O DESABAFO DE UM EX-MEMBRO DO COMITÉ CENTRAL E DO BUREAU POLÍTICO DO MPLA
Camarada 1 Secretária do MPLA do Distrito Urbano do Benfica, boa tarde.
Oportunamente informei ao 2 Secretário do DU que, por razões de óbito não poderia participar na reunião por si convocada para c/ a participação dos Primeiros Secretários dos CAP , se reflectir s/os resultados eleitorais registados no Distrito Urbano.
APRESENTAÇÃO:
Sou o, José Manuel Moreno M. Fernandes “Zeca Moreno”, actualmente 1 Secretário do CAP-126.
Fui membro do CC do MPLA, de 1991/2012. Fui membro do BP durante 6 anos, enquanto 1 Secretário do MPLA na Província de Benguela.
SOBRE AS ELEIÇÕES GERAIS DE 2020
Por inerência das várias funções que desempenhei no Governo e no Partido, tive a grata oportunidade ter tido participação directa e indirecta em todas às eleições até agora realizadas em Angola. Pela experiência adquirida e enquanto militante de base, apraz-me emitir às seguintes reflexões;
1. O nosso Partido deve ao mais alto nível clarificar a sua política de quadros para todos os níveis de hierarquia do Governo e do Partido. Penso que, para a área de gestão administrativa o conceito de quadro técnico deve ser despartidarizado e considerar que os quadros são do País, independentemente do Partido que esteja no poder.
Então deve haver uma política de quadros congregadora e que tenha em linha de conta o intercâmbio inter-geracional.
2. Ao nível do Partido, cometeu-se, é minha opinião, o erro de se considerar os antigos dirigentes como “inúteis”, muitos afastados compulsivamente da direcção, sem que lhes seja dada a atenção merecida dentro das estruturas, mesmo até como conselheiros ou contadores da história do Partido e do País à nova geração.
A Escola do Partido deve ser reerguida de maneira que, os jovens dirigentes antes de chegarem a direcção, seja requisito indispensável o terem passado por esta Escola.
3. Embora o Estatuto do Partido estabeleça como pré-requisito para integrar a direcção do Partido aos vários níveis, o tempo de militante, tal não se revelou suficiente, até porque grande parte das OB do Partido não funcionam regularmente.
4. A actividade do Partido continua a ter uma grande carga administrativa, quando devia ser um Partido de Activistas e de Militância activa.
5. Reina no Partido muito amiguismo, favoritismo, nepotismo, vaidade, falta de humildade e arrogância, triunfalismo, desnecessários.
É preciso exercitar cada vez mais o princípio da crítica e da auto-crítica, a todos os níveis, sem que os críticos sejam tidos como persona- nom-grata.
6. Deve haver mais abertura e liberdade democrática para a apresentação de candidaturas e eleição directa do Presidente do Partido, 1 e 2 do Partido à todos os níveis, com Comissões Eleitorais, constituídas previamente para dirigir os processos.
7. Realizar um movimento de reafirmação da Militância no Partido para que se faça o ajustamento da base de dados dos militantes do Partido, criando um sistema simplificado da atribuição do cartão do militante na hora.
8. Dar mais atenção e dignidade aos Antigos Combatentes, Veteranos da Pátria e aos Veteranos Dirigentes do Partido e Técnicos que tenham tido funções de relevo no Governo.
9. Definir os novos moldes em que o Partido deve periodicamente avaliar o desempenho dos seus militantes que estejam a exercer cargos executivos no Executivo, Governos Provinciais, Autarquias e ou Administrações Municipais e de Distritos Urbanos.
FINAL
A esta lista de propostas é sugestões, certamente imperfeitas e incompletas, juntar-me-ei às demais ideias e críticas.
Viva Angola!
Viva o MPLA!
Viva o nosso líder Camarada João Lourenço!