DEPOIS DE ESTAR PODRE: AUTORIDADES PROMETEM CUIDAR DE OSSADAS DE JES
Está semana completam-se sete meses desde a partida do antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Em meios familiares circulam relatos de que as autoridades terão garantido que cuidariam dos restos mortais do antigo Presidente e que inclusive voltariam a levar a Luanda uma equipa de especialistas sul africanos que em Agosto passado deveriam trabalhar para a conservação do corpo mas sem sucesso porque os prazos para embalsamento já teriam ultrapassado.
Está semana completam-se sete meses desde a partida do antigo Presidente José Eduardo dos Santos. Em meios familiares circulam relatos de que as autoridades terão garantido que cuidariam dos restos mortais do antigo Presidente e que inclusive voltariam a levar a Luanda uma equipa de especialistas sul africanos que em Agosto passado deveriam trabalhar para a conservação do corpo mas sem sucesso porque os prazos para embalsamento já teriam ultrapassado.
O embasamento de um cadáver faz-se num espaço de 48h, depois deste tempo é impossível visto que o sangue fica coagulado e totalmente impossível para injecção da solução química nas veias. Mesmo assim as autoridades terão prometido que trariam os técnicos sul africanos para ver uma solução na conservação dos restos morais de JES.
Um informe que o Club-K teve acesso, indica que o regime angolano está a ser observado com sérias reservas, por figuras que se identificam com o Eduardismo, pelo facto de até ao momento não ter chegado a Luanda a equipa de especialistas que ficou de dar seguimento ao tratamento do que resta do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, conforme promessa da Presidência da República.
Em Agosto do ano passado, aquando do sepultamento do ex-Presidente, antes de se fechar o caixão com chumbo, um grupo de técnicos estrangeiros, sul-africanos, estudou possíveis soluções para conservação do cadáver de JES na presença de familiares, de responsáveis do Ministério da Saúde e de outras testemunhas.
O trabalho dos técnicos durou pelo menos uma hora e a Presidência da República garantiu no momento aos familiares que a equipa estrangeira estaria de regresso a Luanda depois de seis meses, ou seja, até este mês de Fevereiro para prosseguir com os trabalhos.
Na altura, a Presidência não disse à família o tipo de tratamento específico que os técnicos estrangeiros poderiam fazer ao corpo do ex-Presidente, mas vários membros da família e testemunhas depreenderam que se tratava de um espécie de manutenção, uma vez que é a técnica que permite a conservação de cadáveres por longos anos.
Com o mês de Fevereiro consumido, sectores do poder muito bem informados mostram-se inquietos por não haver notícias sobre o regresso da equipa sul-africana a Luanda.
Fontes do Club-K garantem, por outro lado, que a família ainda não questionou formalmente a Presidência da República sobre o atraso da equipa sul-africana. Enquanto isso, começaram a levantar-se dúvidas sobre a promessa feita pelo Governo. Uma das versões apuradas sugere que a família do ex-Presidente pode ter sido enganada com a promessa do regresso dos sul-africanos, quando a própria Presidência já sabia que não seria possível prosseguir com o tratamento.
De acordo com esta versão, quando chegou a Luanda, o corpo do ex-Presidente já não estava em condições de ser tratado para posterior embalsamento, pela forma abrupta como saiu de Barcelona, e os técnicos estrangeiros terão informado o Governo disso mesmo quando tiveram contacto com o cadáver. O Governo, desconfiado que podia ser acusado como o responsável pelo mau estado de conservação do corpo, terá simulado um tratamento.
“Não sei que tratamento pode ser feito nesta altura. Aquilo já não tem corpo, está tudo defeito e em caldas. O máximo que se pode fazer agora é colocar a caixa dentro de outro maior”, explicou fonte que domina o dossier.
O processo da transferência do corpo de JES de Barcelona para Luanda ficou marcado por uma batalha longa entre o Governo e antiga primeira-dama de um lado e alguns filhos mais velhos de JES do outro. O Governo acabou por vencer a batalha, com recurso a “esquemas” que foram interpretados como “roubo” do corpo.
Segundo os factos, enquanto o cadáver estava sob custódia na morgue em Barcelona teve todo o tratamento de conservação. Entretanto, após o roubo do corpo, o Governo não terá tomado as precauções necessárias para manter o corpo conservado até chegar a Luanda, daí ter sido impossível depois assegurar-se o tratamento a posterior.
Há quem acredite também que houve desleixo propositado do actual regime que não esteve muito interessado em garantir que José Eduardo dos Santos tivesse o mesmo tratamento reservado a Agostinho Neto.
Pelo que se suspeita, o Governo de João Lourenço poderá invocar depois que não foi possível embalsamar o corpo de JES por se ter deteriorado com o tempo ou atribuindo a culpa aos filhos por causa da batalha no processo de transferência do corpo de Barcelona para Luanda.
Recorde-se que, depois de ter sido submetido a uma perseguição impiedosa por João Loureço e sem contar nenhum apoio dos seus antigos camaradas, com excepção do antigo secretário-geral do MPLA Boavida Neto, José Eduardo dos Santos mereceu discursos que despertaram sentimentos de hipocrisia ou de arrependimento no seu funeral.
Visivelmente comovida, a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse por exemplo “espero que o senhor te receba e te acarinhe melhor do que nós fizemos aqui”. Já o veterano Roberto de Almeida, também incontidamente emocionado, em representação do conselho de honra do MPLA disse que “este não era o tratamento que merecia o nosso ZEDU”