NO K. NORTE: VÍTIMAS DAS CHUVAS E DO GOVERNO POSTAS A VIVEREM NOS CONTENTORES CLAMAM POR SOCORRO

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Mais de trinta famílias que em Abril de 2020, viram as suas residências destruídas pelas fortes chuvas e outras pelo martelo demolidor do governo local por, alegadamente, terem construído em zonas de riscos nos bairros Tala-Hady e Sambizanga, cidade na cidade de Ndalatando, continuam a morar nos contentores com sinais visíveis de degradação ao olhar silencioso da administração, contaram as vítimas ao Jornal Hora H

SEBASTIÃO KUZUKA

As famílias vivem em condições deploráveis, em contentores residenciais sem o mínimo exigido universalmente pelos direitos humanos, sito no bairro Katome de baixo, naquela cidade capital do Kwanza Norte.

O jornal Hora H no local, ouviu o clamor da anciã Nzanji Kaleu, de 79 anos, que aponta o dedo ao executivo local que segundo ela, é o responsável pela demolição da sua residência, demolida pela administração municipal do Cazengo.

“Eu estou a sofrer mesmo no frio, desde que vim aqui nunca nos deram nada no governo, minha casa foi partida no Sambizanga, os outros já foram há muito tempo, eu estou a sofrer aqui mesmo” deplora a anciã.

Amilton Correia, é um outro morador dos contentores residenciais, que há três anos viu-se desalojado da sua residência por conta da destruição do seu aposento pelo e falou da que considerou “ péssimas” condições de habitabilidade a que foram submetidos.

“Aqui é uma calamidade, nós metemos a vida em Deus, porque aqui não se vive, aqui quando há sol faz muito calor e quando há frescura dentro também é muito frio, quando chove aqui inunda,” lamentou.

O entrevistado disse que já falaram com a administração para ver se resolva a situação mas que até agora não têm nenhuma resposta.

Os populares mostraram os seus descontentamentos pelo estado de degradação das casas de banho e da própria infra-estrutura contentorizado.

 “A pessoa que está em cima quando está a banhar toda água cai na casa de banho de baixo e quando você está a fazer uma necessidade e a pessoa de cima está a banhar toda água lhe jorra por cima do corpo, temos também o medo do corrimão porque os ferros já estão totalmente gastados e quando alguém sobe, tudo mexe, queremos pedir socorro, pelo menos o governador nos ouve”, disse.

Outros sinistrados são os da enxurrada do memorável dia 3 de Abril de 2020, que reclamam a ausência da administração no local.

 “Quando nos colocaram aqui nos primeiros meses ainda tinham paciência de passar para nos ver, mas agora perderam a paciência, nunca mais vimos a administração” disse Albertina Manuel ao Jornal Hora H

 Outra moradora que responde pelo nome de Manuela, lamentou o pequeno espaço onde vive há três anos.

 “Nesse um quarto, nem uma cama casal se chega…não habituamos viver na arca, essa aqui é arca não é casa de vivência, desabafa a senhora reassentada pelo governo do Kwanza Norte.

Lina Lemos, activista da SOS habitat, que acompanha milimetricamente a situação desde 2020, fala em atentado à vida humana no que as condições de habitabilidade dizem respeito naquela zona residencial.

“A população sempre a sofrer, meu irmão se você chegar aos contentores onde essa população vive aquilo é um atentado a vida humana, fossas ao ar livre, um contentor mau higienizado, aí tem mais doença do que outra coisa”.

Aquém de direito, Lemos solícita passa a mensagem, “A sociedade não pode ser só valorizada na campanha eleitoral, peço encarecidamente aos órgãos de direito que têm de resolver este problema da sociedade”.

Já o administrador municipal do Cazengo, Malundo Katessamo, reconhece os constrangimentos que têm passado aquelas famílias e falou em limitações financeiras para a continuidade do processo de realojamento daqueles sinistrados que aguardam há três anos o sonho da casa própria.

” Apesar das grandes dificuldades que temos estado a enfrentar em consequência das crises económicas, estão em curso importantes projectos de construção de infra-estruturas, isso no âmbito dos programas de combate à pobreza (PCP) e do plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), que entendemos que dali que surge o desenvolvimento, não conseguimos fazê-lo neste ano, por dificuldades financeiras, mas tudo indica que no próximo ano daremos continuidade destes importantes projectos“, prometeu o gestor público.

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