BUREAU POLÍTICO DO MPLA ACCIONOU O MODO SOBREVIVÊNCIA – RAUL DINIZ
O MPLA começa a entender a enorme reprovação quase geral, do modo como o presidente João Lourenço governa o país. Desde que subiu ao poder, o presidente João Lourenço, utiliza levianamente o poder cometer todo o tipo de atrocidades sem nunca ter sido responsabilizado pelo bureau político do seu partido.
Quando tomou posse, parecia que o país iria desanuviar, poucos são os que não aplaudiram o início do primeiro mandato do presidente João Lourenço, pensava-se mesmo que era rentrée de uma nova era, que marcaria um ciclo de políticas inovadoras na vida dos angolanos. Debalde.
Em 2018 o presidente mostrou para o que viera, o país escureceu e tornou-se muito feio. Na intenção de pacificar o país, o povo sinalizou, que não aceitaria mais abusos idênticos aos praticados pelo presidente da república durante o primeiro mandato.
Ora, o presidente e sua entourage não ligaram para os avisos e continuaram iguais a si mesmos. Transformaram o país numa selva, os desmandos continuaram só que com maior intensidade e grande ferocidade.
As perseguições a família do presidente recomeçaram. A engenheira Isabel dos Santos, tornou-se o alvo preferencial das constantes perseguições movidas pelo presidente João Lourenço. Pareceu-nos em certa medida, que a filha mais velha do ex presidente JES, seria o seu troféu particular do presidente.
Tornou-se evidente, que a caça e posterior prisão da engenheira Isabel dos Santos, seria e é um assunto de estado prioritário como se verifica. A Prisão da engenheira seria maneira de mostrar o seu poder ilimitado aos seus adversários e opositores no interior do MPLA. Porém o tiro saiu-lhe pela culatra.
A iniciativa politica da UNITA de apresentar a abertura do processo de impedimento do presidente da republica chegou num momento de grande desolação para os Angolanos. O país vaia deriva, a fome e miséria invadiram os lares improvisados dos angolanos.
Em boa hora o processo de impedimento veio para destravar o país que rodava a uma só velocidade, o impeachment veio igualmente para alertar os distraídos da necessidade de travar o ímpeto do presidente aventureiro, que sistemicamente tem violado o acto de juramento com acções que atentam contra a constituição e contra o estado de direito democrático que jurou defender.
De facto, era necessário e importante responsabilizar o presidente da república com os remédios constitucionais a disposição dos deputados eleitos. Ao contrário da reacção exacerbada que teve, o MPLA devia encarar o pedido de impeachment com tranquila normalidade.
Afinal de contas o próprio MPLA passou o tempo todo a chamar a UNITA de arruaceiros e a tentar sobretudo a acusar directamente a UNITA e a sociedade civil de utilizarem as ruas para fazer sublevação e causar o caos e instabilidade para chegar ao poder.
Nesse quesito, o MPLA devia abrir alas, porque a UNITA teve a coragem de levar a ingovernabilidade do país a discussão a assembleia nacional, para discussão e ponderação dos deputados eleitos. Não importa a filiação de cada deputado, o importante mesmo é debater pedagogicamente a situação em causa e no local certo.
O MPLA no seu atrapalhado comunicado que acima de tudo revelou insegurança, diz que é pai da nação, que santa ignorância! Infelizmente o partido que ajudei a ser poder em Angola, transformou-se num fiasco nacional despropositado.
Esqueceram-se por acaso da luta de séculos dos vários reinos, que se bateram contra a ocupação colonial! Vale lembrar aqui, que a simples proclamação da independência não confere a paternidade exclusiva nem individual fundador da nação. Mas que disfunção intelectual!
O MPLA está obrigado, isto é, se ainda tem compromisso com o povo, deve aproveitar a ocasião para discutir sensatamente os aspectos que atrapalham o firmamento do estado de direito democrático que se pretende.
É importante repensar o país, a liberdade de expressão e o respeito dos direitos humanos. Principalmente, a bancada do MPLA deve colocar para discussão e consequente aprovação o restante do pacote legislativo das autarquias. A bancada do MPLA na assembleia nacional, deve prezar pela sua independência do executivo.
Na votação deve reflectir apenas e só a verdade e a realidade que o país vive há seis anos sem esquecer, que a votação é individual e secreta. O voto não pertence ao MPLA nem da UNITA. Ademais, é chegado a hora do MPLA e o presidente João Lourenço habituarem-se a respeitar a lei e a constituição.
Não pôde apenas uma franja da sociedade estar obrigada a respeitar a lei e a constituição, todos somos iguais perante a lei e a constituição. Aliás, todos quantos acompanharam o despoletar do processo de destituição do presidente da UNITA, viram coragem e humildade da direcção desse partido.
A UNITA reergueu-se uma vez mais das cinzas como já o havia feito duas vezes, a primeira quando nós o MPLA decapitamos a direcção da UNITA em 1992, e a segunda vez quando o MPLA ordenou o assassinato do seu líder fundador o dr Jonas Savimbi.
Apesar da instrumentalização inescrupulosamente o tribunal constitucional ter sido usado para anular o congresso da UNITA dois anos após a sua realização e aprovado pela corte, a UNITA não enveredou pelas arruaças como o MPLA esperava.
Ao contrário disso, a UNITA usou os remédios constitucionais ao seu dispor para repor a legalidade, o partido uniu-se com os amigos e simpatizantes e novamente realizaram outro congresso, a situação ficou sanada e a república não sucumbiu.
Espera-se assim, que dessa vez, o MPLA não accione indevidamente o modo sobrevivência e prime pelo respeito a lei e a constituição, encare o processo de impedimento do presidente da república com civilidade, utilize os remédios jurídicos e constitucionais a sua disposição para sanar a situação.
Importa aqui, que os deputados das várias tendências do MPLA zelem pela vida, respeito, a defesa da dignidade humana dos angolanos, fiscalizem com isenção e respeito na administração do erário público.
Estamos juntos.