JUSTIÇA INVESTIGA MORTE DO ADVOGADO RUTO

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Autoridades quenianas iniciaram, ontem, uma investigação sobre a morte de um advogado acusado de subornar e intimidar testemunhas no processo do Tribunal Penal Internacional (TPI) onde estava envolvido o actual Presidente William Ruto, disse fonte policial, citada pela Reuters.

Paul Gicheru foi acusado pelos promotores do TPI de criar um esquema de adulteração de testemunhas “flagrante e prejudicial” que tornou impossível prosseguir com investigações contra William Ruto pelo suposto envolvimento na violência pós-eleitoral no Quénia entre 2007 e 2008.

O advogado, de 50 anos, foi encontrado morto enquanto dormia, na noite de segunda-feira, em sua casa em Nairobi. O julgamento de Paul Gicheru começou em Fevereiro na cidade de Haia. Os promotores alegaram que o advogado subornou testemunhas com até um milhão de xelins quenianos (cerca de 8.300 euros) e ameaçou outros, incluindo um sob a mira de uma arma. Gicheru negou as acusações, declarando-se inocente. “Uma investigação está em andamento para determinar a causa da morte”, disse a fonte da Polícia, acrescentando que o filho de Gicheru foi levado ao hospital depois de reclamar de dores estomacais após compartilhar a mesma refeição com o pai.

A Comissão de Direitos Humanos do Quénia já reagiu a este caso e instou as autoridades no Twitter a “conduzir uma investigação rápida e conclusiva” sobre a causa da morte, enquanto expressava “preocupação com esta notícia chocante”.

A violência pós-eleitoral entre o final de 2007 e o início de 2008 deixou mais de 1.300 mortos e 600 mil deslocados no Quénia após as eleições de 2007. Em 2014, o TPI retirou o caso contra o então Presidente Uhuru Kenyatta por suspeita de crimes contra a humanidade relacionados com este caso. Mais tarde, em Abril de 2016, o mesmo tribunal rejeitou o caso contra o então Vice-Presidente William Ruto e o apresentador de rádio Joshua Arap Sang.

Segundo a acusação, Gicheru havia criado um sistema para identificar, localizar e influenciar, através de corrupção, testemunhas no julgamento contra William Ruto e Joshua Sang, disse o vice-promotor James Stewart, em 2016.

De acordo com a acusação, quatro testemunhas-chave retrataram o seu testemunho como resultado de acções tomadas por Gicheru.

William Ruto serviu por nove anos como Vice-Presidente de Uhuru Kenyatta, antes de ser eleito Presidente em Agosto passado, derrotando o rival Raila Odinga.

Marcha em Nairobi

por “justiça climática”

Centenas de manifestantes saíram ontem às ruas de Nairobi para exigir que os países ricos façam mais para combater as mudanças climáticas em África, revelou a Efe.

A marcha foi promovida pela Aliança Pan-Africana de Justiça Climática, um movimento baseado em jovens que realiza protestos para exigir que as nações mais ricas paguem pelos enormes danos causados às terras de pequenos agricultores e pastores em toda a África.

Vastas áreas do Quénia foram devastadas pela pior seca em 40 anos, que muitos atribuem ao aquecimento global. Em Setembro de 2021, quase 3,5 milhões de quenianos foram vítimas de condições climáticas extremas, com o Governo a declarar um “desastre nacional”. No mesmo período, cerca de 200 mil pessoas foram deslocadas pelas inundações.

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