FESTIVAL DA REGIÃO LESTE PROMOVE DIVERSIDADE DOS ESTILOS TRADICIONAIS
Os grupos tradicionais de música e dança na Região Leste do país, nomeadamente, Moxico, Lundas-Norte e Sul, esperam uma maior valorização dos estilos de raiz e a própria preservação da matriz cultural, com a realização da primeira edição do Festival de Música e Dança NGEYA que se realiza nos 23 e 24 deste mês, na cidade do Luena.
O festival acontece numa altura em que os grupos necessitam de mais espaços para a dinâmica que se pretende na valorização e preservação dos mais variados estilos musicais de raiz e dos seus protagonistas.
Para os grupos tradicionais como Tchinguvu, Muesseke Wtale, Txako Txa Utxokwe e Mavinga deveria fazer-se um pouco mais para a preservação do folclórico, uma realidade que está a “perdurar no tempo”. Por outra, acreditam que a iniciativa da Sociedade Mineira de Catoca vai de certa forma cobrir uma lacuna muito presente no país no sentido de dar alguma visibilidade aos trabalhos desenvolvidos pelos grupos tradicionais.
De acordo com o líder do grupo Tchinguvu, Estêvão Tchiazi, manter um projecto cultural e artístico no activo não tem sido tarefa fácil para ninguém, sobretudo, para os grupos tradicionais que são pouco valorizados pela sociedade angolana. Lamentou o facto dos grupos serem aproveitados somente quando existem cerimónias governamentais e pouco ou nada mais acontece de produção de festivais do género na região.
Estêvão Tchiazi fez um enquadramento histórico para explicar que o grupo procura manter o mesmo formato deixado pelos ancestrais há mais de um século de existência do grupo Tchinguvu que significa (tambor), um instrumento musical de percussão. “O país precisa fazer um pouco mais no resgate e valorização do folclore nacional e dos seus executantes”.
Para o seu colega e co-fundador do grupo, um dos lemas, ao longo das décadas de existência, tem sido trabalhar para “não deixar morrer a matriz cultural de raiz”.
Para isso, o grupo vai continuar a manter uma identidade original a nível dos instrumentos tradicionais e da pesquisa do próprio folclórico, afirmou, o também vocalista e tocador de tambor. Proveniente do bairro Kamakenzo 2, na província da Lundas-Norte, os elementos do grupo Tchinguvu enfatizaram a importância de uma maior valorização dos ritmos e estilos tradicionais. “O Ministério da Cultura e Turismo e os órgãos de comunicação social, sobretudo, os empresários precisam dar mais atenção e criar outros eventos do género pela promoção e defesa dos estilos tradicionais nacionais”.
Durante o período de “letargia” ou falta de actividades culturais e artísticas os integrantes do Tchinguvu ensaiam três vezes por semana, para aperfeiçoar técnicas, como canto, execução de instrumentos musicais, entre os quais o batuque.
ESTÍMULOS FINANCEIROS AOS PARTICIPANTES
O responsável do grupo Muesseke Wtale, André João Kapela, disse que se tem dado pouca importância e visibilidade ao trabalho feito pelos grupos folclóricos nacionais.
Para André João Kapela, ao longo de duas décadas de existência do grupo, o folclore continua a ter pouca expressão no panorama musical nacional.
Actualmente, garantiu, não têm muito para fazer, mas o grupo tem trabalhado algumas coreografias e mantido encontros periódicos, enquanto esperam por convites para actuar nos casamentos, actividades tradicionais e de Estado. O grupo é constituído por 24 integrantes e é defensor dos estilos tchianda, tchissela e akichi.
Com o quartel-general montado no Bairro Kamakenzo 2, o grupo apresenta um reportório composto por ritmos musicais e danças, muito criado com base em pesquisas feitas na Região Leste de Angola. Fundado em Janeiro de 2001, tem feito um calendário de actuação, em função dos principais desafios e preocupações das Comunidades locais onde são abordados permanentemente questões sobre a violência doméstica, o respeito aos mais velhos e a preservação da cultura lunda-tchokwe.