crescer todos os anos, passando, por exemplo, de mais de 12 milhões de pessoas (41,7%) em 2019 para mais de 16 milhões (49,4%), em 2022. Estima-se que esse número aumente para 49,8% no próximo ano. Numericamente, o número de pobres em Angola cresceu quase quatro milhões nos últimos quatro anos, uma média de um milhão de novos pobres por ano.

O relatório apontou, igualmente, que o combate definitivo contra a pobreza só tem três caminhos: económico, geração de emprego e valorização do capital social na posse dos pobres (educação e formação profissional ajudam a melhorar os salários e, por esta via, diminuir a pobreza monetária). Ou seja, criação de emprego qualificado, associado a bons índices de produtividade, viabilizadores da prática de altos salários.

Textos: Álvaro Cordeiro Relatório Económico de Angola 2021 faz uma avaliação dos últimos 20 anos da economia angolana e o seu impacto na sociedade.

O CEIC estima que a taxa de pobreza monetária de Angola possa estar, com os efeitos da recessão económica e da deficiente distribuição do rendimento no país, entre os 45% e os 46%.

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