FMI DIZ QUE INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO E SAÚDE DE ANGOLA SÃO “ATRASADOS”
O Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que vai ser extremamente difícil para Angola alcançar os objectivos de desenvolvimento social até 2030 porque vai requerer gastos adicionais de mais de 20% nos sectores de desenvolvimento de capital humano e de infra-estruturas.
Num documento de 26 páginas, a instituição diz que historicamente os gastos de Angola no capital humano e social “têm sido baixos e ineficientes” e faz notar que a pobreza e desigualdade são elevadas quando comparados com outros países da mesma região e do mesmo grupo de rendimento.
Os gastos na educação estão “atrasados” em relação outros países, o mesmo acontecendo com os gastos na saúde que descreve de “baixos e ineficientes”.
“Os investimentos nas infra-estruturas caíram significativamente na última década e a qualidade permanece fraca”, diz o documento, que faz notar que os investimentos necessários em todas essas áreas para se ficar próximo dos objectivos de desenvolvimento social (SDG na sigla inglesa) terão que ser “significativos”.
“Para Angola alcançar até 2030 os resultados dos objectivos de desenvolvimento social nos sectores críticos de capital humano e infra-estruturas dos países de alta performance num grupo de rendimentos similares, requerer-se um investimento adicional anual de 20,8% do PIB de 2030”, acrescentou o documento do FMI.
Na educação, isso iria requer um investimento adicional anual de 8,3%, de 5,7% na saúde, 2,1% até 2030 em água e saneamento e 1,2% no sector energético.
Na construção de estradas para acesso às zonas rurais, Angola precisa investir o equivalente a 3,5% do Produto Interno Bruto anualmente até 2030.
O documento acrescentou, no entanto, que “um custo anual de 20,8% do PIB para se alcançar os resultados dos objectivos de desenvolvimento social em capital humano e infra-estruturas dos países de alto desempenho até 2030 significaria que Angola não seria capaz de aguentar os investimentos requeridos por mais de 22 anos para além do ano de 2030”.
O FMI afirmou, no entanto, que “há ainda cenários em que Angola pode alcançar progressos significativos para chegar aos objectivos de desenvolvimento social de capital humano e infra-estruturas”, entre os quais reformas fiscais e administrativas “para aumentar os rendimentos não petrolíferos”, abolição gradual dos subsídios de combustíveis, melhoria na eficiência dos gastos e criação de condições para um maior envolvimento do sector privado na economia, e propondo um aumento anual do sector privado de 5,1% do PIB. VOA