NA ERCA: ADELINO DE ALMEIDA NEGA EXISTENCIA DE PERSEGUIÇÃO A JORNALISTAS
Depois de uma denúncia sobre perseguições a jornalistas de órgãos de comunicação social privados, feita pelo jornalista e Director do Jornal Hora H, Escrivão José, na jornada sobre o dia da liberdade de imprensa, realizada na última terça-feira, 2, pela Entidade Reguladora da Comunicação em Angola (ERCA), o Presidente, Adelino Marques de Almeida e o Secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas Albino, negaram que haja perseguição a jornalistas, salientando ser “um falso problema”.
ANNA COSTA
Na sua intervenção, Escrivão José, que disse ter mais de vinte processos em que os queixosos, são alguns dirigentes do MPLA, por matérias que torna pública, sugeriu que a provedoria de Justiça, um dos elementos que compôs a mesa do presidiu, trabalhasse mais, para acabar com as perseguições aos jornalistas em Angola, porém não deixou de elogiar o conteúdo apresentado.
“Tudo que a doutora (Florbela Araújo) leu aqui é muito bonito, mas na prática não acontece em Angola, eu acho que este exercício é muito bom, mas precisa-se trabalhar mais, porque em Angola existe perseguições aos jornalistas”, denunciou.
“ Várias vezes fui seguido, recebi mensagens de ameaças, já abri processos no SIC, contra pessoas que me perseguem, mas nunca tiveram pernas para andar. A quem nós os jornalistas devemos confiar, senhora provedora?”, questionou o Jornalista que deu exemplo de outros colegas que segundo o mesmo, sofrem perseguições e ameaças.
O Director e Jornalista do Jornal Hora H, Escrivão José, apelou também a ERCA, a prestar mais solidariedade aos jornalistas dos órgãos de Comunicação Social Privado, porque “constata-se profissionais a serem espancados, brutalmente, pela Policia Nacional, entre outros ataques, e não há nenhum comunicado da ERCA em solidariedade aos mesmos”.
Em resposta, o presidente da ERCA, Adelino de Almeida, negou as denúncias apresentadas e disse não acreditar haver perseguições a jornalistas no país e defendeu haver apenas abuso contra a liberdade de imprensa e que não se respeita as instituições.
“ O senhor Director do Hora H, não pode ou não deve vir aqui pedir a ERCA e a mim em particular, solidariedade aos jornalistas dos órgãos de comunicação social privado,” disse o presidente dirigindo-se ao jornalista.
“Os jornalistas têm uma regra de conduta e existe uma Comissão da Carteira e Ética, e em condições normais, muitos dos jornais que existem por aí, deviam ser tirados de circulação, porque o que tem havido e de forma excessiva, é uma indulgência, relativamente as acusações, as faltas de respeito às instituições” disse e continuou “ Não existe perseguições a jornalistas, eu não conheço a provedora, provavelmente, também não conhece e o secretário de Estado não conhece”, afirmou.
Por sua vez, o Secretário de Estado para Comunicação Social, sublinhou que os profissionais de comunicação no país, exercem a actividade de forma livre, negando a existência de actos de perseguição contra jornalistas em Angola.
Nuno Caldas que falava à margem do workshop sobre liberdade de imprensa, realizado pela ERCA, referiu que a actividade é exercida, de tal forma, sem perseguição, que alguns meios alternativos aos tradicionais chegam a demonstrar “libertinagem” nos seus conteúdos.
Ao passo que a provedora de Justiça, Florbela Araújo, disse que apesar de nunca ter recebido queixa de algum jornalista, já defendeu jornalistas, porque tem acompanhado casos de profissionais espancados ou que os seus direitos foram violados.
“ Eu já defendi jornalistas e o Ministro do Interior pode confirmar isso, porque o trabalho que a provedora de Justiça faz, alguns deles não são divulgados, mas quando eu vejo nas redes sociais, algumas violações, que seja flagrante e não há dúvidas, eu reencaminho para os órgãos competentes para se repor a legalidade.
O actividade realizada pela ERCA, foi em comemoração ao dia da liberdade de imprensa, assinalado a 3 de Maio, onde, depois foi cortado o programa, sem o cumprimento dos pontos da agenda.