JOÃO LOURENÇO INFORMADO QUE TERMINAL OCEÂNICO DA BARRA DO DANDE COM 63% DE EXECUÇÃO FÍSICA

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As obras do Terminal Oceânico da Barra do Dande, na província do Bengo, estão com 63 por cento de execução física e 65% de realização financeira, foi anunciado, segunda-feira, durante a visita de campo do Presidente da República, João Lourenço, às instalações.

Após assistir ao vídeo institucional e visitar várias áreas do projecto, o Chefe de Estado disse, aos jornalistas, que a inauguração do Terminal pode acontecer em Novembro de 2024, justamente no mês em que o país comemora 48 anos de Independência.

O anúncio da data da inauguração foi feito após o Presidente João Lourenço receber garantias da petrolífera angolana Sonangol (dona da obra) do término da empreitada em Julho de 2024.

“Estamos a pensar inaugurar o Terminal Oceânico da Barra do Dande no próximo ano, no mês da Independência Nacional. Mas pelas indicações que recebemos, a obra termina muito antes de Novembro”, declarou o Chefe de Estado, ao mesmo tempo que lamentou o facto de terem sido abandonadas antes de 2017 as obras deste projecto e da Refinaria do Lobito.

João Lourenço considerou cada um destes projectos de “grande importância estratégica” para o país. “Hoje fala-se muito de segurança energética”, referiu, argumentando que “para se ter segurança energética é preciso ter garantias de produção de energia e grande capacidade de estocagem de combustíveis”, indicou o Presidente da República.

O Chefe de Estado disse que falar do Terminal Oceânico da Barra do Dande é falar, igualmente, da Refinaria do Lobito, porque enquanto “um produz, o outro faz a estocagem”.

O Terminal Oceânico da Barra do Dande vai contribuir para a exportação de derivados de petróleo, referiu o Presidente João Lourenço, realçando que a estratégia do Executivo é exportar, de preferência, produtos refinados e não o petróleo bruto.

A infra-estrutura surge, também, não apenas para assegurar que não falte produtos refinados para o consumo interno, mas para reunir maior oferta de produtos refinados para a exportação, esclareceu o Chefe de Estado, ao anunciar, igualmente, a retoma das obras na Refinaria do Lobito.

No momento com os jornalistas, no final da visita às várias áreas do Terminal Oceânico da Barra do Dande, João Lourenço considerou “satisfatório” o desenvolvimento das obras, e confirmou a conclusão, em três anos, da Refinaria do Lobito, caso não haja constrangimentos de ordem orçamental.

João Lourenço falou, também, da inauguração da Refinaria de Cabinda, prevista para o final do próximo ano, mais ou menos, na altura em que será inaugurado o Terminal Oceânico da Barra do Dande, bem como da Refinaria do Soyo, cujas obras, por “razões diversas”, não iniciaram até ao momento. Mas garantiu a “qualquer momento” o arranque das mesmas.

“É incompreensível que um país como o nosso, considerado o segundo maior produtor de petróleo a Sul do Sahara, depois da Nigéria, contasse apenas com a velha Refinaria de Luanda como única unidade de refinação”, referiu o Chefe de Estado, que aplaudiu a decisão do Executivo de criar capacidade de refinar boa parte do crude explorado em Angola.

O Presidente da República valorizou, ainda, o facto de se ter efectuado a ampliação e modernização da “outrora velha Refinaria de Luanda”, realçando que, com a medida, se obteve “algum ganho”, consubstanciado, apenas, na quadruplicação da produção de gasolina.

João Lourenço assegurou recursos financeiros para a conclusão efectiva do Terminal Oceânico da Barra do Dande e de outros projectos estruturantes em curso em várias partes do território nacional.

VÍDEO E VISITAS DE CONSTATAÇÃO

João Lourenço deslocou-se, ontem, ao Terminal Oceânico da Barra do Dande a bordo de um helicóptero da Força Aérea Nacional, onde já o aguardavam os ministros de Estado, deputados, membros do Executivo, a governadora do Bengo e centenas de cidadãos da região, que exaltaram o Chefe de Estado pela construção do “grandioso” empreendimento social, orçado em 642 milhões de dólares.  

O Presidente da República constatou os avanços nas unidades terrestre e marítima do projecto. A primeira está direccionada à construção dos tanques de armazenamento de combustível e a segunda do Quebra-Mar e a Ponte-Cais para recepção de navios de grande porte.

O Terminal Oceânico da Barra do Dande visa garantir o crescimento económico do Norte do país e, sobretudo, a segurança energética de Angola, informou ao Chefe de Estado o director do empreendimento social Mauro Graça, para quem, depois de concluído, o projecto permitirá o “armazenamento seguro” de combustíveis e estará dotado de capacidade para distribuir ao resto do território nacional.

Segundo Mauro Graça, numa primeira fase, foram instalados, no Terminal, 29 tanques de armazenamento. Disse que está a ser erguido um cais de 1.700 metros para receber navios de grande porte, explicando que, no ponto onde termina a falésia para o mar, está a ser edificada uma área para atracagem dos navios e descarga de combustível.

No Terminal Oceânico da Barra do Dande estão, também, a ser construídas linhas de mais de 500 metros lineares para o transbordo do combustível que deverá ser armazenado nos vários tanques.

PROJECTO DEFINIDO POR FASES

O projecto do Terminal Oceânico da Barra do Dande foi definido de forma faseada. As obras tiveram início em 2012 e quatro anos depois foram suspensas, tendo sido retomadas em 2018.

Segundo Mauro Graça, em 2016, já havia, no recinto do Terminal, 29 tanques e, na altura em que o projecto foi suspenso, as obras atingiram um nível de execução física na ordem de 10 por cento.

O responsável referiu que, numa primeira fase, o projecto vai contar com o parque de armazenamento, incluindo toda a infra-estrutura necessária para operar os tanques: a parte marítima contempla o Quebra-Mar, a Ponte-Cais, uma unidade para fazer a conexão entre as unidades terrestre e marítima, permitindo a movimentação dos produtos que chegam ao Terminal.

Ao Chefe de Estado também informou a existência de uma unidade de captação de água a partir das margens do Rio Dande, que já abastece o Terminal na plenitude.

O director do Terminal Oceânico da Barra do Dande disse, ainda, que na primeira fase o empreendimento vai ter capacidade para armazenar 580 mil metros cúbicos de gasolina, gasóleo e gás. Na segunda fase, referiu que depende do que for a procura do mercado e a capacidade poderá ascender até 728.500 metros cúbicos de armazenamento de combustíveis.

Mauro Graça sublinhou que, para garantir o funcionamento, foram recrutados 2.847 funcionários, dos quais 97 por cento angolanos (70% residentes no Bengo e províncias mais próximas).

Um grupo considerável de mulheres trabalha no projecto, em actividades operacionais, como soldadura, informou o director, salientando que especial atenção é dada à formação do pessoal: “Muitos jovens entraram para o projecto sem formação e hoje têm profissões específicas. E estão melhor capacitados e prontos para atender qualquer desafio”.

EQUIPAMENTOS JÁ NO PAÍS

Mauro Graça informou que boa parte dos equipamentos do Terminal Oceânico da Barra do Dande já está no país. “O objectivo é termos até ao final deste ano todos os equipamentos para a conclusão efectiva do projecto”, afirmou, indicando que em Janeiro, Fevereiro e Março de 2024 deverão ser concluídas as obras de construção, para nos meses seguintes se iniciar a montagem dos equipamentos e passar-se à fase dos testes, comissionamento e preparar-se o início das operações.

Por se tratar de movimentar camiões com produtos “altamente inflamáveis”, Mauro Graça defendeu melhorias nos troços rodoviários, ao mesmo tempo que defendeu a ligação da energia eléctrica do Terminal à Subestação da Centralidade do Kapari, no Bengo, salientando o desejo de o empreendimento funcionar a cem por cento com energias limpas.

DESCARTADA EXPANSÃO  DO NEGÓCIO NA REGIÃO

O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, descartou, ontem, na Barra do Dande, província do Bengo, a intenção de, numa primeira fase, expandir o negócio dos derivados de petróleo ao nível da região.

“Estamos preocupados com a segurança de derivados de petróleo a nível nacional, daí não se põe muito a questão dos pressupostos de zona franca”, declarou o governante aos jornalistas, no final da visita de campo do Presidente da República, João Lourenço, ao Terminal Oceânico da Barra do Dande.

Diamantino Azevedo disse que a intenção, numa primeira fase, não pressupõe ainda aspectos relacionados com uma possível expansão regional do negócio dos derivados do crude, mas garantir, antes, a auto-suficiência dos produtos no país.

“Queremos primeiro criar condições para que o país tenha maior autonomia em termos de abastecimento do mercado nacional em derivados de petróleo, e a nossa previsão é que isso aconteça no final do próximo ano”, afirmou.

No discurso de boas-vindas, a governadora do Bengo, Antónia Nelumba, referiu que, com o Terminal Oceânico da Barra do Dande, vai haver mais condições para as comunidades locais conseguirem mais empregos e melhorias das vias de comunicação.

Segundo a governante, a estrada do desvio da Barra do Dande até à zona será melhorada e a região vai registar o aumento de lojas de conveniência e de negócios como a restauração.

“O NÍVEL DE EXECUÇÃO FÍSICA É SATISFATÓRIO”

RNA – Estamos justamente no Terminal Oceânico da Barra do Dande. O projecto, ao que tudo indica, será entregue em 2024. Como é que avalia a execução física desta obra e também que mais-valia vai trazer para o nosso país e para África?

Presidente da República – O nível de execução física é satisfatório, se tivermos em conta que a obra retomou apenas em 2021 e termina, em princípio, já dentro de um ano, quase exactamente dentro de um ano.

Estamos a pensar, se calhar, inaugurar em Novembro do próximo ano, por ser o mês da Independência, embora, pelas indicações que recebemos, é de que a obra em si termine muito antes do mês de Novembro do próximo ano.

Há dois grandes projectos estratégicos do sector dos Petróleos que, lamentavelmente, antes de 2017 foram simplesmente abandonados. Estou a referir-me a este, o Terminal Oceânico da Barra do Dande, e à grande Refinaria do Lobito.

Qualquer um deles é projecto de grande importância estratégica para o país. Porque hoje se fala de segurança energética e, para se ter segurança energética, é preciso ter a garantia de produção de energia, por um lado, e ter uma grande capacidade de stockagem de combustíveis.

Portanto, decidimos em 2018 retomar este projecto. Depois da decisão, ainda tivemos que aguardar quase três anos.

A decisão foi tomada em 2018, mas, efectivamente, esta obra aqui teve início em 2021.

Em relação à Refinaria do Lobito, levou mais tempo, mas também a decisão está tomada e, não só a decisão… efectivamente, já se retomaram os trabalhos de continuidade para a conclusão da refinaria.

REDE GIRASSOL – Agora que termina a visita, Senhor Presidente, pergunto: primeiro, com que impressão é que fica, depois de receber explicações sobre o andamento deste projecto? A segunda pergunta é: do ponto de vista de exportação e distribuição de derivados de petróleo a nível do país e da nossa região da SADC, qual deverá ser o impacto desta importante infra-estrutura?

Presidente da República – Esta importante infra-estrutura vai contribuir, com certeza, para a exportação de derivados de petróleo. A nossa política é exportar, de preferência, produtos refinados e não petróleo bruto.

Esta infra-estrutura surge, precisamente, não apenas para assegurar, digamos, que não faltem produtos refinados para o consumo interno, para consumo do país, como também para termos maior oferta de produtos refinados para exportação.

Por isso é que, ao falar deste projecto, não deixo de falar da Refinaria do Lobito, porque uma produz e outra faz a stockagem.

A Refinaria do Lobito e outras refinarias de menor dimensão que o país, felizmente, acordou e está a construir… Porque é incompreensível que um país como o nosso, que é o segundo maior produtor de petróleo a Sul do Sahara, depois da Nigéria, que tivesse apenas a velha Refinaria de Luanda, como única unidade de refinação.

Em boa hora tomámos a decisão de criar capacidade para refinar uma boa parte do crude que nós exploramos.

Vai surgir a Refinaria de Cabinda, por coincidência também no final do próximo ano. Mais ou menos na altura em que estaremos a inaugurar esta unidade aqui, estaremos também a inaugurar a Refinaria de Cabinda, acredito que para Dezembro do próximo ano.

A Refinaria do Soyo, por razões de diversa ordem, não iniciou ainda os seus trabalhos de construção, mas vão a qualquer momento arrancar. E a Refinaria do Lobito que já retomámos, conforme disse. E caso não tenhamos constrangimentos de ordem orçamental, o que está por se fazer é algo que se faz em cerca de três anos. Vamos trabalhar no sentido de que, do ponto de vista orçamental, não faltem recursos para a conclusão daquela grande obra.

Fizemos a ampliação e modernização da outrora velha Refinaria de Luanda. Tivemos algum ganho, mas, bem espremida, deu para o que é hoje e não dá para mais.

Quadruplicámos a produção apenas de um produto refinado. Estou a referir-me à gasolina, mas o mesmo não podemos dizer em relação ao diesel, por exemplo.

 PA – O Senhor Presidente falava há instantes sobre a importância estratégica deste projecto para Angola e para os angolanos. Queremos saber, nesta altura, até porque é a Sonangol que está a salvaguardar a componente financeira deste projecto, se há dinheiro para que até Novembro do próximo ano, efectivamente, se possa distribuir combustível?

Presidente da República – Vocês gostam muito de saber se há dinheiro.  Se há dinheiro para os hospitais, se há dinheiro…[risos] Mas o dono da obra acabou de dizer: “vou entregar”.  Até falou em Julho/Agosto do próximo ano. 

Se diz que vai entregar, é porque tem dinheiro. A não ser que eles consigam fazer um milagre de terminar a obra mesmo sem dinheiro. Mas assumiram o compromisso de entregar a obra. Fica descansado!

Com dinheiro ou sem dinheiro, eles vão entregar. Mesmo que não haja dinheiro… Mas vamos partir do princípio que sim, que eles têm os recursos assegurados.

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