CLÁUDIO DIAS DOS SANTOS: UMA MARIONETE OU UM ROBÔ? – DOMINGOS KAMBUTA
O MPLA, partido no poder em Angola, parece ser aquela dama do bairro que, pela sua beleza, sobriedade, tolerância e empatia – qual Saki da obra de Wanhenga Xitu! -, alimenta a roda de conversas de adolescentes ávidos de provarem não só a sua capacidade de galanteadores, mas também a sua brutalidade, o seu egocentrismo e as suas ambições macabras.
Cláudio Dias dos Santos, cuja única referência relevante para o MPLA é o facto de ser filho de um antigo e destacado dirigente do país, é um desses adolescentes que se tem agigantado no infantário – como dissera uma vez Lopo do Nascimento – achando-se detentor de capacidades invulgares para ser o Presidente de Angola através do partido em que o seu pai é membro do Conselho de Honra.
Como cidadão, tem a legitimidade de sonhar e dar asas até às paranóias mais absurdas, mas parece injusto que o MPLA seja utilizado mais uma vez por qualquer pirralho ou melquetrefe que tenha tido uma noite mal dormida. No caso, temos um empresário forjado através de um rasto de burlas, tráfico de influências e abuso de poderes. Aliás, com raras excepções, o comportamento dos filhos de Fernando Dias dos Santos sempre foram o reflexo de uma educação de “deixa-andar”, de incompetência de gestão familiar e de uma verdadeira dupla personalidade do tutor.
Se o MPLA tiver de se queixar de dirigente cujos filhos contribuíram para a sua má reputação, pelo menos dois filhos do destemido comandante da Polícia em Angola estarão no top 5. Como se não bastasse, querendo comer o osso até ao tutano, é precisamente um dos dois mais tenebrosos rebentos da Família Nandó que manifesta pretensão de concorrer para o cadeirão máximo do país, através do partido que ele e os seus irmãos mais prejudicaram.
O curioso é que o partido não reconhece a mínima contribuição positiva deste play-boy, nem muito menos uma aparição em actos de massas. Para piorar, mesmo já inundando as redes sociais com as suas atoardas, em nenhum momento recorreu às estruturas do partido para saber das regras e das vias para a concretização do seu sonho tresloucado… sempre através do MPLA.
Para o sossego dos angolanos, é que o MPLA não é património da família Dias dos Santos. É de todos os angolanos. O menino Cláudio poderá estar a imaginar-se num vídeo-game, onde não se precisa ser autêntico para alcançar a vitória.
Contudo, se as maluquices públicas dos filhos de Nandó são amplamente conhecidas – desde roubos de terrenos, passando por burlas até a violências de rua -, o que hoje se questiona é a seriedade do próprio progenitor, que nunca se demarcou publicamente das façanhas dos seus herdeiros.
Parece fazerem sentido as cogitações segundo as quais o pai, o nosso destemido Comandante Nandó, sempre terá estado por detrás das acções macabras dos filhos. E desta vez não será diferente.
As cenas de Londres reforçam a tese de que Fernando Dias dos Santos não está conformado com a sua condição de antigo Comandante Geral da Polícia Nacional, antigo ministro do Interior, antigo Primeiro-Ministro, Antigo Vice-Presidente e Antigo-Presidente da Assembleia Nacional, único cidadão com todos estes galões!
Ninguém, no seu perfeito juízo, poderá admitir que o filho daquele senhor esteja a cometer borradas, com o pai, ainda lúcido, sentado no camarote a observar os dribles do Claudinho contra os princípios elementares da política: responsabilidade e lealdade.
Parece também fazer sentido a ideia de que Claudinho não passa daqueles garotos que entram em campo para animar a claque antes de a equipa principal tomar a cena!
Pelo silêncio de Nandó, cínico e não senil, podemos estar diante do emergir de um daqueles filmes em que o cérebro da trama só aparece na undécima hora. Brutus não têm idade!