Ó PROFESSOR DOUTOR! – GRAÇA CAMPOS
Muito provavelmente, alguns cidadãos associaram a recente nomeação de José Octávio Serra Van-Dúnem para coordenador do Conselho Económico e Social (CES) à sua vasta e pesada biografia académica.
Disponível nas redes sociais, na biografia de consta que José Octávio Serra Van-Dúnem é Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Director do Centro de Estudos Jurídicos, Económicos e Sociais da mesma instituição e Professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.
Doutor em Sociologia, pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), José Octávio é, também, Professor Formador de Cursos de Ética e Deontologia Profissional e Responsabilidade Social Corporativa, na Academia de Formação do Banco Angolano de Investimentos (BAI).
“Distraídos”, os cidadãos que associaram a nomeação à formação académica (ainda) não perceberam que, nas suas escolhas para o exercício de cargos públicos, o Presidente da República não dá muita relevância à formação académica dos nomeados.
No “casting” de João Lourenço são valorizadas, por essa ordem, a militância no MPLA, a predisposição para a adulação ao líder e só depois, muito depois, a formação académica e profissional.
Infelizmente, a experiência tem dado razão a João Lourenço. Muitos indivíduos por ele nomeados têm provado que a formação académica é um “acessório” que não agrega nada.
Se agregasse, a quantidade de “doutores” já nomeados não permitiria que Angola se tornasse na “bangui” que é hoje.
São títulos académicos que só têm serventia para a “banga fukula”.
Com tanta formação académica às costas, surpreende que o Professor Doutor José Octávio precise de ir a Tóquio, integrado na delegação presidencial, para, segundo o Jornal de Angola, “aproveitar as experiências sociais do Japão para dar cumprimento ao programa” do Conselho Económico e Social.
Nesse patamar académico e intelectual, José Octávio precisou de ir agora a Tóquio para se convencer que os “modelos sociais do Japão interessam a Angola” e para “colher lições sobre como este gigante asiático tem realizado os programas económicos e sociais com foco na resolução dos problemas das pessoas”?
Quer pela sua idade, mas, sobretudo, pela sua bagagem académica, o Professor José Octávio Serra Van-Dúnem já deveria saber, de ler, como o Japão tem realizado os seus programas económicos e sociais. E deveria, também, saber que programas económicos e sociais têm, necessariamente, de visar a resolução dos problemas das pessoas. Nenhum Governo, minimamente razoável, adopta programas económicos e sociais que tenham como foco a resolução dos problemas de pedras e paus…
Angola é seguramente um caso único no mundo em que os programas económicos e sociais não procuram resolver os problemas das pessoas.
Ainda bem que o “modelo” angolano só foi copiado pela Coreia do Norte…
Não se sabe se agradecido pela nomeação e pela inclusão na delegação presidencial ou se mesmo por ignorância, o que é facto é que as declarações do Professor Dr. José Octávio beliscam muito a seriedade e reputação da academia angolana.
Fonte: Graça Campos