NO PODER A 20 ANOS: PRESIDENTE TURCO ERDOGAN VENCE REELEIÇÃO
O actual Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi reeleito na segunda volta das eleições de domingo. A vitória significa que o actual presidente iniciará a sua terceira década como líder da Turquia
Erdogan falou aos seus apoiantes depois de os resultados preliminares não oficiais lhe terem dado 52% dos votos, contra 48% do seu adversário, Kemal Kilicdaroglu.
“Agradeço a cada membro da nossa nação por me ter confiado a responsabilidade de governar este país mais uma vez nos próximos cinco anos”, disse Erdogan, que procurava uma terceira década no poder. “Gostaria de agradecer a todos os nossos cidadãos que mostraram a sua vontade de futuro, tanto para si próprios como para os seus filhos, ao votarem nas eleições.”
O candidato Kilicdaroglu, reagindo aos resultados anunciados, disse que foi uma eleição injusta.
“Vivemos as eleições mais injustas dos últimos anos”, disse. “Todos os meios do Estado foram mobilizados para um partido político. Todas as possibilidades foram colocadas sob os pés de um homem”.
Kilicdaroglu também agradeceu aos mais de 25 milhões de pessoas que votaram nele.
Erdogan era considerado como o mais bem colocado para a votação de domingo, depois de ter falhado por pouco a vitória na primeira volta.
Tanto Erdogan como Kilicdaroglu disseram em comícios finais de campanha, no sábado, que a afluência às urnas seria fundamental para o resultado das eleições presidenciais. Os críticos acusaram Erdogan de minar a democracia, prender os críticos e centralizar o poder. Kilicdaroglu tinha-se comprometido a devolver à Turquia a democracia parlamentar e a libertar os presos políticos mais importantes.
Bugra, um eleitor que só quis ser identificado pelo seu primeiro nome, disse que a própria democracia estava a ser votada. “O governo do povo, a república, estes são os valores que viemos aqui defender.
Durante 20 anos, este governo só tem tentado conduzir-nos a uma monarquia legítima, tentando tornar o parlamento disfuncional”, disse.
Mas Erdogan jogou a carta do nacionalismo, acusando o seu adversário de ser brando em relação ao terrorismo e insistindo que o país precisa de uma liderança forte para fazer frente aos aliados ocidentais da Turquia e enfrentar os perigosos desafios colocados por uma vizinhança que inclui a Síria e a Ucrânia.
É uma posição que ressava com outro eleitor, Yunus Koz. “É muito importante. Sou muçulmano, sou turco, amo muito esta pátria e quero que a minha pátria continue nas mãos de Tayyip Erdogan. O outro lado [Kilicdaroglu] quer que ela fique nas mãos das potências imperialistas”, disse Koz. Erdogan foi o mais votado na primeira volta, mas Kilicdaroglu manteve-se competitivo com a sua viragem para políticas nacionalistas de linha dura, incluindo o apelo ao regresso de milhões de refugiados sírios.
Entre os que felicitaram Erdogan após a sua vitória eleitoral contam-se o rei Salman e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman da Arábia Saudita, o presidente egípcio Abdel-Fattah el-Sissi e o presidente dos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohamed bin Zayed Al-Nahyan. Entre as organizações e os líderes ocidentais que o felicitaram, contam-se a União Europeia e a NATO, o Presidente dos EUA, Joe Biden, o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, e o Presidente russo, Vladimir Putin, que se referiu a Erdogan como seu “querido amigo”, afirmando que o povo turco aprecia a política externa independente de Erdogan.
Para grande preocupação dos tradicionais aliados ocidentais da Turquia, Erdogan desenvolveu uma relação estreita com Putin, apesar da invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma relação que Erdogan prometeu aprofundar durante a sua campanha eleitoral.