INTEGRA DAS DECLARAÇÕES  DE JOÃO LOURENÇO NO DESCERRAMENTO DA PLACA DE CONCLUSÃO DAS OBRAS DO APROVEITAMENTO HIDROELÉCTRICO DE LAÚCA

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TVZIMBO – Muito boa tarde, Senhor Presidente da República. Eu começaria por perguntar, olhando para aquilo que são as grandes linhas de orientação do Executivo no que a atracção de investimento externo diz respeito, o que é que a conclusão deste projecto agrega a esta pretensão de trazer a Angola o maior número possível de investidores? A segunda questão prende-se com a distribuição da energia eléctrica, numa altura em que o país está muito perto de alcançar a sua capacidade máxima de produção de energia eléctrica. Como é que o Senhor Presidente olha para a questão da distribuição, uma vez que o processo de electrificação está muito pouco acima daquilo que são as expectativas? Estamos a falar em pouco mais de 40 por cento…

PR – Muito boa tarde. Eu gostaria de dizer que hoje é um dia de grande alegria, se tivermos em conta que aqui, a partir do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, viemos dar por concluídas as obras desta importante infra-estrutura energética para o nosso país. Digo importante porque ela sozinha consegue satisfazer cerca de 40 por cento das necessidades de consumo de energia do nosso país. Consumo actual. Se a demanda assim o exigir, pode produzir 2.070 Megawatts. Só Laúca! Mas, se tivermos em conta que hoje o sistema nacional de distribuição de energia tem a contribuição de várias.

fontes de produção, nomeadamente o Ciclo Combinado do Soyo; a Barragem de Cambambe, no Dondo; a Barragem de Capanda, aqui próximo; esta Barragem de Laúca, o país está neste momento a produzir energia suficiente para a actual demanda. O país está a produzir, entre as fontes hídricas mais as centrais fotovoltaicas do Biópio e da Baía Farta, mais recentemente de Caraculo, no Namibe, e as centrais térmicas em algumas províncias, estamos muito próximo de atingir os 7.000 Megawatts de energia eléctrica a nível nacional.

Tudo isso para dizer que nós estamos a procurar investimentos privados no nosso país, quer seja estrangeiro, quer seja nacional. Estamos à procura sobretudo de industrializar o nosso país. Queremos mais indústrias, porque elas produzem bens e serviços e dão bastante emprego. E não há indústria sem energia.

Não há indústria sem infra-estruturas: energia, água e acessos. Portanto, o problema da energia está sendo resolvido e o que devo dizer é que a indústria está neste momento atrás da oferta de energia. Está-se a oferecer mais energia do que a nossa indústria e o consumo doméstico estão a demandar.

Por outras palavras, para dizer que a indústria – agora sim-, deve correr para conseguir acompanhar a oferta de energia que o sector energético nacional já consegue garantir. Dizer também que em termos de produção de energia, resta-nos fazer pouco. Restanos construir o grande Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça, que será ainda maior que Laúca.

Falta-nos construir mais centrais de produção de energia fotovoltaica, algumas das quais já estão identificadas, e mesmo até em construção, e investir em dois eixos fundamentais: na transportação da energia, produzida aqui na Bacia do Kwanza e em outras localidades, e investir nas redes domiciliárias em praticamente todo o país. Portanto, repito que já não estamos mal em termos de produção, mas ainda estamos mal em termos de levar esta produção para junto dos consumidores, quer com as linhas de transportação, quer com as redes domiciliárias.

TPA – Muito boa tarde, Senhor Presidente da República. Os investimentos feitos no sector energéctico vêm acompanhados também com a componente formativa de quadros. Como é que o Senhor Presidente olha para a formação dos quadros nacionais que agora dão cartas nas centrais hidroeléctricas do país?

PR – A prática tem sido transitarem de projecto para projecto. Um certo número de quadros que encontrámos aqui, neste Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, são os mesmos que construíram, por exemplo, Capanda; são os mesmos que fizeram o alteamento da Barragem de Cambambe, no Dondo. E com certeza que serão os mesmos que vão ser transferidos, vão reforçar, digamos, a capacidade de mão-deobra para mais rapidamente concluirmos o Aproveitamento Hidroeléctrico de Caculo Cabaça.

O sector energético não se limita apenas às fontes de produção de energia. Quando já não tivermos barragens hidroeléctricas para construir, estes mesmos quadros, por serem do sector, com certeza que serão aproveitados e terão, em princípio, o emprego garantido.

RNA – Muito boa tarde, Senhor Presidente. Falou de Caculo Cabaça, que está em fase de conclusão. Existe um horizonte específico para a sua conclusão? E, por outra, existe uma série de projectos que estão a ser executados pelo país, no que toca às centrais fotovoltaicas. Como é que estamos neste processo?

PR – Eu dizia esta manhã em Malanje que, em princípio, se tudo correr bem, sobretudo com a questão da linha de financiamento, é muito provável que concluamos Caculo Cabaça em 2026. Esta Barragem de Laúca foi construída com recursos ordinários do tesouro, o que é uma situação extraordinária.

Um investimento desta envergadura é de preferência que tenha uma linha de financiamento segura. Lamentavelmente, não aconteceu com Laúca. Foi um esforço financeiro muito grande para a tesouraria do país, mas chegámos ao fim! Caculo Cabaça é maior que Laúca. Portanto, muito mais difícil seria fazermos Cacuclo Cabaça com recursos ordinários do tesouro.

O único constrangimento, se acontecer – mas esperamos bem que não – , seria, no caso de Caculo Cabaça, termos dificuldades na linha de financiamento desta grande estrutura energética. Em relação aos projectos de produção de energia fotovoltaica – ou vulgo solar -, depois da inauguração dos projectos do Biópio, Baía Farta (cuja produção ronda, em conjunto, em cerca de 300 Megawatts), acabámos de inaugurar, o ministro fê-lo na província do Namibe, a Central Fotovoltaica de Caraculo. É uma central pequena, mas de qualquer forma esta energia injectada na rede nacional é sempre um contributo para o aumento da oferta de energia. Em Saurimo, demos início a um projecto que está quase a terminar, também de energia fotovoltaica, entre muitos outros previstos para toda aquela região Leste do país. Vai abranger as províncias da Lunda Sul, Lunda Norte e do Moxico, com maior oferta de energia fotovoltaica. Já agora, uma vez que estamos a falar do Leste do país, vamos ainda este ano inaugurar o Aproveitamento Hidroeléctrico do Luachimo, na província da Lunda Norte.

Quanto ao solar, está anunciado – e estamos a trabalhar para que este anúncio se transforme em realidade – o grande projecto de energia fotovoltaica que tem o financiamento do EXIMBank americano, para satisfazer as necessidades de energia, incluindo ligações domiciliárias nas quatro províncias do Sul do país, nomeadamente Huíla, Namibe, Cunene e Cuando Cubango.

Para além disso, estas províncias do Sul vão receber energia daqui. Energia das quatro barragens que estão sobre o Rio Kwanza. Energia essa que já chegou ao Huambo e a partir do Huambo estamos a trabalhar na construção das linhas de transportação para o Lubango e para Matala. E destas duas localidades vamos alimentar também – pelo menos o Namibe, Cunene e o Cuando Cubango -, com esta energia hidroeléctrica produzida aqui na Bacia do Kwanza.

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