DIRIGENTES DA SUAVE “DESVIAM DINHEIRO DO INSS” E DESPEDEM INJUSTAMENTE MAIS DE CEM TRABALHADORES
Mais de cem trabalhadores da empresa Suave, vocacionada para a produção industrial, embalagem e distribuição de produtos de higiene, localizada no KM 14, município de Viana em Luanda, foram despedidos pela empresa alegadamente por estes se terem filiados ao sindicato dos trabalhadores, denunciaram os ex-trabalhadores ao Jornal Hora H
ANNA COSTA
Segundo os denunciantes, desde que, em Maio do ano em curso, trouxeram para dentro da Empresa uma Comissão Sindical, começaram a sentir-se intimidados pelo Director dos Recursos Humanos, Augusto Tomás, que exigiu que os trabalhadores assinassem um documento de renúncia ao sindicato, elaborado pela direcção da Suave.
Não havendo concordância com os trabalhadores, a direcção decidiu passar pelo processo de despedimentos, apresentando como justificativo “ problema de divisas”, o Recursos Humanos da empresa a elabora um documento de despedimento por mútuo acordo.
“ No primeiro documento que tínhamos que assinar estava escrito que era despedimento por mútuo acordo mas isso não é verdade, depois de nós recorrermos a empresa disse que está a tirar os trabalhadores por não mostrarem competência nos seus cargos, procurei saber da jurista, Dra. Maria, de que forma fez a avaliação e ela em frente a equipa da inspecção disse que também não sabia de que forma se fez a avaliação”, contou um dos lesados ao Jornal Hora H.
Outra lesada, conta que sofriam ameaças da parte da Direcção que vezes sem conta anunciavam que “ todos que se filiaram ao Sindicato seriam expulsos e que o sindicato não defenderia ninguém”.
De acordo com os denunciantes, o dia em que aperceberam-se do despedimento, foi uma surpresa. Estes foram informados que o Director dos Recursos Humanos, Augusto Tomás, os precisava para uma conversa e daí receberam a informação de que era um despedimento e que tinham que assinar algumas documentações, o que foi rejeitado pelos trabalhadores que defenderam ter uma comissão sindical e advogados com quem a Empresa devesse tratar sobre o assunto.
Uns dos lesados, que exercia, até ao momento do despedimento, o cargo de operador de máquinas acusa a instituição de enganar os órgãos de comunicação com o discurso de que estão com problemas nas máquinas por esta razão sentem necessidade de despedir funcionários.
Para o jovens trabalhador da Suave há mais de 9 anos, tudo não passa de mentira, pois que quando um órgão decide visitar as instalações da Suave a direcção manda desligarem 80% todas as máquinas e envia o pessoal para uma outra área, “para passar a ideia de que as máquinas estão avariadas”, disse.
Outra reclamação de quem já se conformou com o despedimento é com base nos valores pagos como indemnização que segundo eles não corresponde com o tempo de serviço.
“ Quando saímos não assinamos nada, não entramos em nenhum acordo com a empresa e eles transferiram os nossos valores de indemnização. Nós não estamos a entender como é que alguém que está há 5 anos recebe o mesmo valor com que está há nove, dez anos”, comentou a jovem.
Os denunciantes acusam o Director Augusto Tomás de falar mal com os trabalhadores sobretudo as mulheres, chegando mesmo a pronunciar que envolveu-se com todas as mulheres da empresa para terem acesso ao trabalho.
“Na Suave os estrangeiros são valorizados e os angolanos são apenas ferramenta de trabalho e nós que fomos despedidos os nossos cargos já foram ocupados por outro pessoal, se forem lá vão encontrar trabalhadores novos, recebemos essas informações de pessoas de dentro,”contou um dos lesados.
Manuel Domingos, secretário da comissão sindical entende que o processo de despedimento está a ser mal conduzido e confirmou que 80% dos filiados ao sindicato estão fora da empresa.
Disse que já se marcou mais de dois encontros com a Direcção da Suave para acertos e que nenhum deles foi realizado.
“ O último encontro que marcamos a desculpa foi que a direcção, advogados e outros membros da direcção estavam na administração a resolver um problema das vias de acesso para as instalações da suave”, disse o Secretário ao Hora H
O líder sindical avançou ainda que caso não se encontre consenso por via do diálogo irá intentar uma acção judicial contra a empresa.
O Jornal Hora H contactou a direcção da Suave na pessoa do acusado, Augusto Tomás, que indicou o advogado da empresa Basílio Kâmbia para responder às acusações. Este, por sua vez, ligou para marcar o dia que compareceria para entrevista, uma vez que limitaram-se a não responder pelo telemóvel, porém o aguardamos mais de 24 horas do dia combinado até ao fecho desta matéria Basílio Kâmbia não se fez presente.