ELEIÇÕES: JOÃO LOURENÇO REAFIRMA APOSTA NA HABITAÇÃO, ESTRADAS E ENERGIA E ÁGUAS
O candidato do MPLA escolheu exactamente o mesmo local onde há cerca de um mês iniciou a batalha eleitoral para o encerramento da campanha.
Fê-lo na certeza de juntar o maior número de apoiantes e foi uma moldura impressionante, superando, certamente, o banho de multidão que acorreu a Camama, em Luanda, no arranque da maratona eleitoral.
Com um discurso de vitória, João Lourenço disse que o MPLA é um partido sério, comprometido com o desenvolvimento do país. “Se ainda existiam dúvidas demonstramos que o MPLA é um partido comprometido com o bem-estar dos angolanos em geral e durante os últimos cincos anos, mesmo com a pandemia da Covid-19, fizemos tudo para garantir o bem-estar do povo”, referiu.
João Lourenço reforçou o apelo ao voto, sublinhando que o “M” significa melhor e “ninguém gosta do pior”.
O líder do MPLA disse que, encerrada a campanha, o partido tem mais dois dias de trabalho (hoje e amanhã) para consolidar a vitória. “Temos que continuar o nosso trabalho porta-a-porta e convencer o eleitorado a votar no 8. Temos esses dois dias para mobilizar e ensinar o eleitor a votar certo no MPLA e no candidato, para ensinar o eleitor a identificar a assembleia de voto, para que no dia 24 não ande pelas cidades e vilas à procura da sua assembleia de voto”.
Linha do CFL pode chegar a Saurimo
João Lourenço fez um resumo das grandes realizações efectuadas durante o mandato que agora termina, mas também voltou a fazer promessas.
O líder do MPLA prometeu a reabilitação da linha do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) no troço entre Zenza do Itombe (Cuanza-Norte) e Cacuso (Malanje), e admitiu a possibilidade da extensão da via ferroviária a Saurimo.
João Lourenço lembrou que o troço, de aproximadamente 200 quilómetros, tem registado descarrilamentos de comboios com carga pesada ou combustível destinada ao Leste do país.
Numa intervenção de mais de uma hora, o cabeça de lista do MPLA prometeu ainda a construção do ramal ferroviário (CFB) do Luena à cidade de Saurimo, capital da Lunda-Sul, e reiterou os investimentos nos domínios das estradas, portos e aeroportos.
João Lourenço considera que hoje há mais liberdade de imprensa, de reunião e de manifestação, fruto da grande abertura feita em 2017. “Todos os cidadãos têm exercido este direito que a Constituição lhes confere”, enfatizou.
Em jeito de balanço, o líder do MPLA afirmou que este mandato permitiu romper alguns “tabus”, como o combate à corrupção, a privatização dos activos do Estado, o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o voto no exterior, dentre outros.
O candidato do MPLA lembrou que no passado a luta contra a corrupção não passava do papel, mas hoje há um grande empenho dos órgãos de Justiça neste sentido. “A corrupção era um mal que nos envergonhava, estava enraizada não apenas nas lideranças políticas, mas também na nossa sociedade. Nós quebramos este tabu. Demos realmente início à luta contra a corrupção e a Justiça tem vindo a actuar neste sentido”, enfatizou.
Relativamente à privatização dos activos que “comprovadamente não davam rendimento ao Estado”, João Lourenço disse que muito se falava, mas nada se fazia, “porque apareceram pessoas a dizer que iam entregar tudo aos estrangeiros e que os angolanos iriam ficar pobres” se se avançasse com o processo.
Os resultados deste passo corajoso, disse, “são muito bons”. Acrescentou que “os activos públicos que estavam adormecidos estão a dar emprego a muitos jovens e a produzir bens e serviços que servem as populações”.
Acordo com o FMI foi “um sucesso”
O Acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi uma das medidas ousadas tomadas pelo Executivo de João Lourenço.O candidato do MPLA disse que as tentativas anteriores falharam “porque existia o tabu de que o FMI era inimigo” dos povos. “Nós demonstrámos o contrário e o Acordo com o FMI foi um sucesso”, referiu.
João Lourenço sublinhou que, com este acordo, o país ganhou não apenas os fundos colocados à disposição da economia angolana, mas, sobretudo, a credibilidade de que necessitava junto dos mercados internacionais.
Relativamente ao Banco Nacional (BNA), o líder do MPLA frisou que no passado a instituição funcionava, praticamente, como um banco comercial, “pior do que isso, como um banco retalhista”, o que contraria as normas internacionais que regem a política dos bancos centrais.
Esta situação, referiu, foi corrigida durante este mandato e o banco central começou a desempenhar o verdadeiro papel de banco emissor, sem interferências políticas.
João Lourenço lembrou que a diferença abismal que existia entre o câmbio oficial e o de rua atrapalhava a vida das pessoas, sobretudo a economia nacional. “Esta situação durou bastante tempo, porque alguém ganhava com isso”, enfatizou.
“Há pessoas que conseguiam directamente do banco central divisas a um bom preço e iam vendê-las no mercado paralelo” a preço muito alto, enriquecendo-se facilmente.
O líder do MPLA lembrou que, pela primeira vez, os angolanos na diáspora vão poder votar e acredita que nas próximas eleições o número de países onde poderão exercer este direito vai ser alargado.
Reformas estão a surtir efeitos
O líder do MPLA disse que todas as medidas tomadas nos últimos cinco anos pelo Executivo, no sentido de empoderar o sector privado da economia, “estão a surtir efeitos”.
“O que nós fizemos durante este mandato foi valorizar o sector privado da nossa economia, incentivá-lo e dando oportunidade de crescimento para que este (sector privado) passe a desempenhar o seu verdadeiro papel de parceiro do Estado na produção de bens e serviços, mas também na criação de emprego para os angolanos, em particular para a juventude”, salientou.
João Lourenço prometeu disponibilizar mais recursos financeiros e créditos para atender os diferentes sectores da economia, nomeadamente a Agro-pecuária, Pescas e Indústria, a fim de tornar o empresariado nacional “mais forte”.
O cabeça de lista do MPLA destacou os vários projectos em curso e outros por construir, caso vença as Eleições Gerais, com realce para habitação, energia e águas, petróleo, estradas, banca, entre outros.
Dos 14,399 milhões de angolanos esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América do Sul, nomeadamente no Brasil.