Mais de mil famílias vivem em condições deploráveis, em casebres de chapas e panos, desde 2016, no distrito urbano do Calumbo, bairro Cassaca 2, depois de terem sido retiradas do Zango 3, pela Administração de Viana, antes liderada pelo Administrador Jeremias Dumbo, por, alegadamente, terem estado numa zona que era reserva do Estado. Elas clamam pela intervenção urgente das administrações, municipal e comunal que se mantêm ao silêncio até aos dias actuais.

ANNA COSTA

O drama destas famílias, começou quando foram surpreendidas por homens e máquinas que destruíram casas e plantações, (no local está actualmente o supermercado ANGOMART), e foram “ lançados no bairro Cassaca 2, localizado entre capins e embondeiros.

“ Eles nos tiraram daí como se fossemos cães e vieram nos atirar aqui, até hoje nunca nos dizem nada, estamos aqui a sofrer há oito anos”, lamentou uma das idosas visada.

Habitações não condignas feitas de pau a pique pelos moradores, lixeira a céu aberto, local usado pelos moradores para depositarem os sacos usados das necessidades maiores e menores, cheiro nauseabundo é o cenário que chama a atenção dos visitantes que entram no bairro Cassaca 2.

“Nós aqui, o quarto somos a sala, é a cozinha e também é o quarto de banho, estamos a sofrer, fazemos as necessidades nos sacos e atiramos ali na lixeira”, contou outra moradora.

O bairro, sem escola, nem hospital apresenta um crescimento populacional acelerado e nele regista-se a presença maioritária de crianças de todas as idades que segundo os encarregados, não têm acesso ao ensino escolar.

“ Nossos filhos não estudam, outros estão a se meter na vida dos grupos, por isso estamos a pedir, encarecidamente ao senhor administrador para nos ajudar e nos tirar daqui”, disse uma jovem visivelmente cansada

“Para fazer consultas é distante, as mulheres grávidas durante o parto sofrem muito, e as nossas crianças nascem com muitos problemas outros adoecem com paludismo porque temos muitos mosquitos aqui” contou outra lesada.

De acordo com o intitulado representante das bate-chapas, Fragoso Vunge, no bairro já morreu mais de 20 pessoas em épocas chuvosa, devido as fortes corrente de água e acaba por “ romper ” as casas.

ADMINISTRADOR ACUSADO DE ENGAVETAR PROCESSO QUE AUTORIZA ENTREGA DE CASAS

 Fragoso Vunge, disse que já escreveram para a presidência da República e para o Governo Provincial de Luanda e o governador Manuel Homem exarou um despacho que autoriza a entrega de casas condignas às famílias, documento este que, segundo o coordenador das bate chapas, foi engavetado pelo administrador municipal de Viana em conivência com os administradores do distrito do Zango e Calumbo.

“ Os administradores de Viana, Zango e Calumbo têm conhecimento da situação vivida pelas mais de 100 famílias e depois de escrevermos para a Presidência da República e o Governo Provincial, nos apercebemos que Manuel Homem deu um despacho que orienta a entrega das residências mas o administrador Demétrio e outros arquivaram o documento enquanto nós estamos aqui no sofrimento ”.

O Jornal Hora H, evidenciou esforços para ouvir os acusados mas sem sucesso.