PR QUER INVESTIDORES ITALIANOS NAS ROCHAS ORNAMENTAIS E INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

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O Chefe de Estado, João Lourenço, defendeu, quarta-feira, no Palácio de Quirinale, Roma, o alargamento da cooperação com a Itália, no segmento das rochas ornamentais, indústria farmacêutica, da madeira, confecção de móveis e outros sectores que visam alavancar a economia entre os dois países.

A pretensão foi manifestada à imprensa, no final do encontro, de quase uma hora, com o homólogo italiano, Sergio Mattarella.  João Lourenço disse ser desejo de Angola que os investidores italianos invistam noutros sectores da economia nacional, mas que sejam do interesse de cada investidor.

O Presidente João Lourenço acentuou, a propósito, que Angola está interessada no investimento privado italiano, mas também em abrir portas à entrada dos empresários nacionais no mercado italiano, com base no interesse recíproco entre os Estados. Durante o encontro, que serviu para avaliação do actual estado de cooperação entre Angola e a Itália, os dois Chefes de Estado concluíram existir ainda um grande potencial e muito terreno por se explorar.

Em declarações à imprensa, João Lourenço disse que a presença italiana em Angola é concentrada, sobretudo, no Sector Energético, da Agricultura e, de alguma forma, na Defesa e Segurança. Com efeito, o Chefe do Executivo angolano entende serem poucos os investimentos entre os dois países, daí a pretensão para o seu alargamento e que investidores italianos entrem noutros sectores que sejam do interesse das partes. “Temos as portas abertas para receber os investidores italianos”, convidou.

João Lourenço fez saber que, além de tratar de questões bilaterais relacionadas com a cooperação económica, abordou com Sergio Mattarella aspectos culturais entre os dois Estados, Neste particular, reconheceu que o país europeu conta com as melhores universidades do mundo onde estão estudantes angolanos.

Na sua intervenção, o Presidente da República garantiu o apoio de Angola ao Governo italiano, que pretende acolher a Expo-Universal 2030. “A Itália pode contar com o apoio de Angola para esta realização, para que essa pretensão seja materializada”, garantiu.

Os dois estadistas passaram, igualmente, em revista questões da política internacional, com destaque para os vários conflitos armados que ainda se registam em África, como na República Democrática do Congo, assim como nos países que compõem a região do Sahel, nomeadamente o Mali, Burkina Faso, Guiné e Nigéria, que vive um terrorismo que considerou preocupante.

João Lourenço referiu-se, também, ao conflito no Sudão, que preocupa bastante os Estados africanos e que já provocou um número considerável de vítimas humanas, destruição de património, bem como um número elevado de deslocados internos e de refugiados em países vizinhos.

O estadista falou, ainda, da invasão da Ucrânia pela Rússia, que desencadeou a maior crise humanitária, alimentar e energética que o mundo vive desde a Segunda Guerra Mundial.

O Chefe de Estado angolano lembrou que o conflito entre a  Ucrânia e a Rússia, elém de causar a maior crise alimentar, não apenas na Europa, mas no mundo de forma geral, a guerra  resultou em cerca de 15 milhões de refugiados internos e externos.

João Lourenço reafirmou o posicionamento de Angola em relação a este tipo de conflitos: a condenação da invasão e anexação de parte do território ucraniano. “Angola e a Itália apelam ao fim imediato deste conflito e que se chegue rapidamente a um cessar-fogo e se dê início a uma paz que seja duradoura, que garanta a paz e a segurança, não apenas para a Ucrânia, para a Europa, mas para o mundo”, exortou o Presidente angolano, para quem, “caso isso não aconteça, este conflito corre o sério risco de se tornar num conflito nuclear, o que será mau para todo o mundo”.

O Presidente João Lourenço, que foi recebido com honras militares e uma curta passeata com cavalaria militar, um momento que mereceu a atenção de vários turistas, sublinhou que o encontro de ontem serviu para selar e demonstrar os laços de amizade e cooperação entre Angola e a Itália. Lembrou que Sergio Mattarella, que visitou Angola em 2019, foi o primeiro Chefe de Estado italiano a fazê-lo.

  JOÃO LOURENÇO CONDECORADO  COM A ORDEM DE MÉRITO DA ITÁLIA

O Chefe de Estado angolano foi condecorado, ontem, em Roma, com a Ordem de Mérito da República italiana, a mais alta concedida  por aquele país europeu.

Ao discursar num jantar que lhe foi oferecido pelo homólogo italiano, o Presidente João Lourenço agradeceu a outorga, que recebeu “em representação de todo o povo angolano”, que é “o grande merecedor desta distinção”, pela sua contribuição à causa da libertação dos povos, da paz e da harmonia entre as nações.

João Lourenço afirmou que ao outorgar, em 2019, ao Presidente Sergio Mattarella e à Primeira-Dama da República italiana a Ordem Agostinho Neto, a mais alta condecoração atribuída a entidades estrangeiras, fê-lo como gesto de reconhecimento pelo apoio que o povo italiano, através de organizações da sociedade civil, prestou à luta de libertação nacional que conduziu o país à Independência Nacional.

O Presidente angolano lembrou que a Itália foi o primeiro país europeu a reconhecer, em Fevereiro de 1976, Angola como um Estado soberano, e ter sabido manter as relações de amizade e cooperação económica com Angola nos difíceis anos do conflito armado até à presente data.

“Viemos à Itália com o propósito de aprofundar os laços de amizade e de cooperação já existentes entre os nossos países, reafirmar o desejo de ver cada vez mais investimento privado italiano em Angola e angolano na Itália”, disse João Lourenço, garantindo que o ambiente de negócios que se vive em Angola é bastante favorável ao investimento privado estrangeiro em todos os domínios da economia que sejam do interesse dos investidores.

O Chefe de Estado contou que, nos encontros que manteve durante o dia de ontem, pôde constatar perspectivas animadoras para o futuro próximo das relações entre Angola e a Itália. Reforçou, por isso, a esperança de que a sua visita à Itália represente um marco importante na construção de uma parceria forte com benefícios recíprocos.

João Lourenço disse terem sido assinados, ontem, um conjunto de instrumentos jurídicos que reforçam a cooperação entre os dois países.

O Presidente da República considerou, entretanto, que “só pode haver desenvolvimento económico e social dos países num ambiente de paz e segurança”. Por esta razão, aproveitou a oportunidade para manifestar a sua “grande apreensão” com o rumo dos conflitos no mundo, que, realçou, “urge resolver, por ameaçarem as vidas dos povos e das economias de países e regiões do nosso planeta”.

“Em África, lutamos contra a instabilidade criada pelo terrorismo e os golpes de Estado nos países da região do Sahel, com a situação no Leste da RDC e, mais recentemente, com o eclodir da guerra civil no Sudão, que em pouco tempo já causou centenas de mortos, milhares de feridos, milhares de deslocados internos e de refugiados acolhidos nos países vizinhos”, salientou.

O conflito israelo-palestiniano, disse, não tem contribuído para os esforços da comunidade internacional de fazer do Médio Oriente uma zona de paz e segurança.

João Lourenço defendeu que as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a necessidade da criação do Estado da Palestina, que conviva lado a lado e pacificamente com o Estado de Israel, devem ser implementadas, sob pena de se eternizar um conflito que tem trazido, ao longo dos anos, muita dor e sofrimento a ambos os povos, o palestino e o israelita.

O Chefe de Estado angolano referiu-se, igualmente, à situação na península coreana, que continua a merecer a sua maior atenção, pela ameaça nuclear que representa.

“A invasão da Ucrânia, a ocupação e anexação de parte do seu território pela Rússia, representam a maior ameaça à paz e à segurança da Europa após o fim da Segunda Guerra Mundial e, como tal, deve ser condenada e desencorajada”, defendeu João Lourenço, para quem “a soberania e a integridade territorial da Ucrânia são inalienáveis e devem ser respeitadas”.

O Presidente angolano disse ser urgente alcançar-se um cessar-fogo imediato e dar-se início a conversações que tragam uma paz duradoura e a garantia de que esta tragédia jamais voltará a acontecer em solo europeu.

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