FUNCIONÁRIOS ACUSAM JOEL LEONARDO DE TER FICADO COM OS FUNDOS DA COMARCA DE CACUACO
Funcionários da Comarca de Cacuaco, em Luanda, que se revelavam agastados escreveram ao Club-K, para denunciar que se encontram há mais de um ano em condições péssimas de trabalho, e acusam o Presidente do Tribunal Supremo Joel Leonardo de ter privado os fundos de maneio da instituição.
MEMORANDO EXPÕE FALTA DE CONDIÇÕES DE TRABALHO
De acordo com o que descrevem a situação começou no inicio de 2022 quando Joel Leonardo através de um circular número 10/CICGT.CSMJ/2022, ordenou as comarcas de todas as províncias para que passassem a enviar as arrecadações para uma conta bancária número 1139557/10/002, IBAN AO06 0005 0000 0113 9557 1029 4, no banco BCI, controlada pelo Presidente do Tribunal Supremo. Com estes procedimentos muitas comarcas ficarem sem condições, e faltando de tudo um pouco.
A partir desta conta do Tribunal Supremo, Joel Leonardo efectuou durante este período pagamentos a empresas de seus familiares que prestam serviços aos tribunais, e por sua vez a comarca de Cacuaco passou a observar sérios problemas que afectam a sua funcionalidade.
No seguimento de reclamações dos funcionários, o Presidente do Supremo despachou no dia 21 de outubro de 2022, uma delegação para aferir se as instalações da comarca de Cacuaco estavam mesmo a viver problemas de condições de trabalho. A delegação foi composta pela coordenadora executiva para implementação do Cofre Geral dos Tribunais Helena Pacavira Sousa e um sobrinho de Joel Leonardo, o major Silvano João Manuel, em representação do património do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
Passados três dias da visita, a delegação produziu um memorando N/Ref CEGCICGT/_10/2022, na qual enumeraram em 9 pontos, sobre a falta de condições nas instalações da comarca de Cacuaco, em Luanda.
A SABER:
- Existência de 28 oficiais de justiça, que, dada a exiguidade de espaços, apenas comparecem os oficiais que tenham diligências no respectivo dia.
- Existência de 5 magistrados, porém, uma única de ausências estando estes renegados a realização de julgamentos semanais.
- Existência de uma cela masculina em estado lastimável de conservação, pelo que não há celas femininas.
- Existência de uma copa, porém, funciona como uma extensão do cartório como sala para receber e notificar os advogados.
- Existência de duas arrecadações, sendo uma utilizada pelo ministério público e outra pelo judicial.
- Uma guarita dos polícias.
- Um gerador, adquirido no ano de 2002, porém, o mesmo não esta operacional por falta de manutenção.
- Falta de computadores e impressoras para os magistrados e oficias de justiça, estando estes a trabalhar com meios particulares, que em muitas vezes são utilizados pelos funcionários e familiares.
- Falta de pessoal para a realização da limpeza do edifício, pelo que, o edifício encontra-se numa situação de precariedade a nível da salubridade mínima exigível para utilização do espaço.
A delegação de fiscalização, concluiu que “é visível a decadência do espaço, o que tem causado um elevado descontentamento a nível dos magistrados ali destacados, pois estes por força das condições de salubridade que envolvem o meio em que se encontra localizada a comarca em questão, tem padecido de constantes doença de fórum respiratório”.
Diz ainda o memorando que “é igualmente visível a falta de outras condições de trabalho, que conferem alguma dignidade a nobre função da justiça, como falta de meios, falta de espaço adequados para trabalho, falta de ventilação, etc” .
Por fim, a delegação, propõe a transferência deste tribunal para os edifícios de três andares (IU CACUACO), que pertenciam a empresa AAA, e que foram entregues ao Conselho Superior da Magistratura Judicial.