ESTUDANTES ANGOLANOS QUEIXAM-SE DE “DORES DE CABEÇA E BUROCRACIA” PARA OBTER VISTOS PARA PORTUGAL

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O agendamento de vagas para obtenção de vistos é uma das principais dores de cabeça dos estudantes angolanos que procuram formação em Portugal e se queixam de “dificuldades e burocracia” por parte do consulado português em Luanda.

Alguns, com sorte, conseguem em 15 dias o desejado agendamento, efectuado através do portal da VFS Global, órgão gestor do processo de emissão de vistos do Consulado Geral de Portugal em Luanda, mas a maioria aguarda meses para conseguir agendar vaga, já que, dizem, a página está “quase sempre bloqueada”.

Vários utentes que acorrem ao Centro de Vistos para Portugal, em Luanda, disseram à Lusa que o processo para obtenção de vistos para estudantes “continua complicado” e receiam perder as vagas nos estabelecimentos de ensino.

Entre as dezenas de pessoas que aguardam por vistos para Portugal, está Amélia Correia, acompanhada pelo filho, que pretende viajar para obter formação no ensino médio (secundário) e disse que aguarda há um mês por uma resposta do consulado.

“O processo está complicado, consegui uma vaga para o ensino médio para o meu filho, mas há um mês que o consulado não autoriza dar entrada, os agendamentos estavam bloqueados, somente ontem abriram por alguns minutos”, disse.

Amélia Correia, agente de viagens, salientou que após alguma persistência conseguiu o agendamento, mas apenas para 02 de outubro próximo, pedindo celeridade ao órgão consular porque as aulas em Portugal começaram em 15 de setembro.

“É complicado e nesta situação ficamos bloqueados, porque realmente não sabemos quem nos pode auxiliar com isso”, realçou, receando que o filho perca a vaga.

Dezenas de cidadãos, maioritariamente jovens, lotam todos os dias úteis o Centro de Vistos do Consulado de Portugal em Luanda, na ânsia de obterem respostas para o seu processo migratório.

Fichas de pagamento, documentos escolares, passaportes e demais comprovativos é a papelada visível na mão de cada um deles, que à entrada do edifício são atendidos por efectivos da segurança privada e depois encaminhados ao 2.º andar do prédio para informações complementares.

Os requentes de vistos estão também a par da existência de “intermediários”, que prometem celeridade e facilitação dos agendamentos, mas ninguém assume recorrer a estes facilitadores.

Mauro Jorge Binda, que há quatro meses aguarda por respostas para concluir o seu processo de viagem para formação, tem 28 anos e pretende embarcar para Portugal para continuar o ensino superior.

Diz que o recurso a intermediários “é um caminho que não vale a pena” e lamenta as “exigências burocráticas”, que não são animadoras.

“Agora a questão é o tratamento da documentação, porque em Portugal as matrículas e inscrições subiram e há muita dificuldade de alunos aqui fazerem inscrições a partir de lá”, disse.

Lamentou ainda o processo “muito demorado”, situação que o obriga a remeter à VFS Global uma carta para que esta, junto das instituições de ensino, em Portugal, peça “celeridade” do processo.

“Estou há quatro meses à espera, é muito tempo, e hoje em dia pagas a inscrição, eles enviam uma mensagem para fazer a matrícula, mas não consegues entrar para o site para fazer a matrícula, e é muita complicação que tem acontecido concernente aos vistos de estudo”, referiu.

Também Demilton Moreira Félix, 21 anos, foi dar entrada do pedido de visto para estudante, após conseguir agendamento, relatando uma “dor de cabeça”, num processo em que não contou com “intermediários”.

“Realmente é uma dor de cabeça, tanto quanto o site demora mesmo muito para ter vagas disponíveis, acho que isso acontece porque há muita gente a tentar ter o acesso para o agendamento e isso faz com que haja esta sobrecarga”, contou.

Demilton, que espera licenciar-se em gestão empresarial em Portugal, disse ainda que as cobranças para o agendamento são praticadas, sobretudo, por algumas agências de viagem.

Já João Baptista Pereira agradeceu a Deus por ter conseguido o visto para estudante, após fazer agendamento online na madrugada de um sábado e por “influência de familiares”.

Com viagem prevista já para o dia 24 deste mês, o estudante de 28 anos recordou os momentos de luta para conseguir o agendamento gratuito, após ter conseguido uma vaga no sistema durante a madrugada.

“É só mesmo ter paciência, não é fácil”, disse, referindo que todos os requisitos para a solicitação do visto custaram-lhe perto de 200.000 kwanzas (225 euros).

Fazer formação superior em enfermagem em Portugal é o propósito de José Adriano Gonçalves, 27 anos, que lamenta a “burocracia” e a demora que diz existir, logo no primeiro contacto com os agentes da VFS Global.

Disse que os estudantes para o ensino superior estão isentos de agendamento, mas o processo para a cedência do visto para Portugal “continua difícil”.

Em causa, observou, estará a burocracia da VFS: “não sei se o contrato que fez com a embaixada (de Portugal em Angola), mas isso tem dificultado muito para nós que queremos emigrar em busca de um ensino de qualidade”.

“Dei entrada do processo na semana passada, porque ao que se diz devemos esperar por 15 dias, porque tem uma carta de chamada para exame”, rematou o estudante, manifestando confiança de que em breve terá o tão desejado visto.

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