O governador provincial do Moxico, Ernesto Muangala, informou, sábado, que o Executivo vai trabalhar na reabilitação do troço do marco 25 (Cazombo).

Ernesto Muangala disse que as populações enfrentam dificuldades na circulação, devido à degradação das vias de comunicação entre as localidades e pediu apoio urgente do Executivo Central para acudir a situação.

Falando à imprensa após trabalhos de radiografia no Alto Zambeze, diante deste cenário desolador, Muangala disse ter solicitado aos departamentos ministeriais para a aceleração do processo de contratação de uma empresa para dar início às obras de construção da estrada.

“Sentimos a necessidade de estar junto das autoridades para demonstrar a preocupação do Governo da província e explicar as directrizes para o início das obras”, realçou, depois de percorrer de camião militar Kamaz um troço de 192 quilómetros entre o marco 25 e a vila de Cazombo para chegar ao destino (município do Alto Zambeze).

 Segundo o governador, a cada dia que passa a via se deteriora, complicando ainda mais a circulação de pessoas e mercadorias entre o Luau e o Alto Zambeze, o que fez com que se socorresse ao Despacho Presidencial que autoriza a despesa e formalização da abertura do procedimento de contratação simplificada para a reabilitação do troço Luau/Cazombo/Lumbala Caquengue, numa extensão de 247 quilómetros.

“Pedimos a compreensão dos departamentos ministeriais para o início das obras, porque o povo está a sofrer e não deve continuar assim”, lamentou, admitindo que “o município não pode continuar isolado do resto da província”. Sobre o facto de se ter deslocado de camião até ao Alto Zambeze, Muangala respondeu: “Não tinha outra alternativa. As viaturas pequenas não conseguem chegar à sede. Por isso, recorremos aos camiões militares para chegarmos com segurança”.

Sublinhou a necessidade de o governante estar e conviver com a população para melhor compreender as preocupações dos habitantes, pelo que acrescentou que o Executivo vai trabalhar na reabilitação do troço do marco 25 (Cazombo).

Em condições normais, uma viagem até Alto Zambeze leva duas horas de estrada, porém, devido à degradação acentuada, consomem-se 11 horas.

Degradação da via Luau/Cazombo eleva de duas para 11 horas de viagem

O avançado estado de degradação da Estrada Nacional (EN250), no troço Luau/Cazombo, província do Moxico, elevou de duas para 11 horas o tempo normal de viagem, colocando grandes desafios às populações.

No último fim-de-semana, o governador Ernesto Muangala foi ver de perto o clamor dos habitantes.

Confirmou o acentuado estado de degradação da via, a mobilidade de pessoas e bens reduziu, significativamente, entre as sedes municipais do Alto Zambeze (Cazombo) e do Luau (Luau), tornando a vila de Cazombo cada vez mais isolada do resto da província.

A deslocação para aquela região se tornou num verdadeiro “calvário”, como descreveu a Angop, pois só é possível de ser concretizada com camiões militares de alta tracção, como os Kamazes, usados pelas Forças Armadas Angolanas (FAA).

Os charcos e lagoas, na via, colocam pela frente muitos buracos. Em alguns pontos, com mais de dois metros de profundidade. Estes obstáculos “consumiram” a estrada.

O troço da comuna de Cavungo/Cazombo, de 62 quilómetros, é o mais crítico. Leva cinco horas para ser percorrido.

Das 18 viaturas de marca Toyota, modelo Land Cruiser, que transportou a comitiva chefiada pelo governador Ernesto Muangala, àquela municipalidade, foram obrigadas a interromper a viagem da comuna do Cavungo para Cazombo, por incapacidade de contornar os buracos e lagoas enormes.

Este facto obrigou, inclusive, os dirigentes (Muangala; o vice-governador para o sector Político, Social e Económico, Victor da Silva; deputados à Assembleia Nacional pelo círculo provincial; entre outros) a prosseguirem a viagem a bordo de um camião militar (Kamaz) até à vila de Cazombo.

Ao todo, a “maratona” de ida e volta, num trajecto de 252 quilómetros, entre as sedes municipais do Luau e Cazombo, durou mais de 22 horas.

MOTORIZADAS FACILITAM TROCAS COMERCIAIS E CIRCULAÇÃO DE PESSOAS

Face à degradação da via, raras são as viaturas que circulam no trajecto, com excepção de dois Kamazes, responsáveis pelo transporte dos passageiros de Cazombo ao Luau e vice-versa, cobrando 15 mil kwanzas a cada pessoa.

Para a satisfação das necessidades, o uso de motorizadas, vulgo Kupapata, tem sido a alternativa dos munícipes que chegam a pagar 30 mil kwanzas por viagem entre Cazombo e Luau.

 POPULAÇÃO TEME ISOLAMENTO TOTAL

Justina Chinhama, uma das comerciantes do Alto Zambeze, lamentou, ao Jornal de Angola, que o estado da estrada Cazombo/Luau esteja a obrigar a população a viajar até à fronteira com a Zâmbia, para fazer compras de alguns produtos.

“Estamos a passar mal, por causa desta estrada. Os proprietários de viaturas, que arriscam neste troço, cobram 13 a 15 mil kwanzas por pessoa, sem contar a bagagem”, queixou-se, considerando que muitos comerciantes estão a aproveitar a condição da via em mau estado para especular os preços.

Na mesma ocasião, o moto-taxista Pascoal Bento, citado pela Angop, apelou à intervenção urgente das autoridades, de modo que possam facilitar a circulação de pessoas e bens, opinião corroborada pelo cidadão Alberto Mateus.

“Esta situação já está insustentável. Estamos cansados de sofrer. O Governo deve rever isso”, reiterou Pascoal Bento.

O município do Alto Zambeze, 519 quilómetros a Leste da cidade do Luena, é composto pelas comunas de Nana Candundo, Macondo, Caianda, Calunda, Lumbala Kaquengue, Lóvua e Cazombo (sede).