LUTO NA IGREJA: BISPOS DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL MANIFESTAM DOR E CONSTERNAÇÃO NA MORTE DE DOM VITI

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Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe (CEAST) expressaram pesar pela morte de Dom Francisco Viti, numa mensagem de condolências em que reconhecem o contributo dado por ele à Igreja e à sociedade.

O falecido bispo Dom Viti, de 89 anos, era Bispo Emérito do Huambo, e morreu, sábado último, no Complexo de Doenças Cardiopulmonares Dom Alexandre Cardeal do Nascimento. “Após semanas de luta pela vida, em consequência de um acidente de viação sofrido no mês de Fevereiro do ano em curso, no município da Chicala Cholohanga, quando regressava de uma missão pastoral na Diocese de Menongue, o bispo terminou a sua carreira terrena. Agradecemos pelo serviço abnegado que ele prestou à Igreja onde brindou o seu saber e a sua experiência como um pastor zeloso”, destaca a mensagem de condolências.

A CEAST reafirmou ainda que, neste momento de tristeza, os bispos endereçam à família enlutada, à Arquidiocese do Huambo os sinceros e profundos sentimentos de pesar e convidam os cristãos a rezar pelo seu eterno descanso.

 
BIOGRAFIA

Natural de Misasa – Evanga, na província de Benguela, Dom Francisco Viti nasceu a 15 de Agosto de 1933. Fez a formação sacerdotal no Seminário Menor da Caála e no Seminário Maior do Cristo Rei no Huambo, nos cursos de Filosofia e Teologia.

Ordenado sacerdote a 14 de Julho de 1963, na Sé Catedral do Huambo, e consagrado Arcebispo a 28 de Setembro de 1975, na província do Huambo, Dom Francisco Viti foi o fundador da Diocese de Menongue, onde trabalhou durante 11 anos, antes de, em Setembro de 1986, ter sido nomeado como arcebispo do Huambo, onde exerceu as funções por 17 anos.

O prelado, que detém o título de segundo arcebispo com mais tempo na arquidiocese do Huambo e de ser o sexto a ser consagrado na nova Era do episcopado em Angola, foi, também, reitor do Seminário Maior do Cristo Rei do Huambo.

Especializado em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Gregoriana, e Teologia Pastoral pela Universidade Católica de Paris, já foi membro do conselho permanente da CEAST e da delegação angolana na Conferência Episcopal dos Bispos Católicos da África Austral (IMBISA).

COMUNIDADE CRISTÃ NO HUAMBO  PROFUNDAMENTE ABALADA

A comunidade cristã da província do Huambo mostrou-se profundamente consternada com a notícia que dava conta do falecimento de Dom Francisco Viti, o Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Huambo, aos 89 anos.

Dom Francisco Viti, que em Agosto deste ano completaria 90 anos, teve, de acordo com muitos cristãos no Huambo, um papel importante na afirmação da igreja, enquanto um dos pilares de desenvolvimento e estabilidade social.

O chanceler da Arquidiocese do Huambo, padre Constantino Kamwango, disse que o sentimento de tristeza envolve toda a arquidiocese, tendo em conta a forma como aconteceu a morte do bispo.

“Apesar da idade, ainda tinha muitos anos ao serviço do evangelho. A sociedade eclesial contava muito com o seu esforço, sabedoria, porque apesar de ser emérito, esteve a exercer as actividades normais e auxiliava com energia o Arcebispo Dom Zeca Martins, em várias actividades religiosas”, disse.

O malogrado, continuou, foi um dos primeiros sacerdotes nativos, que no tempo colonial já era respeitado pela profunda reflexão que fazia em torno da luta da libertação nacional e impulsionou de forma directa o processo de formação de muitos filhos dos camponeses, naquela altura.

“Foi igualmente um dos primeiros bispos angolanos antes da Independência Nacional, que contribuiu para dar o rumo certo  igreja na época pós-colonial, deu tudo para evangelizar os povos de Menongue, a sua primeira Diocese e também ajudou a reerguer a Arquidiocese do Huambo”, contou.

A madre Angelina Domingas Somakwendje, missionária da congregação das Filhas de África, disse que a Igreja do Huambo está em profunda tristeza, por perder um bispo que a vida inteira se dedicou ao serviço do evangelho. “Era uma pessoa a quem não faltava palavras para confortar o próximo. Era como um pai. Por isso, a comunidade cristã do Huambo lhe chamava ‘Pai na fé”.

A religiosa pede aos fiéis da província para guardarem os ensinamentos de Dom Francisco Viti, em especial pelo facto dele ter lutado pela conservação da paz, da identidade cultural angolana e sobretudo pela união entre os irmãos.

Marcolino Augusto, fiel da Igreja Católica no Huambo, manifestou grande tristeza, uma vez que o, então, Arcebispo, foi um grande impulsionador da fé cristã, que desenvolveu a acção pastoral de forma viva em todos os municípios e ajudou a transmitir o evangelho para muitas gerações de angolanos. “O país perdeu um grande intelectual, um sacerdote que lutou em prol da liberdade e conquista do respeito a favor do povo”.

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