LÍDER DA UNITA GARANTE QUE NÃO VAI PERSONALIZAR COMBATE À CORRUPÇÃO

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O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirmou hoje que o país tem maturidade para uma alternância de poder e avisou o partido governamental que o poder não é uma “herança do pai ou mãe”.

“Há hoje níveis de maturidade que todos estão a atingir, que atingiram e aqueles apelos desesperados de um regime de partido único, que se habituou durante algum tempo a manipular em seu proveito, não tem espaço”, disse, em entrevista à Lusa, Adalberto Costa Júnior, que criticou “aquelas pessoas que pensam que a governação do país é uma herança do pai e da mãe”.

Essas “pessoas têm que reformar as suas mentalidades e têm que perceber que as forças de defesa e segurança não são instrumentos privados para o seu uso de incompetência, de incapacidade, de acompanhamento dos tempos”, afirmou à Lusa o líder da UNITA, num momento em que os dias seguintes às eleições gerais da próxima quarta-feira geram preocupação.

“Vamos ter efectivamente uma abordagem tranquila deste processo”, disse à Lusa, confiante, acrescentando: “Nós afirmamos que as forças de defesa e segurança são republicanas e, portanto, vão cumprir com respeito à Constituição”.

“O Estado somos nós todos”, reforçou.

Na véspera do comício de encerramento da campanha do partido, Costa Júnior espera um grande número de apoiantes mas recusa comparações com o comício organizado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) no sábado.

“Nós não utilizamos comícios artificiais, nós não transportamos gente das outras províncias a toda a hora para onde fazemos os actos. Nós temos tido enchentes dos nossos comícios com os municípios onde se fazem os actos”, disse, considerando que a campanha eleitoral tem sido um exemplo da mistura entre MPLA e Estado.

Do ponto de vista do Estado, “uma campanha eleitoral não é algo que deve ser direccionado ao interesse do meu partido” e, “para a história, ficou registado a incapacidade total deste governo de se distanciar dos seus interesses partidários”.

O uso de bens públicos ao serviço do MPLA na campanha “é uma nódoa que fica”, acusou Costa Júnior.

Prometo que não vai personalizar combate à corrupção

Adalberto Costa Júnior prometeu, que, caso ganhe as eleições angolanas, vai aprovar uma lei de repatriamento de capitais que evite ataques pessoais das autoridades a figuras do passado.

“Eu não vou individualizar a justiça nem individualizar o combate à corrupção, essa é a postura de João Lourenço [Presidente e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola, MPLA], não é a postura de Adalberto”, afirmou, em entrevista à Lusa, Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

Confrontado com a sua futura acção sobre os chamados ‘marimbondos’ (uma espécie de vespas que o actual Presidente disse terem-se apropriados de bens públicos no consulado do seu antecessor, também do MPLA), Adalberto Costa Júnior não quis comentar a situação concreta das filhas do ex-presidente José Eduardo dos Santos, visadas pela justiça, mas prometeu que a nova lei será igual para todos os angolanos.

“Nós não temos uma perspectiva direccionada individual para o exercício do cumprimento das leis”, disse.

“Vamos trabalhar no sentido de fazer aprovar a lei de repatriamento de capitais” da UNITA e depois “vai competir às instituições fazê la respeitar”, afirmou, em declarações à Lusa.

No dia 24 de agosto, a “UNITA ganha as eleições”, disse, acrescentando: “É conhecido o nosso programa claro de combate à corrupção no âmbito da lei que já tínhamos” e foi chumbada pelo MPLA.

Costa Júnior reafirmou a intenção de publicar a sua declaração de bens.

“As declarações não devem ficar guardadas, fechadas a sete chaves, porque assim não contribuímos” para o combate à corrupção, disse, recordando que, “até hoje, as declarações de bens dos titulares de cargos públicos são um segredo de Estado”.

Outro exemplo dos problemas do Estado angolano, sustentou, é a contratação simplificada utilizada pelo Governo, que “é incentivo à corrupção”.

“A verdade é que João Lourenço tem incentivado fortemente a corrupção, porque a forma internacional de maior promoção da corrupção é a contratação pública sem concursos e é exactamente a prática global da governação do actual Governo”, afirmou, na entrevista à Lusa.

No seu entender, o “Estado deve sempre proporcionar as melhores condições para o funcionamento bom do país”.

“Os maus exemplos que nós vimos servem também de grandes exemplos para nós não os fazermos” de novo, acrescentou.

Angola vai a votos no dia 24 de agosto para escolher um novo Presidente da República e novos representantes na Assembleia Nacional.

Fonte: Lusa

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