Não há dúvidas sobre que medidas devem ser implementadas em Angola para garantir que o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS3) sobre a saúde e bem-estar possa ser alcançado. O ODS3 pretende assegurar que todos os cidadãos tenham uma vida saudável e bem-estar, em todas as idades e situações. Uma das suas metas é reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool.

Por outro lado, Angola, como signatária da Convenção-Quadro para o controlo do Tabaco, deve continuar a implementar estratégias para proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e económicas geradas pelo consumo e pela exposição ao fumo do tabaco. Algumas dessas medidas incluíram, por exemplo, a proibição de fumar em locais fechados e a criação de alguns espaços públicos livres do tabaco, medidas essas que foram reconhecidas com a outorga a Angola da Medalha de Mérito “Mundo Sem Tabaco”, em 2019.

O recente aviso sobre a importação e fabrico de cigarros com sabores parece estar alinhado com estes esforços e com a necessidade de se diminuir o consumo de shisha e cigarros com sabores e de forma a prevenir que adolescentes, um dos grupos mais expostos ao tabagismo, possam ficar dependentes e desenvolverem graves problemas de saúde. Não tirando o mérito desta medida, seria importante que medidas semelhantes, particularmente do fórum pedagógico, educativo e punitivo, fossem implementadas para o caso do consumo excessivo de álcool.

Os graves acidentes de viação que acontecem um pouco por todo o País, incluindo aparatosos acidentes dignos de cenas de filmes de Hollywood, com explosões e incêndios, não resultam do consumo de cigarros com sabor a chocolate ou morango.

Apesar de não existirem estatísticas precisas, a morte por acidentes de viação é frequentemente apontada como a segunda causa de mortes em Angola, depois da malária. As causas mais comuns, para além do estado de embriaguez dos motoristas, incluem o excesso de velocidade, o mau estado técnico dos veículos e das vias, a falta da iluminação nas vias e ultrapassagens efectuadas de forma irregular.

O consumo excessivo de álcool é frequente não apenas nas festas de bairro, festivais e discotecas, mas, no dia-a-dia, em que homens, mulheres e crianças hipotecam o seu futuro por causa de uma água do chefe matinal, uma caipirinha do azar ao final do dia ou várias saquetas de bebidas espirituosas nas madrugadas húmidas. A saúde deve estar em primeiro lugar e não os interesses comerciais.

Fonte: NJ

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