Os israelitas do Grupo Mitrelli estão a expandir-se em Angola, diversificando a presença em vários sectores, nomeadamente de infra-estruturas, onde têm conseguido diversas adjudicações públicas relevantes, da água e energia, da agricultura (uma das portas de entrada no País), da educação, do ambiente e também agora na área da saúde, com várias empresas de diferentes valências.

O grupo, fundado por HAIM TAIB (HT), empresário que chegou a viver e trabalhar em Portugal antes de rumar a Luanda, estendeu-se agora ao sector financeiro, com a aprovação pelo PR JOÃO LOURENÇO (JL) de um empréstimo de EUR 2,5 mil milhões junto da Luminar Finance Limited, empresa com sede em Zurique (Suíça), mas ligada à Mitrelli e já associada ao financiamento de projectos habitacionais e de electrificação em Angola. A Luminar só trabalha em países de mercados emergentes e é parte do grupo Menomadin, de HT.

Com um historial já longo nas infra-estruturas e obras públicas, o grupo empresas Mitrelli atua em Luanda com e várias noutras províncias, com forte presença na área da saúde. Durante o combate à Covid-19, conseguiu inclusivamente montar dois hospitais de campanha, com 200 camas cada, faturando só no início da pandemia cerca de EUR 18 milhões, o que na altura era praticamente metade da despesa do Ministério da Saúde.

O grupo tornou-se também o principal fornecedor do Estado angolano de testes e material de biossegurança um dos hospitais de campanha, montado em Viana, em parceria com a conhecida Clínica Girassol, custou cerca de EUR 4,5 milhões e foi inaugurado pelo próprio PR Tornou-se depois o Centro de Rastreio e Tratamento da Covid-19.

A pandemia acabou ser um “gatilho” para a instalação da Yapama Saúde, uma subsidiária da Mitrelli, que tem sido sempre dirigida por quadros portugueses, com alguma rotatividade de pessoal.

A empresa atua no mesmo ramo da Siemens Healthineers, fornecendo equipamentos para diagnóstico e tratamento na área da saúde para já, e ao contrário da multinacional, a Yapama está apenas presente no mercado angolano, onde ganhou influência e lastro no período da Covid-19.

Na área da saúde, para além da Yapama, o grupo detém o Luanda Medical Center (LMC)um centro médico de prestação de serviços de saúde privados muito usado pela elite angolana. A LMC tem a sede em Luanda e uma clínica satélite em Talatona, ambos com nível internacional e bastante acima da práctica de oferta de serviços de saúde no país.

A curto prazo será inaugurado o Hospital Geral do Bengo, onde o grupo israelita envolveu várias das suas mais importantes subsidiárias, como a Promed International AG (saúde)a Kora (promoção e desenvolvimento imobiliário)a New Cognito (tecnologias da informação), a Yapama (saúde) e a Ossi Yeto (energia).

Outras empresas que não estão envolvidas neste projeto, mas que mantêm forte competitividade e são vencedoras de vários contratos através de concursos ou ajustes diretos, são a Owinino setor da água e saneamento e a Aquafish, nas pescas a “jóia da coroa” é no entanto a Geodata, empresa de vigilância ativa que trabalha para as Forças Armadas e para os serviços de informações.

Quer a Yapama quer a Geodata, têm tido lideranças passageiras quase sempre com quadros portugueses muito pouco influente em rede política pessoal diplomática e ou quase sempre dependentes dos contactos de alto nível de HT e do seu “núcleo duro”israelitas com muitos anos de operações no exterior em particular em África os contactos de HT são ao mais alto nível e o acesso ao Palácio Presidencial é direto, o que coloca muita pressão e obriga a uma gestão mais criteriosa.

A rede que a Mitrelli detém em Angola é muito próxima do poder desde os mandatos de JOSÉ EDUARDO dos SANTOSo que continuou e até foi desenvolvido com JL e inclusivamente com o seu ex-vice-PR BORNITO de SOUSA (BS) que continuadepois da sua saída, muito ligado ao grupo israelita e até se desloca a Telavive para eventos ligados à The Menomadin Foundation, criada e liderada por HT.

No ano passado BS terá estado a explorar parcerias e a visitar várias universidades israelitas tendo sido acompanhado de uma vasta delegação que incluía membros do Governo, diplomatas, empresários e artistas estes inseridos no projeto Ponte Cultural”, financiado pelo Menomadin Group e pela fundação com o mesmo nome.

Ainda em MAR, o ex-vice-PR esteve com HT num projeto que a fundação israelita está a desenvolver em Angola em parceria com a Fundação Arte e Cultura. O projeto chama-se e-Zomba e intitula-se como “filantropia estratégica, reunindo o apoio do Ministério da CulturaTurismo e Ambiente.

Graças a HT e outros empresários, Israel tornou-se por volta de 2012 no principal fornecedor do equipamento militar e/ou com aplicação militar importado por Angola.

fornecimentos incluíram Os novos sistemas electrónicos destinados a um centro de comunicações, Batope, adstrito ao SIM-Serviço de Inteligência Militar, baseado na Catumbela, com um pólo em Luanda, com capacidade para interceptar redes de comunicações da região (AM 622)Recentemente, têm vindo a ser identificadas utilizações de serviços de vigilância do grupo Mitrelli para monitorização de comunicações privadas (AM 1246).

Fonte: África Monitor